Audiência

Presidente da Caema confirma situação deficitária da empresa

Carlos Rogério Araújo foi convocado para audiência na Assembleia após crise hídrica em São Luís e revelou número do rombo na Companhia

Gilberto Léda

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24
Aos deputados, Carlos Rogério traçou quadro caótico das contas da Caema, que tem déficit mensal de R$ 22 mi
Aos deputados, Carlos Rogério traçou quadro caótico das contas da Caema, que tem déficit mensal de R$ 22 mi (Carlos rogério Caema)

O presidente da Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema), Carlos Rogério Araújo, confirmou ontem, durante audiência conjunta das comissões de Saúde, de Assuntos Municipais e de Obras e Serviços Públicos da Assembleia Legislativa, que a empresa, responsável pelo abastecimento d’água e pelo saneamento básico em todo o estado, está em péssima situação financeira.
Segundo ele, a Companhia tem R$ 800 milhões em dívidas a receber e, por isso, contratou três empresas para conseguir cobrar esses valores.
Carlos Rogério declarou, ainda, que atualmente o déficit mensal da Caema é da ordem de R$ 22 milhões – só com energia elétrica, são gastos R$ 9 milhões por mês, dos quais R$ 1,7 milhão são oriundos da operação do Sistema Italuís.
“Nós arrecadamos R$ 25 milhões, o governo faz um aporte de R$ 12 milhões e temos um custo de mais de R$ 50 milhões mensais. A conta não fecha”, destacou.
Segundo o presidente, a empresa possui 2,3 mil servidores, com folha de pessoal totalizando RS 10 milhões/mês. Cerca de 500 servidores antigos custam R$ 4 milhões. Seriam necessários investimentos de R$ 80 milhões para quitar as dívidas trabalhistas desses servidores, se fossem dispensados.
Carlos Rogério também falou sobre o principal problema que motivou sua convocação à Assembleia: a falta d’água, principalmente na capital. Há pouco mais de uma semana, aproximadamente 80 bairros de São Luís passaram pelo menos quatro dias sem abastecimento, após mais um rompimento da adutora do Italuís na BR-135.
Rompimentos como aquele acabam contribuindo para o desperdício de água, apontado pelo presidente da Caema como principal problema a ser enfrentado.
“O problema não é a falta de água. Água tem. Nossa deficiência está na perda, que equivale a 60%. Além disso, gastamos 56% com pessoal. Só o gasto com a conta de energia é de R$ 9 milhões mensais”, reafirmou.
Dados apresentados pelo presidente da Caema apontam que a média nacional de desperdício de água é de 37%. No Japão, são só 8% e em Israel, abaixo de 10%.

Não melhora
A reunião foi acompanhada de perto pelos deputados de oposição. Ao final do encontro, o deputado César Pires (PV) afirmou que, diante dos números apresentados, a companhia não fará, a curto prazo, os investimentos necessários para atender às demandas da população.
“Os dados orçamentários e financeiros oficiais e os esclarecimentos prestados pelo presidente da Caema mostram que a empresa não tem capacidade gerencial e financeira para superar problemas como a interrupção no abastecimento d’água que penaliza a população de São Luís e grande parte dos moradores do interior do Maranhão”, afirmou César Pires, referindo-se a dados oficiais do Orçamento do Estado.
Ao lado dos deputados de oposição Wellington do Curso (PSDB) e Adriano Sarney (PV), Pires concluiu que a Caema não conseguirá melhorar a qualidade dos serviços prestados aos maranhenses. “É preciso que o governo estadual garanta os recursos necessários para sanear a companhia e possibilitar os investimentos na ampliação e modernização dos sistemas de água e esgoto”, finalizou.

Defesa

Apesar dos números negativos, o presidente da empresa não defendeu a privatização da companhia, ao garantir que ela é viável a curto prazo; e aos poucos vem oferecendo água de qualidade e que a nova legislação em vigor está ajudando na sua recuperação. O engenheiro listou outras medidas que estão sendo adotadas para resolver o problema.

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