Descaso

Sem manutenção, telhado do Ginásio Castelinho desaba

Grave acidente foi registrado logo no início da tarde da quarta-feira (6); nenhum dos trabalhadores que estavam de plantão no local ficou ferido; Corpo de Bombeiros e Defesa Civil estiveram no local ainda na tarde de ontem

Emmanuel Menezes / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h26

O desabamento do teto do Ginásio Georgiana Pflueger, popularmente conhecido como Ginásio Castelinho, localizado no Outeiro da Cruz, em São Luís, surpreendeu a todos no início da tarde desta quarta-feira (6), por volta das 13h, durante uma chuva que atingiu a capital. Duas pessoas trabalhavam no local, no momento do acidente, mas por sorte nenhuma delas ficou ferida. O Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Polícia Militar e as secretarias responsáveis foram acionados de imediato ao local.

O vigilante Helidiceley Ramos, de 42 anos, estava trabalhando no local no exato momento em que a estrutura desabou. “Eu estava dentro do ginásio quando ouvi os fortes barulhos. No primeiro sinal de que o telhado estava caindo, sinalizei para outro amigo que também estava lá dentro, e corremos para o lado de fora”, conta. O homem, que ainda estava em estado de choque, revelou que viu as barras de ferro da estrutura superior e as telhas de alumínio espalhadas por todo o espaço interno, de arquibancadas e quadra.

A estrutura do telhado que fazia coberta na lateral externa do ginásio também foi ao chão. A área atualmente está gradeada, visto que as calçadas estão danificadas e há muito mato. A vegetação crescente ocupa muitos espaços que já serviram como vagas de estacionamento e hoje se mantêm esquecidas.

A equipe do Corpo de Bombeiros isolou a área onde aconteceu o desabamento e iniciou os primeiros trabalhos de avaliação estrutural ainda no início da tarde. “Já providenciamos o corte do fornecimento de energia elétrica do local, para trabalharmos com segurança. A estrutura toda do teto do ginásio veio abaixo. A parte que ainda se encontra segura é apenas uma das extremidades, onde os ferros estão escorados nos pilares de concreto, sem chance de novo desabamento”, explica Célio Roberto, coronel do Corpo de Bombeiros do Maranhão. A estrutura completa do teto era segura por 18 colunas de concreto de mais de 10 metros de altura cada.

O coronel informou que solicitou a Polícia Militar o reforço do policiamento no perímetro do ginásio, para evitar que pessoas, por curiosidade, adentrem no cenário. “O desabamento foi da parte metálica que compõe a estrutura do telhado. Então, a parte de concreto armado não apresenta nenhum dano aparente. Mas, por não termos ainda o resultado da perícia, não podemos afirmar até que ponto essa estrutura pode ter sido afetada e que perigos elas podem causar”, diz. Questionado sobre as hipóteses do desabamento, o coronel Célio Roberto afirma que, inicialmente, as fortes chuvas e ventanias possam ser um dos principais fatores que culminaram no acidente.

Folga do treino
A equipe do Sampaio Basquete treina frequentemente nas dependências do Castelinho. Segundo o assistente técnico do time, Paulo Ribeiro, o time vai cinco vezes na semana para o ginásio. “Nossos treinos são realizados no horário do meio-dia.
A quarta-feira é um dos únicos dias em que temos folga e felizmente nenhum membro da equipe estava na quadra quando essa tragédia aconteceu”, relatou. Ribeiro é o responsável por fazer o alinhamento de dias e horários de treinos da equipe.

Segundo o assistente técnico, os treinos estão sendo realizados no local há mais de quatro temporadas. A equipe afirma que nunca percebeu nenhum grande problema estrutural no espaço. “Nós sabemos que nesse período chuvoso é normal a presença de goteiras ou pequenos incômodos do tipo nas praças de treinamento. Mas nunca nenhum desses problemas foi grave o suficiente para expulsar a equipe do local”, afirma Paulo Ribeiro. Até o momento, a equipe ainda não sabe em qual local os treinos poderão ser realizados.

Sem projeto
A Secretaria Estadual de Esporte e Lazer (Sedel) é a responsável pela administração do Complexo Esportivo. Questionado sobre os trabalhos preventivos e de reparação no local, o secretário Rogério Cafeteira informou que o Castelinho tem um método diferente de análise técnica. “Este é um prédio muito antigo. As licenças daqui são feitas de forma diferente do que é feito no Castelão, por exemplo. A informação que nós temos é de que até então todas as licenças do prédio estão positivas, sem estruturas precárias detectadas. Esse trabalho é feito pelo Corpo de Bombeiros a cada grande evento que é marcado para acontecer aqui”, diz.

O secretário, que tomou posse do cargo há 10 dias, informou que ainda não está ciente de trabalhos de reestruturação agendados para o complexo. “Esse foi um evento que tomou todos nós de surpresa. Nós já estamos iniciando uma nova análise sobre o caso, com a Secretaria de Infraestrutura (Sinfra), e o Corpo de Bombeiros, para sabermos exatamente as causas desse desabamento. Após as equipes responsáveis finalizarem os seus laudos, entraremos efetivamente no trabalho de recuperação do complexo, que é a principal praça de esportes do Maranhão”, afirma.

O secretário de Infraestrutura, Clayton Noleto, ratificou que não havia projetos de reestruturação em se que inclui o Castelinho. “Não havia nenhum projeto de reestruturação elaborado. Não havia chegado ao conhecimento da Sinfra que o ginásio possuía possíveis graves problemas estruturais. O que resta é esperar o laudo para, assim que possível, iniciarmos uma reestruturação”, diz Clayton Noleto.

O tempo necessário para que o ginásio volte ao pleno funcionamento é indeterminado. “Devemos passar cerca de duas semanas recebendo o Corpo de Bombeiros para as perícias e realizando a limpeza do local, com a retirada do resto da estrutura do telhado. Vamos elaborar também o projeto da reconstrução, mas isso deve ainda passar por uma licitação, o que deve demandar um tempo. Afirmamos que outras praças da Ilha serão disponibilizadas para atender à demanda esportiva que o Castelinho recebia”, atestou.

Controversa
Em 10 de dezembro de 2018, o Governo do Estado anunciou que o Complexo Canhoteiro, que abriga o estádio de futebol Castelão, o ginásio de esportes Georgiana Pflueger (Castelinho), pista de atletismo, parque aquático, ginásio de artes marciais, pista de skate e pista de kart, com área total de 420 mil metros quadrados, estava sendo revitalizado desde o mês de novembro. O trabalho estaria sendo realizado por meio da Sedel.

A publicação diz que, entre as principais modificações, a construção de arquibancada nas quadras em torno do Castelão, construção de duas quadras poliesportivas e de escadas de acesso às quadras seriam feitas. Ainda, seriam realizadas adequações e revitalizações nas áreas já construídas no Complexo. O Estado questionou a a Sinfra e Sedel sobre o projeto de revitalização do espaço, mas não recebeu resposta até o fechamento desta edição.
Descaso público

O Estado noticiou, no dia 12 de fevereiro de 2019, o estado de abandono de vários espaços administrados pelo Governo do Estado na capital maranhense. Uma quadra poliesportiva no Parque Estadual da Lagoa da Jansen e as piscinas que compõem a área do Ginásio Castelinho foram exemplos da falta de conservação e de suporte dado pelo poder público, tornando nítido aos frequentadores e população o descaso decorrente da falta de manutenção e reparos necessários para manter preservados ambientes e cartões-postais de São Luís.

Destinadas ao lazer, ao desporto da população da capital e competições olímpicas, as piscinas que compõem o Complexo Esportivo Canhoteiro mostra não só a falta de manutenção por parte do Governo do Maranhão, mas também risco à saúde pública. Há anos as piscinas são alvo de reclamação dos moradores do entorno, visto que, devido à inutilização do espaço, a água que fica acumulada na piscina pode servir de criadouro para o mosquito Aedes aegypti, transmissor de doenças como dengue, zika e chikungunya.

Além do acúmulo de água suja, o entorno das piscinas está tomado pela vegetação crescente, assim como as arquibancadas estão deterioradas, com a estrutura de ferro da cobertura retorcida, contribuindo para a construção de um cenário de abandono, quando, outrora, eram caminhos para quem sonhava com as medalhas a serem conquistadas e desafios a serem batidos no local, visto que aconteciam jogos escolares e outros de maior importância.l

SAIBA MAIS

Complexo Esportivo Canhoteiro

O Complexo Esportivo Outeiro da Cruz, mais conhecido como Complexo Esportivo Canhoteiro, foi inaugurado em 1982 e abriga o estádio de futebol Castelão, o ginásio de esportes Georgiana Pflueger (Castelinho), pista de atletismo, parque aquático, ginásio de artes marciais, pista de skate e pista de kart,com área total de 420.000 metros quadrados.

O Ginásio Georgiana Pflueger, mais conhecido como Ginásio Castelinho, é um ginásio poliesportivo com capacidade para 6.500 pessoas. É equipado com vestiário, banheiros, academia, alojamento, sala vip, área de administração, lanchonete, sala e vestiários para arbitragem. O nome Georgiana Pflueger foi uma homenagem a uma maranhense jogadora de vôlei que faleceu aos 19 anos, em consequência de um acidente de carro com a atriz Surama Castro.

O local recebe importantes eventos, como os Jogos Escolares Maranhenses (JEM’s), um dos maiores torneios poliesportivos que reúne estudantes de escolas públicas de todo o Maranhão. Para além disso, concertos, peças e eventos religiosos são frequentes realizados no espaço.

Solidariedade

A Coordenação Arquidiocesana de Pastoral, que realizaria a abertura da Campanha da Fraternidade no próximo sábado, dia 9 de março, emitiu nota prestando solidariedade pelo fato ocorrido. “Devemos, neste momento, agradecer ao Pai Misericordioso por não termos tido nenhuma vítima. Os danos materiais poderão ser superados”, diz o texto. Ainda segundo a nota, a abertura da CF 2019 não tem local definido, mas tudo será divulgado nas redes sociais.

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