Saúde

Em 10 anos, registrados 9.021 casos de hepatites virais no MA

Neste domingo,18, é o Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais; doença não apresenta sintomas no início, mas pode evoluir para casos mais graves e até câncer; o número total de casos da doença no Brasil caiu 7% na última década

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24
A médica hepatologista Débora Camelo de Abreu Costa alerta sobre situação de risco
A médica hepatologista Débora Camelo de Abreu Costa alerta sobre situação de risco (Divulgação)

SÃO LUÍS - O Maranhão registrou, no período de 2007 a dezembro de 2018, 9.021 casos confirmados de hepatites virais, de acordo com dados do boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, divulgado na segunda-feira,22. Segundo o órgão, o número total de casos da doença no Brasil caiu 7% na última década, passando de 45.410 casos em 2008 para 42.383 no ano passado.

A hepatite é a inflamação do fígado e pode ser causada por vírus ou pelo uso de alguns remédios, álcool e outras drogas, assim como por doenças autoimunes, metabólicas e genéticas. No Brasil, a doença é considerada problema de saúde pública, por isso julho é o mês destinado a chamar atenção para luta contra as hepatites virais, a fim de reforçar as iniciativas de vigilância, prevenção e controle do agravo.

Segundo a médica hepatologista, Débora Camelo de Abreu Costa, cuja especialidade passou a fazer parte dos serviços oferecidos pelo Centro de Especialidades Médicas (CEM) do Diamante, a doença é um dos motivos que mais leva os pacientes ao consultório especializado.

“Quando o paciente chega ao consultório, ele sempre vem surpreso e questiona ‘Como eu peguei essa doença?’. Eles têm dificuldade em saber em que circunstância foram contaminados. O Julho Amarelo é para deixar esse alerta para todo mundo fazer o teste rápido, principalmente se foi exposto a alguma situação de risco. O teste é oferecido em qualquer posto de saúde”, destaca a médica.

A estudante Ângela Moraes teve hepatite do tipo A aos 13 anos. “Fiquei 15 dias em repouso absoluto, foi essencial”, contou. Ela seguiu as recomendações do pediatra, após receber o diagnóstico. “Eu fiquei um pouco amarela. Tinha febre e muita dor nos olhos e o exame de sangue acusou. Hoje, eu tomo mais cuidado com a alimentação, com a higienização e o manejo dela, visto que esse é o meio mais comum de contaminação”, destacou a estudante.

Tipos

As hepatites virais mais comuns no Brasil são as causadas pelos vírus A, B e C. Por ser uma doença assintomática [não apresenta sintomas], muitas pessoas são portadoras do vírus B ou C e não sabem, o que aumenta os riscos da infecção evoluir e se tornar crônica, causando danos mais graves ao fígado, como cirrose e câncer.

“O maior alerta do Julho Amarelo é sobre a prevenção e diagnóstico das hepatites B e C. Na hepatite B, a principal via de transmissão é a sexual, mas temos ainda a vertical, ou seja, da mãe para o bebê na hora do parto, e a transmissão por sangue através de contato com objetos perfuro cortantes contaminados. Já para a hepatite C, a principal via de contaminação é via pelo sangue contaminado, com objeto perfuro cortantes. A segunda causa é por procedimentos sem o cuidado adequado, que podem levar a contaminação”, explica a médica.

A hepatologista ressaltou ainda que os dois tipos, que cronificam e podem levar à cirrose, têm prevenção e tratamento. “A hepatite B tem prevenção, que é por meio da vacina, ofertada pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Todos os pacientes que chegam aqui e não têm imunidade para o vírus B, encaminhamos para fazer o ciclo de vacinação. Outra forma de prevenir é através do sexo seguro com o preservativo, distribuído gratuitamente em todos os postos de saúde. A hepatite B não tem cura, mas tem acompanhamento, tem tratamento e o mais importante desse processo é acompanhar”, ressalta.

Sobre a hepatite C, a especialista destaca a alta taxa de cura. “Com a evolução das pesquisas, hoje temos medicações, inclusive no Maranhão, distribuídas gratuitamente pelo SUS via farmácia especial, a taxa de cura é de 90% a 95% para a hepatite C”, finalizou.

FIQUE POR DENTRO

Sintomas

- As hepatites são doenças que nem sempre apresentam sintomas, mas, quando estes estão presentes podem ser: cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjôo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura, fezes claras.

Diagnóstico

- O diagnóstico e o tratamento precoces podem evitar a evolução da doença para cirrose ou câncer de fígado. Por isso, é tão importante fazer os exames. O diagnóstico pode ser feito por testes rápidos que dão o resultado em uma hora. Também existem exames feitos em laboratório.

Prevenção

- Vacina – A vacina é uma forma de prevenção contra as hepatites do tipo A e B, entretanto quem se vacina para o tipo B, se protege também para hepatite D, e está disponível gratuitamente no SUS. Para os demais tipos de vírus não há vacina e o tratamento é indicado pelo médico.

- Hepatite A – A vacina está disponível no SUS, sendo oferecida no Calendário Nacional de Vacinação para crianças de 15 meses a 5 anos incompletos (4 anos, 11 meses e 29 dias), e também no CRIE, para pessoas de qualquer idade que tenham: hepatopatias crônicas de qualquer etiologia incluindo os tipos B e C; coagulopatias; pessoas vivendo com HIV; portadores de quaisquer doenças imunossupressoras; doenças de depósito; fibrose cística; trissomias; candidatos a transplante de órgãos; doadores de órgãos, cadastrados em programas de transplantes; pessoas com hemoglobinopatias.

- Hepatite B – Em crianças, é dada em quatro doses: ao nascer, 2,4 e 6 meses. Para os adultos que não se vacinaram na infância, são três doses a depender da situação vacina. É importante que todos que ainda não se vacinaram tomem as três doses da vacina. Pessoas que tenham algum tipo de imunodepressão ou que tenham o vírus HIV, precisam de um esquema especial com dose em dobro.

Formas de transmissão

- Contágio fecal-oral – Condições precárias de saneamento básico e água, de higiene pessoal e dos alimentos (hepatite A).

- Transmissão por contato com sangue – Por meio de compartilhamento de seringas, agulhas, lâminas de barbear, alicates de unha e outros objetos que furam ou cortam (vírus B, C e D). Ambientes médicos, laboratoriais, hospitalares e odontológicos.

- Transmissão vertical - Pode ocorrer durante a gravidez e o parto.

- Transmissão sexual – Por relação sexual desprotegida (hepatite A, B, C e Delta).

- Transmissão por meio de transfusão de sangue ou hemoderivados.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.