Alerta

Benefícios em parar de fumar são maiores que riscos do ganho de peso

Tratamento médico adequado associado à prática de atividades físicas minimizam o efeito de ganho de peso e impactam positivamente na expectativa e qualidade de vida do paciente

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16
(tabagismo/ sem tabaco / fumo)

São Paulo - De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), sete milhões de pessoas morrem anualmente por conta do tabagismo. Deste total, 900 mil são vítimas de fumo passivo. Além disso, o fumo é o maior risco controlável para doenças cardiovasculares, que, no Brasil, matam mais de mil pessoas por dia, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).

Embora os benefícios em parar de fumar sejam impactantes e, com certeza, esta seja uma das estratégias de saúde mais eficazes para redução de mortes em todo mundo, parar de fumar não é tarefa fácil. Além das dificuldades de libertar-se da dependência química causada pelo cigarro, muitos pacientes retardam essa decisão de largar este hábito por temerem o ganho de peso.

Isso, claro, pode acontecer, uma vez que a pessoa costuma substituir o prazer do cigarro pela comida. Além do mais, quem está parando de fumar também tem um aumento de apetite devido a ansiedade.

No entanto, um estudo, publicado em abril pela revista JAMA Network Open, atestou que, os benefícios em parar de fumar se sobressaem ao ganho de peso substancial em pacientes e sugere que o acompanhamento médico adequado, conseguem minimizar também tal efeito. A publicação analisou uma amostra representativa de 16.663 australianos, maiores de 18 anos, entre 2006 e 2014, e avaliou o status tabágico, dados antropométricos, risco de doença cardiovascular, diabetes tipo 2, câncer, doença pulmonar obstrutiva crônica e mortalidade geral. O risco das principais doenças crônicas estudadas não aumentou independentemente do incremento de peso e da alteração do índice de massa corpórea (IMC) após parar de fumar.

A coordenadora de Ações Relativas ao Tabagismo da SBC, Jaqueline Scholz, concorda com o estudo e enfatiza que os efeitos de ganho de peso podem ser minimizados, quando a pessoa para de fumar de maneira assistida, com tratamento específico e estratégias farmacológicas, associado a prática de atividades físicas.

Segundo ela, trocar o hábito de fumar pela prática de uma atividade física, do ponto de vista da saúde pública, é algo importantíssimo. O indivíduo ganha benefícios não só para o sistema cardiovascular, como também reduz o risco de desenvolver outras doenças, como o câncer, por exemplo. Afinal, o tabagismo também é o maior responsável pela grande incidência de câncer de pulmão no Brasil: cerca de 90% dos casos são causados pela substância. Outros tipos de neoplasias também podem ser desenvolvidos em fumantes, como o câncer de bexiga, cabeça e pescoço e pâncreas.

“Para de fumar, ganhando ou não peso, traz benefícios incontestáveis à sobrevida. Cabe aos médicos incentivarem seus pacientes a pararem de fumar e prescreverem não medicamentos, como exercícios físicos. O que impacta positivamente na expectativa e na qualidade de vida”, ressalta Jaqueline.

A “Técnica do castigo”

E para parar de fumar, a cardiologista da SBC apresenta novidades. O método criado por ela, intitulado “técnica do castigo", foi publicado em abril, pelo jornal oficial da ENSP, a Rede Europeia para a Prevenção do Tabagismo e do Tabaco.

Ao contrário do que é feito na maioria dos casos, o fumante não marca uma data para parar de fumar, mas fuma de uma forma diferente, associada à medicação. Assim, o paciente diminui a ansiedade e a angústia de ter uma data certa para largar o cigarro, o que pode afastar a pessoa do tratamento ao gerar frustrações, caso ele não consiga.

Com a técnica, o paciente tem o aval para fumar quando quiser. O importante é determinar o local onde ele irá fumar. Jaqueline diz que, se estiver em casa, a pessoa deve ficar em pé e ir até um lugar sem nenhum conforto, como ficar parado de frente para uma parede, por exemplo. Se gostar de fumar no carro, só pode acender o cigarro quando parar de dirigir. Isso, automaticamente, faz com que o fumante passe a reduzir o consumo.

“A ideia é fazer com que o fumante não tenha outros atrativos que não o cigarro, por isso fumar em pé, parado, olhando a parede, para ele não ter influência de outros fatores que poderiam dar uma sensação de conforto e bem-estar, uma vez que com o uso da medicação o receptor fica bloqueado. Essa posição é somente para o paciente ter uma neutralidade, no sentido de não ter outras sensações que poderiam imaginar que fumar está sendo prazeroso, agradável, confortável”, explica a cardiologista.

Entretanto, a “técnica do castigo" sozinha não consegue fazer um paciente parar de fumar. A única forma de resolver o problema é buscando tratamento completo, que pode envolver o uso de medicamentos, como adesivos e remédios que ajudam a controlar a fissura.

O Dia Mundial sem Tabaco chama a atenção também para os acidentes vasculares cerebrais, que, combinados, são as principais causas de morte no mundo (17,7 milhões de pessoas por ano).

Sobre a SBC

Fundada em 14 de agosto de 1943, na cidade de São Paulo, por um grupo de médicos destacados liderados por Dante Pazzanese, o primeiro presidente, a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), tem atualmente um quadro de mais de 13.000 sócios e é a maior sociedade de cardiologia latino-americana, e a terceira maior sociedade do mundo.

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