Polêmica

20% dos cobradores de ônibus são retirados da frota que circula em SL

Confirmação foi dada pelo vice-presidente do Sindicato dos Rodoviários do Maranhão, Gilson Coimbra, em entrevista para a Rádio Mirante AM

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24
Cobradores começam a ser demitidos e motoristas vão assumir dupla função; empresário alegam ser 5%
Cobradores começam a ser demitidos e motoristas vão assumir dupla função; empresário alegam ser 5% (cobradores)

Ônibus sem cobrador já são uma realidade em São Luís. Apesar desse tipo de circulação ainda estar em fase de teste, o vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário do Estado do Maranhão (Sttrema) do Maranhão, Gilson Coimbra, confirmou, em entrevista à Rádio Mirante AM, que 20% dos cobradores do sistema de transporte coletivo de São Luís foram retirados de suas funções. Os ônibus que passarem por esse processo terão apenas o motorista e as máquinas para a passagem de cartões de estudante e vale-transporte.

“Apenas as linhas alimentadoras deixarão de ter os cobradores. Essas linhas são as mesmas que realizam trajeto somente dentro dos bairros ou em uma região específica, e têm como objetivo garantir a ida dos passageiros para algum terminal de integração”, explicou Gilson Coimbra.

Neste caso, o motorista será responsável por dar o troco aos passageiros que pagarem a passagem em dinheiro; também serão responsáveis por comandar o elevador, caso algum passageiro com deficiência queira pegar o ônibus. Sendo assim, as viagens devem durar mais tempo, já que o motorista ficará parado no ponto de ônibus até concluir ambos os processos.

Segundo Gilson Coimbra, os cobradores que forem desligados de suas funções deverão ser redirecionados para outros setores dentro da empresa.

Controversa
Em entrevista à TV Mirante, o comerciante Hélio Araújo, que foi cobrador por 17 anos e demitido do cargo em março deste ano, contou que a afirmação do vice-presidente do Sttrema não procede. “Foram demitidos em massa e o pessoal dizendo que está ‘remanejando’ para outros setores. Isso não está acontecendo”, disse o motorista.
Charles Oliveira, que também trabalhava como cobrador na linha Pão de Açúcar, da empresa Taguatur, foi demitido ontem (27). “Alguns colegas meus de trabalho se recusaram a receber a carta de demissão da empresa. A coordenação falou que ia demiti-los por justa causa, caso não obedecessem a ordem”, diz.

Apenas ontem três pessoas foram demitidas nessa mesma empresa. Segundo Charles de Oliveira, uma lista seria liberada com o nome dos trabalhadores que não seguiriam na função. “Não estão remanejando ninguém de função, estão tirando é nossos empregos mesmo. Eu, por exemplo, vou começar a fazer bicos de pintor”, completou.
Dados do Sindicato das Empresas de Transportes (SET) mostram que há cerca de 2.500 cobradores em São Luís. Todos são candidatos ao desemprego, caso não busquem qualificação.

Em nota, a diretoria do Sindicato das Empresas de Transportes de São Luís (SET) esclareceu que está havendo um ruído sobre o número real de ônibus que estão circulando sem cobradores, atualmente, na Ilha de São Luís. Segundo o SET, menos de 5% da frota já está circulando sem o cobrador nos ônibus, e não 20%, como foi informado. Nesse período de testes, todos os ajustes serão feitos para garantir que o processo aconteça a contento, a exemplo de todas as demais cidades brasileiras que já adotaram a automatização da frota.

Briga antiga
As discussões que envolvem a possível retirada dos cobradores de seu cargo é antiga. Em dezembro de 2018, paralisações foram feitas pela categoria, que lutava por aumen­to salarial de 12%, aumento no tíquete-alimentação, manutenção de cobradores, entre outros.

As negociações entre trabalhadores e empresários se arrastavam desde o mês de agosto. Segundo os motoristas e cobradores, os patrões não ofereceram reajustes nos salários, nem no valor do tíquete-alimentação; queriam que os trabalhadores custeassem 50% do valor do plano de saúde e que fosse extinto o plano odontológico, além de defenderem o fim da função do cobrador, deixando sob responsabilidade apenas do motorista a direção e liberação das catracas.

Nesses termos, o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários no Estado do Maranhão (Sttrema) afirmou, na época, que não havia nenhuma condição em negociar os termos.

Em janeiro de 2019, um acordo foi feito entre empresários e a classe. Na ocasião, foi dito que os cobradores não deixariam sua função, muito embora antes os empresários alegassem que, sendo a função extinta, eles seriam remanejados para outros setores, o que não está acontecendo.

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