Falta de suporte

Mais de 20 famílias têm imóveis interditados no bairro Sacavém

Moradores estão indo para casa de parentes, aguardando ajuda financeira prometida pela Prefeitura de São Luís; eles reclamam de falta de apoio

Emmanuel Menezes / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25

Moradores da Rua São Luís, no bairro Sacavém, em São Luís, seguem vivendo um impasse. Mais de 20 casas da região foram interditadas pela Defesa Civil, devido às possibilidades de novos deslizamentos de encostas durante as próximas chuvas. Desde o temporal registrado entre os dias 23 e 24 de março, os moradores da área vêm sofrendo com as possibilidades de novos deslizamentos e inundações.

Francisco de Assis, comerciante local, teve de retirar parte dos móveis de sua casa e colocá-los no ponto onde funcionava seu pequeno estabelecimento comercial. “Além de não ter para onde ir, ficarei sem poder abrir o local que me dá renda e me faz sustentar a minha família”, diz o homem, em tom de revolta. Sua mulher e filha vão morar, temporariamente, na casa de uma parente, também no bairro Sacavém.

A situação dos moradores se agravou após a chuva da noite de sábado (30), quando as pessoas saíram das suas residências, porque a água as invadiu. As pessoas foram para a rua carregando móveis, tentando salvá-los da possível inundação. “Nos prometeram que indo ao Centro de Referência em Assistência Social (Cras) do Filipinho, finalizaríamos um cadastro e receberíamos o dinheiro em conta. Disseram que mais de 100 famílias já receberam o aluguel social, mas tudo isso é uma mentira”, revelou o comerciante. Os que não conseguem um abrigo ficam hospedados na casa dos vizinhos ou familiares.

Segundo demais moradores da Rua São Luís, durante a semana equipes da Defesa Civil e Prefeitura poderiam ter feito trabalhos de reparação em uma encosta e uma vala, motivos pelo qual as casas tiveram que ser interditadas. “Já faz 10 dias que os problemas começaram e ninguém fez um trabalho de verdade, além de assinar papéis e mais papéis”, frisa.

Passagem obstruída
Os moradores reclamam que mesmo com o desmoronamento que acabou soterrando cinco casas no último dia 24, e com as chances de inundações por causa da obstrução da passagem por onde a água era escoada, o serviço prometido pela Prefeitura para amenizar a situação da encosta não foi feito.

O Estado entrou em contato com a Defesa Civil, que diz já ter realizado a interdição de todas as moradias de risco e notificou os moradores para desocupação dos imóveis. O órgão acrescenta que está dando todo o apoio no deslocamento das famílias para local seguro, que pode ser abrigo institucional oferecido pela Secretaria Municipal da Criança e assistência social ou para a casa de parentes.

Além desta ação, as famílias impactadas pelas chuvas estão recebendo atenção da assistência social com a entrega de cestas básicas e a inclusão no Benefício Eventual de Moradia (Aluguel Social). Apesar de os moradores do bairro Sacavém negarem qualquer dinheiro vindo do programa aluguel social, o órgão afirma que mais de 200 famílias têm sido assistidas pelo poder público municipal para receber o benefício. Esses moradores passam por um processo de avaliação socioeconômico, a fim de assegurar que o benefício seja concedido a quem é de direito. Cerca de 100 famílias já estão com pagamento em processamento e devem receber o benefício ainda nesta semana.

A Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos (Semosp) informa que, ao longo do ano, realiza serviços de limpeza e desobstrução de canais, galerias e bueiros de forma contínua. No período chuvoso, esses serviços são intensificados para prevenir possíveis alagamentos e minimizar os impactos das fortes chuvas. Já a Defesa Civil realiza um trabalho preventivo nas áreas de risco, orientando os moradores e acompanhando a situação nas áreas habitadas.

SAIBA MAIS

Desmoronamento e inundação no Sacavém
No temporal registrado entre os dias 23 e 24 de março, um desmoronamento de barreiras onde havia residências foi registrado no Sacavém. Duas pessoas ficaram feridas, sendo eles um homem de 25 anos e uma idosa. O problema foi em uma casa de dois pavimentos, que desabou sobre outras. Segundo o morador Jerônimo Serra, que perdeu tudo o que tinha, o desmoronamento aconteceu por volta das 4h. Ele só sobreviveu porque o cômodo onde dormia foi atingido apenas parcialmente.

Os moradores ouviram o barulho e rapidamente perceberam que se tratava de um desmoronamento. Blocos de pedra despencaram de uma altura de mais de 10 metros, e o concreto soterrou algumas casas, bem como cobriu uma galeria construída entre duas residências.

Áreas de risco
A capital possui 60 áreas de risco que vêm sendo monitoradas constantemente pelo Município, o que assegurou que, das ocorrências atendidas durante a chuva, nenhuma tivesse vítima, somente perdas materiais. As famílias estão sendo remanejadas para áreas seguras e, àquelas que não possuem alternativas, como casa de familiares onde possam ser acolhidas, a Prefeitura deverá garantir o repasse de aluguel social.

Deslizamento de encostas

Sá Viana
Vila Dom Luís
Vila Embratel
Coheb Sacavém
Vila Isabel Cafeteira
Recanto dos Vinhais
Anjo da Guarda
Túnel do Sacavém
Vila dos Nobres
Quinta dos Machados
João de Deus
Salinas do Sacavém
Coroadinho

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