Perigo

Cigarro eletrônico e narguilé: conheça os riscos desses aparelhos

Moda entre os jovens, dispositivos causam grande impacto na saúde pulmonar, incluindo Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC)

- Atualizada em 11/10/2022 às 12h23

[e-s001]SÃO PAULO - A popularização de produtos alternativos ao cigarro industrializado convencional apresenta crescimento nos últimos anos, principalmente entre os jovens, sob a crença de causar menos danos à saúde. Muitos acreditam que a água presente no cigarro eletrônico do tipo vaporizador e no narguilé filtra as substâncias tóxicas antes de ser tragada e inalada pelo fumante. Mas isso é um mito. Qualquer tipo de produto derivado do tabaco contém nicotina e outras substâncias que podem causar câncer e outras doenças, como, a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), conhecida como bronquite crônica e enfisema.

Cerca de 15% das pessoas que já fumaram desenvolvem DPOC que de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), é a quarta principal causa de morte no Brasil e estima-se que até 2020 torne-se a terceira, atrás apenas de doenças cardíacas e de câncer. "A DPOC é uma doença bastante comum e que causa falta de ar ou cansaço, mas os sintomas são muitas vezes confundidos como "próprios da idade" ou "próprios do cigarro" ou negligenciados", afirma o especialista Dr. Mauro Gomes, diretor da Comissão de Infecções Respiratórias da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia.

Internações
Anualmente no Brasil são realizadas mais de 83 mil internações ocasionadas por DPOC, que custam aos cofres públicos aproximadamente R$ 38,7 milhões. O diagnóstico precoce é a principal forma para o tratamento da DPOC e metade dos pacientes são diagnosticados quando a doença está em estágio moderado. De acordo com um estudo publicado em 2015 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que no mundo são consumidos cerca de cerca de seis trilhões de cigarros ao ano. O que explica o fato de o tabagismo ser reconhecido mundialmente como um dos principais vilões da saúde.

No Brasil, o comércio de cigarro eletrônico é proibido pela Anvisa, porém, é possível comprá-los online com facilidade, o que pode ser um risco ainda maior à saúde, já que não há nenhuma certificação sobre a qualidade e segurança dos elementos que compõem o produto. O uso do narguilé traz também uma série de preocupações. As essências, por terem aroma adocicado, são mais atrativas para quem fuma e menos incômodas para as pessoas ao redor, em contraste com os cigarros tradicionais. Por isso, o Mauro Gomes ressalta a importância do trabalho de conscientização da população: "embora a doença atinja mais homens e pessoas com mais de 40 anos, os jovens também devem estar cientes dos seus sintomas. Como a DPOC não tem cura, a prevenção é a melhor escolha para não desenvolver a doença. Aqui, vale pontuar que não só o cigarro traz problemas aos pulmões. Narguilé e cigarros eletrônicos também são prejudiciais à saúde".

[e-s001]Os sintomas podem ser confundidos com outras doenças, mas existem cinco sinais que ajudam a identificar pessoas que podem ter a doença: ter mais de 40 anos, ser fumante ou ex-fumante, apresentar tosse frequente, ter tosse com catarro constante e queixar-se de cansaço ou falta de ar ao fazer esforço, como subir escadas ou caminhar. A DPOC é tratada com medicamentos chamados de bronco dilatadores, como o Tiotrópio. Seu uso contínuo traz alívio dos sintomas da doença em pacientes adultos e pode reduzir em 16% o risco de morte de pacientes.

SAIBA MAIS

COMO FUNCIONAM

Narguilé: utiliza uma brasa quente para aquecer o fumo ou a substância que se deseja fumegar. Ao ser aspirado, é produzida uma fumaça que passa por um tubo até o leito de água. Essa água resfria a fumaça que é aspirada pelo usuário.
Cigarro eletrônico: possui uma ampola onde é guardada a substância, com ou sem nicotina. Ao lado desse recipiente, há um interruptor e a resistência do aparelho. Quando o cigarro é aspirado, o interruptor é acionado, ligando a resistência que aquece substância e a transforma em fumaça ou vapor, quando líquida.

DANOS

Quando o assunto é cigarro eletrônico, o único consenso entre as organizações internacionais é relacionado à redução de danos. O cigarro eletrônico é 95% menos tóxico do que o cigarro convencional e algumas entidades já emitiram pareceres favoráveis ao dispositivo, concordando que ele pode ajudar quem já é fumante a diminuir os prejuízos causados pela combinação de alcatrão e tabaco.Países como Alemanha, França e Reino Unido permitem a venda desses aparelhos baseados nessa política de redução de danos. Outros como Dinamarca, Finlândia, Itália e EUA permitem a venda com restrições. Já Argentina e México o proíbem.

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