HOMENAGEM

Dia da Mulher Maranhense é celebrado nesta segunda-feira (11)

Dia é celebrado nesta segunda-feira e homenageia a escritora maranhense Maria Firmina dos Reis, autora do primeiro romance abolicionista do Brasil

MONALISA BENAVENUTO / O ESTADO

Atualizada em 11/10/2022 às 12h26
Busto homenageia Maria Firmina dos Reis na Praça do Pantheon
Busto homenageia Maria Firmina dos Reis na Praça do Pantheon (busto maria firmina)

SÃO LUÍS - Comemorado hoje (11), o Dia da Mulher Maranhense foi instituído pela Lei nº 10.763, de 29 de dezembro de 2017, em homenagem à escritora maranhense Maria Firmina dos Reis, autora do primeiro romance abolicionista do Brasil. Para celebrar a data, o Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM), realiza, às 17h, na Biblioteca Benedito Leite, Centro, o evento “Aniversário de nascimento de Maria Firmina dos Reis: o dia em homenagem à mulher maranhense”, com a palestra da pesquisadora e professora Dilercy Adler.

Inicialmente determinado pela Lei nº 3.754, de 27 de maio de 1976 e lembrado em 11 de outubro – data que, até então, acreditava-se ser a de nascimento de Maria Firmina – o Dia da Mulher Maranhense foi transferido para 11 de março após realização de novas pesquisas historiográficas sobre a vida da romancista, como explicou Adler. “A partir de pesquisas em fontes primárias, descobri que Maria Formina dos Reis não havia nascido em 11 de outubro de 1825, mas em 11 de março de 1822. Foi então que provocamos a alteração na lei que versa sobre o Dia da Mulher Maranhense”, relatou a pesquisadora que fará a palestra a convite do presidente do IHGM, professor José Augusto Silva Oliveira.

O primeiro Projeto de Lei sobre a data, de autoria do Deputado Estadual do município de Guimarães, Celso Coutinho, data de 1975, ano de comemoração do sesquicentenário de nascimento de Maria Firmina dos Reis. Após as pesquisas e constatações referentes à verdadeira data de nascimento da escritora, foi solicitada à Assembleia Legislativa a alteração no documento, quando passou a valer a Lei Nº 10.763, de 29 de dezembro de 2017, sancionada pelo governador Flávio Dino, que alterou o artigo 1º da Lei Nº 3.754. A proposição foi de autoria do Deputado Eduardo Braide. “A data de nascimento foi alterada de 11 de outubro de 1825 para 11 de março de 1822, com base em pesquisa documental recente”, atesta o documento.

De acordo com a professora, as pesquisas recomeçaram após um encontro com a também pesquisadora e professora, Mundinha Araújo, doutora Honoris Causa pela Universidade Estadual do Maranhão, escritora e militante do Movimento Negro e ex-diretora do Arquivo Público.

Na palestra realizada na tarde de hoje, a professora irá expor aspectos importantes da vida e da obra da romancista e também apresentará as leis que instituem o Dia da Mulher Maranhense. O evento, realizado no auditório da Biblioteca Benedito Leite, será aberto ao público e contará com palestras da pesquisadora Dilercy Adler, em lembrança a Maria Firmina dos Reis e em comemoração ao Dia da Mulher Maranhense.

Saiba mais

Quem foi Maria Firmina

Maria Firmina dos Reis nasceu na Ilha de São Luís, no Maranhão, em 11 de março de 1825. Foi registrada como filha de João Pedro Esteves e Leonor Felipe dos Reis. Era prima do escritor maranhense Francisco Sotero dos Reis por parte da mãe. Em 1830, mudou-se com a família para a vila de São José de Guimarães, no continente. Viveu parte de sua vida na casa de uma tia materna mais bem situada economicamente. Em 1847, concorreu à cadeira de Instrução Primária nessa localidade e, sendo aprovada, ali mesmo exerceu a profissão, como professora de primeiras letras, de 1847 a 1881.

Descreveu-se, em 1863, como tendo “uma compleição débil, e acanhada” e, por conta disso, “não poderia deixar de ser uma criatura frágil, tímida, e por consequência, melancólica”. Os que a conheceram, quando tinha cerca de 85 anos, descreveram-na como sendo pequena, parda, de rosto arredondado, olhos escuros, cabelos crespos e grisalhos presos na altura da nuca. Uma antiga aluna caracterizou-a como uma professora enérgica, que falava baixo, não aplicava castigos corporais, nem ralhava, preferindo aconselhar. Era reservada, mas acessível, sendo estimada pelos alunos e pela população da vila: toda passeata de moradores de Guimarães parava em sua porta, ao que davam vivas e ela agradecia com um discurso improvisado.

Em 1859, publicou o romance Úrsula, considerado o primeiro romance de uma autora do Brasil. Em 1887, publicou na Revista Maranhense o conto “A Escrava”, no qual descreve uma participante ativa da causa abolicionista.

Aos 54 anos de idade e 34 de magistério oficial, anos antes de se aposentar, Maria Firmina fundou, em Maçaricó, a poucos quilômetros de Guimarães, uma aula mista e gratuita para alunos que não podiam pagar: conduzia as aulas num barracão em propriedade de um senhor de engenho, à qual se dirigia toda manhã subindo num carro de boi. Lá, lecionava às filhas deste, aos alunos que levava consigo e a outros que se juntavam. A acadêmica Norma Telles classificou a iniciativa de Maria Firmina como “um experimento ousado para a época”.

Maria Firmina dos Reis participou da vida intelectual maranhense: colaborou na imprensa local, publicou livros, participou de antologias, e, além disso, também foi música e compositora. A autora era abolicionista: ao ser admitida no magistério, aos 22 anos de idade, sua mãe queria que fosse de palanquim receber a nomeação, mas a autora optou por ir a pé, dizendo a sua mãe: “Negro não é animal para se andar montado nele”. Chegou também a escrever um “Hino da Abolição dos Escravos”.

Maria Firmina dos Reis morreu, cega e pobre, aos 92 anos, na casa de uma ex-escrava, Mariazinha, mãe de um dos seus filhos de criação. É a única mulher dentre os bustos da Praça do Pantheon, que homenageiam importantes escritores maranhenses, em São Luís.

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