Editorial

Mulher

Atualizada em 11/10/2022 às 12h26

O Dia Internacional da Mulher chega com um grito pela sobrevivência. Ela é agredida, violentada e morta. Ela é acusada de oferecer-se ao andar sozinha à noite, mas precisa trabalhar até tarde para pagar suas contas e dar sustento à família. Ela é abusada, é tolhida, é tratada como objeto sexual e subjugada pelo homem, que a quer para seu prazer. Ela ainda tem um longo caminho até conseguir mostrar seu valor. Mas ela não para. Ela segue em frente e, mesmo diante das dificuldades, arruma-se e segue em frente, porque não tem tempo para sofrer. Precisa enfrentar a tripla jornada, trabalhar em dois turnos e ainda cuidar dos filhos. Na verdade, ela é o bastião da sua família e sem ela, nada acontece. O que seria dos homens sem ela.

Porém, eles não percebem isso e este ano, seis mulheres já foram mortas, vítimas de feminicídio, no Maranhão. Os dados são do Departamento de Combate ao Feminicídio, vinculado à Superintendência de Homicídios e Proteção à Pessoa (SHPP). Em 2018, 43 mulheres pereceram vítimas da violência, principalmente de seus companheiros ou ex-companheiros, que não aceitavam o término do relacionamento e se aproveitaram da fragilidade de seus corpos para massacrá-los até a morte.

Nos últimos quatro anos os números de casos dessa natureza apenas cresceram, com 25 registros em 2015, 28 em 2016 e 47 em 2017. No ano passado houve uma pequena redução, com 45 casos, mas a preocupação apenas aumenta.

Segundo a delegada do Departamento de Feminicídio, Viviane Azambuja, a maior causa da violência contra a mulher é o inconformismo do homem com o fim do relacionamento. São histórias de machismo, em que a mulher é vista como objeto e o homem é o ser dominante, que não aceita o término de um relacionamento.

Desde novembro de 2017, as mulheres contam com um plantão 24 horas na Casa da Mulher Brasileira, em São Luís, localizada no bairro Jaracati, para incentivá-las a denunciar o agressor.

Desde então, a Delegacia da Mulher registrou aumento de pedidos de medida protetiva de 200 para 300 por mês. São vítimas que se sentem subjugadas e temem pela proximidade dos ex-companheiros ameaçadores.

No ano passado, a Delegacia da Mulher em São Luís recebeu 1.870 denúncias de mulheres ameaçadas por companheiros ou alguém de convivência familiar. Foram instaurados 1.625 inquéritos e solicitados 3.789 pedidos de medidas de proteção, além de efetuadas 433 prisões. A delegacia registrou mais de 1.120 casos de agressões físicas em toda a região metropolitana de São Luís.

Além dos casos de morte, a violência sexual contra a mulher também teve crescimento. Foram registrados 59 estupros em 2017 e 89 em 2018, na Delegacia Especial da Mulher, um aumento de 34%. Um fato que chama a atenção é que a maioria dos casos foram cometidos pelos companheiros. O que lembra que não é porque a mulher é casada que tem de se submeter ao ato sexual quando o marido quer.

Por isso elas têm denunciado também os estupros, sobretudo quando o marido chega em casa bêbado, drogado, as agride, ameaça e força a manter relação sexual com ele, o que é considerado estupro, um crime.

A mulher está denunciando mais, porém ainda precisa de mais apoio em seu dia a dia. Que o Dia Internacional criado em sua homenagem, e comemorado hoje, sirva para lembrá-la de seus direitos, de que sua vida é importante e que não deve se calar quando se sentir prejudicada, diminuída e agredida. A mulher tem ganhado mais espaço, tem enfrentado suas dificuldades e lutado para continuar viva, trabalhando, cuidando de seus filhos e de sua existência. Ela merece seu espaço.

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