No Afeganistão

Ataque do Talibã mata mais de 100 pessoas em centro militar

Ataque começou na manhã de ontem, quando um carro com explosivos foi arremetido contra um posto militar dentro do campus do Diretório Nacional de Segurança em Maidan Hahr, a capital da província de Maidan Wardak

Atualizada em 11/10/2022 às 12h26
Veículo militar afegão perto do complexo militar onde carro-bomba do Taliban matou mais de 100 pessoas
Veículo militar afegão perto do complexo militar onde carro-bomba do Taliban matou mais de 100 pessoas (AFP)

CABUL - O Talibã matou mais de 100 membros das forças de segurança afegãs em um ataque realizado contra um complexo militar na província de Maidan Wardak ontem ( 21), disse um alto funcionário do Ministério da Defesa do Afeganistão.

O funcionário disse que o ataque começou na manhã de ontem, quando um carro com explosivos foi arremetido contra um posto militar dentro do campus do Diretório Nacional de Segurança em Maidan Hahr, a capital da província de Maidan Wardak.

Após a explosão, dois homens armados entraram no campus e dispararam contra soldados afegãos, antes de serem abatidos.

"Temos informações de que 126 pessoas morreram na explosão dentro do centro de treinamento militar, e que oito comandantes especiais estão entre os mortos", disse um alto funcionário do Ministério da Defesa em Cabul, falando sob condição de anonimato.

Autoridades do Ministério da Defesa disseram que, para invadir as áreas militares, o Talibã usou como carro-bomba um veículo Humvee blindado, fornecido às forças afegãs pelos EUA.

Sharif Hotak, membro do conselho provincial de Maidan Wardak, disse ter visto corpos de 35 afegãos no hospital.

"Muitos outros foram mortos. Vários corpos foram transportados para a cidade de Cabul e muitos feridos foram transferidos para hospitais em Cabul", disse Hotak, acrescentando que "o governo estava escondendo os números precisos de baixas para evitar uma queda no moral das forças afegãs".

"A explosão foi muito poderosa. O prédio inteiro entrou em colapso",disse ele.

Funcionários do governo em Maidan Wardak e Cabul se recusaram a comentar quando perguntados se estavam escondendo o número de mortos.

Dois altos funcionários do Ministério do Interior disseram que os números exatos das vítimas não estavam sendo divulgados para evitar agitação nas forças armadas. "Disseram-me para não divulgar as estatísticas sobre a morte. É frustrante esconder os fatos", disse um alto funcionário do Ministério do Interior em Cabul.

O gabinete do presidente Ashraf Ghani disse em um comunicado que os "inimigos do país" realizaram um ataque contra o pessoal do NDS em Maidan Shahr. "Eles mataram e feriram vários de nossos amados e honestos filhos”, diz a nota.

Nos últimos anos, o governo afegão parou de divulgar números detalhados de baixas. No ano passado, Ghani disse que 28 mil policiais e soldados afegãos foram mortos desde 2015, em um raro informe oficial dos dados de vítimas.

Abdurrahman Mangal, porta-voz do governador provincial de Maidan Wardak, disse que 12 pessoas morreram e 12 ficaram feridas quando o carro-bomba explodiu perto da unidade das forças especiais afegãs.

Responsabilidade

Insurgentes do Talibã reivindicaram a responsabilidade pelo ataque. Zabiullah Mujahid, porta-voz do grupo militante islâmico, disse que a ação deixou 190 pessoas mortas.

Na semana passada, combatentes do Talibã explodiram um carro-bomba diante de um complexo altamente fortificado que matou pelo menos cinco pessoas e feriu mais de 110 afegãos e expatriados na capital, Cabul.

Horas depois do ataque, o Talibã encontrou o encontrou o enviado especial dos EUA, Zalmay Khalilzad, no Qatar, para negociações de paz. "As negociações entre líderes do Taleban e autoridades dos EUA começaram hoje no Qatar", disse Zabiullah Mujahid, em um comunicado.

Uma fonte próxima às negociações disse que membros do gabinete político do Taleibã se reunindo com Khalilzad em Doha, acrescentando que o grupo islâmico espera organizar um cronograma e um mecanismo para a retirada das tropas estrangeiras do Afeganistão.

Os esforços para negociar um acordo de paz para acabar com a guerra de 17 anos no Afeganistão foram assolados por desacordos nas últimas semanas, com os EUA se opondo à decisão do Talibã de impedir a participação do governo afegão das negociações.

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