Pergentino Holanda

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25
Acantora Flávia Bittencourt, com as musas da Jovem Guarda, as cantoras Wanderléa e Martinha, a grande homenageada em show realizado em SP, no qual a maranhense brilhou entre feras nacionais.
Acantora Flávia Bittencourt, com as musas da Jovem Guarda, as cantoras Wanderléa e Martinha, a grande homenageada em show realizado em SP, no qual a maranhense brilhou entre feras nacionais.
O carinho do cantor Gilliard para com Flávia Bittencourt
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Flávia com a eterna Claudete Soares
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A maranhense com o cantor Luis Ayrão, no Teatro Itália (SP).
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Diretor do Rio Pory Hotel, Armando Ferreira surpreendeu sua esposa Dinalva, esta semana, com uma comemoração íntima pelo seu aniversário
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Shows Especiais na agenda de Flávia Bittencourt
A cantora maranhense Flávia Bittencourt se despediu da Europa, trazendo na bagagem muitos elogios de público e crítica sobre os shows que realizou em diversos países além de diversas reportagens em jornais e entrevistas de Rádio e TV sobre seu trabalho musical que reúne influências nordestinas, world music e pop, numa fusão de ritmos moderna e contemporânea.
E mal desembarcou no Brasil, a cantora já teve agenda de shows mais que especiais. O primeiro foi em São Paulo, no Teatro Itália na última terça-feira (16) onde fez participação especial no show “Martinha Minha História”, ao lado de estrelas da MPB como Wanderléa, Agnaldo Rayol, Sérgio Reis, Altemar Dutra Jr., Agnaldo Timóteo e Wanessa Camargo entre outras feras. E neste sábado, Flávia mostrará toda sua ginga e musicalidade em show especial no baile “Aleuia, Aleluia”, na Oak Wine.

Bita diplomático
A morte de Bita do Barão repercutiu em várias cidades do Brasil e até no exterior.
Sem que a imprensa tomasse conhecimento, Bita costumava receber em seu terreiro visitas ilustres de autoridades internacionais, inclusive de chefes de estado.
Um dos frequentadores mais assíduos da tenda de Bita do Barão, no início dos anos 2000, era o cônsul das Filipinas para a Região Amazônica, Francisco Rodrigues da Silva.

Desafetos de Bita
Ao longo de seus muitos anos como babalorixá, Bita do Barão colecionou fama e atraiu a atenção de admiradores.
Mas também provou do veneno de alguns desafetos, como o pai-de-santo Domingos Paiva, que chegou a acusar Bita de explorar a quimbanda, tida como a linha negra da umbanda.
Paiva chegou a afirmar em entrevista que viveu maritalmente com Bita por alguns anos, enfrentando “discriminação e preconceito da sociedade codoense”.

Bita de esquerda
Bita do Barão chegou a admitir que trabalhava com as duas linhas da umbanda.
“Todo pai-de-santo trabalha com as duas linhas”, dizia ele.
“Gosto muito da linha branca, gosto muito dos santos. E quando passo para a corrente de esquerda é porque alguém quer”.
Mas afirmava não ter ódio de ninguém.

Bita no aplicativo
Para resolver questões relacionadas a amores turbulentos, negócios e política, nos últimos anos, Bita do Barão fazia suas consultas espirituais também por telefone.
Eram consultas mais baratas, em média quatrocentos reais.
E houve até quem sugerisse, mais recentemente, que Bita criasse um aplicativo de smartphone para atendimentos a distância e até consultas coletivas.
Mas o babalorixá não topou a modernidade.

A estética de Bita
Wilson Nonato de Souza era adepto da extravagância na sua maneira de vestir o personagem Bita do Barão.
As roupas do pai-de-santo eram luxuosas, a maioria delas no cetim, de cores fortes como o vermelho.
Bita guardava mais de mil indumentárias no seu guarda-roupa para uso nos rituais de umbanda, como sapatos rendados, tamancos altos e reluzentes, espadas e maracás.

Meca da macumba
Com Bita do Barão, que morreu ontem, o município de Codó ganhou fama internacional e foi tema de programas de TV de alcance nacional. A cidade ficou conhecida como “Terra do Feitiço”, “Meca da Macumba” e “Capital da Magia Negra”. Apesar das várias lendas que cercam o município, Codó, também por abrigar uma grande comunidade negra, transformou-se em referência para estudiosos e pesquisadores de tradições e cultos afro-brasileiros.

DE RELANCE

Música na Semana Santa
Não lembro uma só nota daquele tempo em que as rádios do Maranhão ocupavam a Semana Santa tocando música “clássica” hora após hora. A sexta-feira, então, era especialmente medíocre na sua imitação de recolhimento e contrição, roubando do ouvinte o prazer da programação habitual das sextas-feiras. Não havia rádio FM, não havia internet, as rádios AM eram tão numerosas quanto palmeiras num deserto e mesmo assim não lembro uma só nota. Só lembro a atmosfera que era fúnebre o suficiente para afastar até o mais cristão dos ritos da Igreja e fazê-lo desejar nunca mais passar por uma Semana Santa – ou por uma rádio AM.

Música na Semana Santa 2
Pode parecer uma infâmia, então, querer sugerir uma trilha sonora para a Semana Santa que estamos atravessando. Mas por que não? A página do jornal é silenciosa, pelo menos no formato papel, e fica a cargo do leitor curioso ou particularmente piedoso tentar casar os dias da semana com a música, conciliar os relatos dos Evangelhos com os sons que compositores desfiaram ano a ano, estilo a estilo. Não é preciso retornar ao canto gregoriano, que canto gregoriano hoje só entupido de calmantes ou com súbito ataque de medievalismo. De lá para cá muito foi feito e, pelo que se ouve, há de tudo para uma Semana Santa em música.

Música na Semana Santa 3
Ultrapassemos o Domingo de Ramos, do qual ainda estou para conhecer a versão em música, e também a segunda-feira e a terça-feira. Tudo começa na quarta-feira. Se há tantos sambas que lamentam a chegada da quarta-feira de cinzas (“...acabou o nosso Carnaval, ninguém ouve cantar canções, ninguém passa mais brincando feliz...” que, vá lá, não é samba, é marcha-rancho), a Semana Santa começa com uma obra de Nicolò Jommelli lá do barroco de 300 anos atrás. São as Lamentações para a Quarta-feira Santa que o escritor Denis Diderot, contemporâneo de Jommelli, celebrou num de seus livros.

Música na Semana Santa 4
Em O Sobrinho de Rameau – que pode ser comprado por uns R$ 15 nos sebos da vida –, as Lamentações são colocadas nas alturas porque fazem chorar intérpretes e ouvintes. Tão linda em literatura, a música não alcança o que o escritor imagina e fica-se a meio caminho entre a monotonia e o enfado. Na verdade, a semana não começa bem. A quinta-feira, cheia de acontecimentos litúrgicos, o círio pascal, o lava-pés, preenche páginas e páginas dos livros medievais com rezas e cantos gregorianos.

Música na Semana Santa 5
Deixemos isso de lado: Carlo Gesualdo vem chegando lá do final da Renascença, com sua fama de assassino e compositor demente. Nada como ouvir os seus responsórios de quinta-feira santa em meio à escuridão para sentir que agora a Semana Santa vai, mesmo que seja pelas mãos de um compositor que podia ter tudo, menos ilibada reputação. Mas quinta-feira santa também é o dia de recitar as lamentações de Jeremias!! O entusiasmo se justifica: fale-se em “jeremias”, fale-se em “lamentações”, e uma multidão de compositores logo se apresenta, lápis e papel na mão.

Música na Semana Santa 6
Há as Lamentaciones de Jeremías Propheta do argentino Alberto Ginastera que iniciam em pleno território da música pampeana e depois se vão adensando em direção à tragédia. E para que falar nas Lamentações, as chamadas Lições de Trevas dos barrocos franceses, se há Threni de Igor Stravinsky para cumprir a tarefa devocional? Em toda a obra de Stravinsky, não há obra mais angulosa, mais bizarra do que esta Threni id est Lamentationes Jeremiae Prophetae terminada em 1958.

Música na Semana Santa 7
Quando chegamos à Sexta-feira Santa, o território já é bem mais seguro. Para este dia, cabe um desvio pela música luterana pois a escolha é óbvia: que seja uma das Paixões de Johann Sebastian Bach, a mais poética, segundo São Mateus, ou a mais sanguinolenta, a segundo São João. Os nossos contemporâneos também adoram uma Paixão. O estoniano Arvo Pärt tem a sua; o argentino Osvaldo Golijov cometeu a sua, autêntico vatapá de citações estilísticas. Até o chinês Tan Dun fez uma Paixão, afundando o evangelista Mateus em instrumentos que usam a água como meio de propagação.

Música na Semana Santa 8
O Sábado Santo é dia de muitas leituras e pouco canto.
Sob pena da repetição, vale lembrar que Gesualdo também tem responsórios para o sábado, tanto ele buscava a absolvição de seus inumeráveis pecados, muitos deles cometidos contra a música polifônica de seu próprio tempo. E vem o Domingo da Ressurreição! Que o leitor me permita duas escolhas muitíssimo pessoais: a História da Ressurreição do barroco Heinrich Schütz, que uma vez ouvi ao vivo em situação quase de transporte místico. E o retorno ao canto gregoriano que agora é inevitável, pois o Aleluia da missa da Ressurreição está entre os cantos mais expressivos que esse repertório produziu.

Para escrever na pedra:
“Toma conselhos com o vinho, mas toma decisões com a água.” De B. Franklin

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