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Reforma evidencia loteamento do governo Flávio Dino entre partidos aliados

Diferentemente do primeiro mandato, comunista opta por abrir as portas do governo aos partidos que lhe dão sustentação, de olho em 2020 e em 2022

Gilberto Léda

Atualizada em 11/10/2022 às 12h26
Para vencer eleições de 2018, Flávio Dino construiu amplo arco de alianças, com partidos que agora cobram espaços pelo apoio prestado no pleito
Para vencer eleições de 2018, Flávio Dino construiu amplo arco de alianças, com partidos que agora cobram espaços pelo apoio prestado no pleito (Flávio Dino)

SÃO LUÍS - A reforma administrativa promovida pelo governador Flávio Dino (PCdoB) - e aparentemente concluída na noite de quinta-feira, 21 - aponta para uma guindada na gestão estadual.

Se o primeiro mandato do comunista foi marcado pela presença maciça de auxiliares ligados à advocacia e indicados pelo próprio PCdoB, a segunda quadra do governo começa com um loteamento de cargos sem precedentes na história do comunismo maranhense.

De olho, em primeira análise, nas eleições de 2020 – quando a base governista deve tentar manter o poder na Prefeitura de São Luís e no máximo de municípios possível -, e no apoio dos atuais correligionários ao seu possível projeto presidencial, Flávio Dino abriu, sem pudores, as portas do Executivo estadual a aliados dos mais diversos partidos que lhe dão sustentação no cenário local.

Os últimos anúncios reforçam a tese. O comunista entregou ao PR, do federal Josimar de Maranhãozinho, a Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Pesca (Sagrima). O parlamentar indicou para o posto uma sobrinha, a advogada Fabiana Vilar Rodrigues.

Já ao PP foi reservada a poderosa Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema). A indicação coube ao também deputado federal André Fufuca, que escolheu o irmão, Rafael Carvalho Ribeiro, engenheiro ambiental e ex-superintendente do patrimônio da União no MA. Ele também já foi superintendente na própria Sema, mas deixou o posto após o rompimento do então titular da pasta, Marcelo Coelho (PSB), com o senador Roberto Rocha (PSDB).

Ao contemplar as duas legendas, Dino espera manter o apoio dos aliados a seus projetos políticos, sobretudo aqueles voltados para as eleições municipais.

Acomodações

As mudanças na estrutura governamental visaram, ainda, à acomodação de aliados que não se deram bem na eleição de 2018, tanto na Câmara dos Deputados, quanto na Assembleia Legislativa.

Uma das primeiras decisões do governador, por exemplo, foi garantir um mandato a Gastão Vieira (Pros). Ex-ministro, ex-deputado federal e ex-secretário de Estado, ele havia ficado apenas na segunda suplência do chapão governista no ano passado.

Dino então garantiu que o primeiro suplente, Simplício Araújo (SD), permanecesse da Secretaria de Estado da Indústria e Comércio (Seinc), e convocou para a pasta de Cidades e desenvolvimento Urbano (Secid) o deputado federal Rubens Júnior (PCdoB). Gastão deve assumir na semana que vem.

Na Assembleia o movimento foi ainda mais evidente. Para atender os aliados, o comunista chamou para o seu governo nada menos que três deputados estaduais: saíram Marcelo Tavares (PSB), Márcio Honaiser (PDT) e Ana do Gás.

Com as mexidas, garantiram-se cadeiras para Edivaldo Holanda (PTC), pai do atual prefeito de São Luís, Edivaldo Júnior (PDT); além de Ariston Ribeiro (Avante) e Zito Rolim (PDT).

A intenção do governo era “puxar” ainda mais um parlamentar – seria Hélio Soares (PR), a quem seria dada a Sagrima -, para garantir vaga à quarta suplente, Valéria Macedo (PDT). Como a operação não deu certo, Flávio Dino decidiu nomear o irmão dela, Deoclides Macedo, para a presidência da Companhia Maranhense de Gás (Gasmar).

MAIS

Flávio Dino confirmou o desmembramento da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Sectur). Na Cultura permanece Diego Galdino. Para o Turismo foi anunciado Antônio Bittencourt de Albuquerque Júnior, o Catulé Júnior, indicação do deputado federal Cleber Verde (PRB) e do senador Weverton Rocha (PDT).


PP e PR controlarão mais de R$ 160 milhões só em 2019

Protagonistas das últimas articulações para a conclusão da reforma administrativa do governo Flávio Dino, o Progressistas (PP) e o Partido da República (PR) saíram fortalecidos do processo de escolha dos novos secretários estaduais.

Ao PP foi entregue a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema), onde o deputado federal André Fufuca emplacou o irmão, Rafael Carvalho Ribeiro.

Na pasta, os progressistas controlarão um orçamento anual de R$ 66 milhões – são R$ 20 milhões a mais do que na Secretaria de Estado do Esporte e Lazer (Sedel), pasta que o partido controlava antes da reforma.

Já a Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Pesca (Sagrima), entregue nas mãos da advogada Fabiana Vilar Rodrigues, tem orçamento de R$ 97 milhões a ser executado em 2019. Ela é sobrinha de Josimar de Maranhãozinho.

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