MORTE DE IDOSO

Paciente levado para Socorrão em maca já estava sem vida

Secretário municipal de Saúde afirmou que óbito foi atestado na Santa Casa de Misericórdia e que a família foi irresponsável ao levar o paciente para o Socorrão I

IGOR LINHARES / O ESTADO

Atualizada em 11/10/2022 às 12h26

O secretário municipal de Saúde de São Luís, Lula Fylho, comentou, em entrevista exclusiva a O Estado, o caso do vídeo que tem circulado nas redes sociais, nos últimos dias, no qual um idoso que, segundo a família, morreu por falta de atendimento no Hospital Djalma Marques, o Socorrão I, no centro de São Luís. De forma incisiva, Lula Fylho afirmou que a responsabilidade pelo caso não é do corpo médico do hospital, que se prontificou ao atendimento do idoso durante a ocorrência e em outrora, quando ele precisou passar por uma cirurgia.

“É preciso frisar que o paciente faleceu ainda na Santa Casa de Misericórdia, tendo sido atendido por médico e equipe de enfermeiros. O paciente era do interior, não veio para São Luís bem [de saúde], e não teve o devido cuidado na sua cidade”, ressaltou o secretário municipal de saúde, Lula Fylho. “Por que [a família] vem atribuir [a culpa] ao hospital, que tentou salvar a vida desse cidadão?”, indagou, em seguida.

Segunda Lula Fylho, todo o acontecido, que repercutiu em vídeo gravado por terceiros, foi uma responsabilidade da família, a partir do momento em que a filha, Franciane Espíndola, colocou o pai em uma maca e a empurrou até o Socorrão I, a um quarteirão da Santa Casa de Misericórdia. Diante das acusações por negligência e omissão de socorro, ele afirmou, com veemência, o contrário. “É uma inverdade, uma falácia da família em tentar acusar o hospital e o profissional médico, porque o médico e os enfermeiros estavam presentes e o atendimento foi dado”, reiterou.

Por fim, o secretário municipal de Saúde afirmou que às 22 h da mesma noite da ocorrência, os profissionais plantonistas registraram um boletim de ocorrência, por terem se sentido ameaçados. “A família agrediu a equipe e levou o paciente para o hospital [Socorrão I] de maneira irresponsável e fazendo ilações contra a equipe”, declarou.

Ao G1 MA, a filha do idoso, Franciane Espíndola, disse que, ao chegar ao Socorrão I, houve dificuldade para entrar no local por causa da demora dos funcionários na liberação do portão. Ela afirmou, ainda, ter ido até a porta da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no momento em que os profissionais receberam o pai e, quando os médicos iniciaram os primeiros procedimentos, ele já estava morto.

Em nota , a Associação dos Médicos dos Socorrões I e II (Amess) também se posicionou e classificou como irresponsável e leviana a acusação de que o paciente não teria recebido atendimento médico no anexo do Socorrão I, que funciona na Santa Casa de Misericórdia. A nota, assinada pela presidente da associação, Janaína Bentivi, reiterou que o paciente foi devidamente assistido pelo médico que se encontrava de plantão e pela equipe de enfermagem, tendo evoluído a óbito ainda na Santa Casa, apesar dos esforços do médico e da equipe.

ENTENDA O CASO

O idoso, de 71 anos de idade, morreu na noite de terça-feira (22), na porta do Hospital Djalma Marques (Socorrão I). Vídeos gravados por acompanhantes de outros pacientes mostram o desespero da filha da vítima, Franciane de Jesus Espíndola, buscando atendimento médico ao pai. João Espíndola era paciente do Socorrão I, mas estava internado na Santa Casa de Misericórdia do Maranhão em uma ala com cerca de 90 leitos, para onde pacientes do Socorrão I que possuem problemas crônicos são transferidos. Por falta de atendimento médico e sem ajuda dos profissionais para encaminhar o pai de volta ao hospital de onde era paciente, Franciane levou o idoso na maca por um percurso de cerca de 500 metros, pela Rua do Norte, até o local onde o idoso deu a primeira entrada e passou por uma cirurgia.

Íntegra da nota

A Associação dos Médicos dos Socorrões I e II (AMESS), no cumprimento de sua função de representatividade dos médicos que atuam no Hospital Djalma Marques (Socorrão I), vem a público se posicionar perante situação exposta, na data de hoje, por alguns blogs do Maranhão.

Classificamos como irresponsável e leviana a acusação de que um paciente não teria recebido atendimento médico no anexo do Socorrão I, no Hospital Santa Casa de Misericórdia, na noite de 22 de janeiro de 2019, o que teria motivado sua família a retirá-lo do referido hospital, e o levado, por conta própria, em uma maca, pelas ruas da cidade, até o Hospital Socorrão I. Esta armação mentirosa demonstra absoluta falta de compromisso com a verdade por parte dos responsáveis pelas armações, além de mais uma vez tentarem denegrir a imagem dos profissionais médicos, jogando-os contra a opinião pública, uma vez que o paciente foi devidamente assistido pelo médico que se encontrava de plantão naquele momento, bem como pela equipe de enfermagem, tendo o mesmo evoluído a óbito ainda no hospital Santa Casa, não obstante todos os esforços envidados pelo médico e equipe.

Deve-se ressaltar que os profissionais médicos diariamente lidam com limitações estruturais nos serviços de atendimento de saúde no Estado do Maranhão e são solidários com o sofrimento da população que necessita de assistência de qualidade. Por esta razão, acusações infundadas nos meios de comunicação contra os profissionais médicos, devem ser duramente repudiadas, apuradas pelos entes competentes e aplicadas as devidas sanções a quem lhes deu causa, vez que, além de injustas com os profissionais, desviam o verdadeiro foco dos graves problemas de saúde pública pelo que passam o Estado do Maranhão e a capital.

Exigimos e aguardamos reparação dos blogs em questão e esperamos que a imprensa seja sempre responsável pelas notícias que divulga e colabore com a sociedade, médicos e demais profissionais de saúde na luta por um sistema de saúde mais digno.

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