Governo da Venezuela

Militares juram lealdade a Maduro e rechaçam "ingerência externa"

Ministro da Defesa,Padriño López, dá entrevista coletiva cercado por comandantes; TV estatal mostra depoimentos de chefes de comandos regionais que juram lealdade ao presidente da Venezuela; eleafirmou que a oposição é comandada pela extrema direita

Atualizada em 11/10/2022 às 12h26
Cercado pelos comandantes militares, o ministro da Defesa, Vladimir Padriño López, reafirma seu apoio a Maduro
Cercado pelos comandantes militares, o ministro da Defesa, Vladimir Padriño López, reafirma seu apoio a Maduro (AFP)

CARACAS - Cercado por toda a cúpula militar da Venezuela, o ministro da Defesa da Venezuela, general Vladimir Padriño López, denunciou ontem ( 24) que a autoproclamação do líder opositor Juan Guaidó como presidente interino é uma tentativa de "golpe de Estado".

"Alerto o povo da Venezuela que está ocorrendo um golpe de Estado contra a institucionalidade, contra a democracia, contra a nossa Constituição, contra o presidente Nicolás Maduro, presidente legítimo", afirmou o ministro em pronunciamento ao lado dos nove comandantes da Força Armada Nacional Bolivariana (Fanb),

No pronunciamento, Padrino Lópes afirmou que a oposição é comandada pela extrema direita, que deseja impor um “governo de fato paralelo”, sem amparo constitucional ou jurídico.

"Ontem [quarta-feira] vimos um evento reprovável, um senhor erguendo a mão novamente se autoproclamando presidente da República da Venezuela, como ocorreu em abril de 2002. Este é um assunto gravíssimo, que atenta contra o estado de direito e a paz dos venezuelanos", afirmou, em referência ao fracassado golpe de estado de 11 de abril de 2002, quando o então presidente Hugo Chávez foi detido ilegalmente por militares e o opositor Pedro Carmona se proclamou presidente. "É aberrante o que vimos".

A oposição, afirmou o general, procura dividir a Venezuela a partir de um "vulgar golpe de Estado contra o governo legitimamente constituído" e levar o país a uma guerra civil. "Este plano criminoso chegou ontem a limites de altíssimo perigo", afirmou, acrescentando que a situação atual pode levar a “caos e anarquia”.

O general instou ao diálogo entre o governo e setores da oposição, porque "a guerra não é nunca a nossa opção, mas sim o instrumento de apátridas que não sabem o que ela significa".

"Não é a guerra que resolverá os nossos problemas".Sem oferecer nomes, Padriño saudou países que buscam o diálogo para encerrar a crise institucional na Venezuela. Sua principal referência era a Uruguai e México, que, na noite de 23 de janeiro, propuseram atuar como mediadores diante da crise.

O líder militar também acusou Guaidó de “infantilismo político” e de querer entregar a integridade territorial e a soberania do país, algo que a Fanb “não permitirá”.

Além da mensagem de Padriño, transmitida pela TV estatal, pouco antes, oito generais que comandam regiões estratégicas da Venezuela ratificaram sua "lealdade e subordinação absoluta ao presidente constitucional da Venezuela", em mensagens divulgadas pela emissora. "Leais sempre, traidores nunca", disse um deles.

Na quarta-feira, o general já defendera o governo em mensagem no Twitter. "O desespero e a intolerância atentam contra a paz da nação. Nós, soldados da pátria, não aceitamos um presidente imposto à sombra de interesses obscuros, nem autroproclamado às margens da lei", escreveu.

Na quarta-feira, Guaidó convocou as Forças Armadas para se colocarem "ao lado do povo que sofre e da Constituição", e voltou a estender a mão aos que abandonarem Maduro com uma oferta de anistia, objeto

Comando militar

“Ratificamos nosso irrestrito apego à Constituição e às leis da República venezuelana. Rechaçamos categoricamente todo o tipo de ato ilegal adverso à vontade do povo soberano e a qualquer ato que atente contra a instabilidade da Nação”, destacou o general Víctor Palacio García, comandante da região de Los Llanos, que compreende os estados de Apure, Barinas, Portuguesa e Guarico.

García ressaltou que as Forças Armadas da Venezuela se fundamentam em três pilares: a obediência, a disciplina e a subordinação. "Por isso, honrando a tradição de nossa instituição, somos a garantia de estabilidade, independência, soberania e paz. Neste sentido, só reconhecemos e ratificamos lealdade absoluta ao presidente constitucional Nicolás Maduro Moros”, acrescentou.

O comandante da Região Estratégica de Defesa Integral Central, que abarca os estados de Aragua, Carabobo e Yaracuy, Domingo Hernández Lárez, também se pronunciou cercado por soldados, suboficiais e oficiais. Afirmando falar em nome dos “mais de 247 mil homens e mulheres do Exército, Armada, Aviação, Guarda Nacional e Milícias Bolivarianas pertencentes ao território sob seu comando”, Lárez disse que os militares “fiéis a suas convicções e juramento de fidelidade” proclamam lealdade e subordinação absoluta a Maduro. “Eleito pelo povo, é ele o único que ostenta o mando direto e supremo da Força Armada Nacional Bolivariana. Meu comandante, conte com esta região para apoiá-lo em seu esforço diário para lograr a estabilidade e o fortalecimento de nossa pátria.”

No mesmo tom, pronunciou-se o general Jesús Mantilla Olivero, comandante da região de Guayana (Amazonas, Bolívar e Delta Amacuro). Olivero ratificou “o compromisso, lealdade e subordinação ao presidente constitucional Nicolás Maduro”.

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