RISCO

Moradores de áreas de risco demonstram preocupação

Imóveis das vilas Lobão e Dom Luís continuam expostos ao risco de caírem com deslizamentos; moradores dizem que Defesa Civil não se prontifica a atender à situação; temor aumenta com a chegada das primeiras chuvas

IGOR LINHARES / O ESTADO

Atualizada em 11/10/2022 às 12h27
Serviço de contenção tem garantido certa tranquilidade para moradores em área de risco, na Vila Dom Luís, na área Itaqui-Bacanga
Serviço de contenção tem garantido certa tranquilidade para moradores em área de risco, na Vila Dom Luís, na área Itaqui-Bacanga (encosta)

O início das chuvas em São Luís traz consigo preocupação para milhares de pessoas que vivem em áreas de risco, principalmente para aquelas que já viram os deslizamentos acontecerem de perto. Em bairros como Vila Lobão, no Santo Antônio, e Vila Dom Luís - na região do Itaqui-Bacanga -, proprietários de imóveis construídos em encostas sofrem a realidade do medo de terem suas casas levadas pelos deslizamentos de terras, já registrados em anos passados.

Para os moradores da Vila Dom Luís, o sofrimento acontece há anos, e sempre que o céu anuncia a chuva é sinal de que eles devem se preparar para o pior. Em parte da encosta que compõe o quintal de alguns dos moradores da vila, um dos vizinhos da dona de casa Maria Esperança Madeiro realizou uma obra de contenção, utilizando sacos de areia e concreto, mas, mesmo assim, a preocupação insiste em fazer parte da vida dela e de outros que sofrem todos os anos a mesma situação.

“O serviço de contenção que o vizinho fez, até agora, com as últimas chuvas, não ocorreu nenhum deslizamento. Talvez ajude na proteção para evitar problemas durante todo o período chuvoso. Eu moro nessa rua há 20 anos e presenciei várias vezes deslizamentos nas outras casas, e é sempre preocupante quando começa a chover”, frisou.

Ainda segundo a dona de casa, todos os anos a mesma situação se repete e a Defesa Civil não se prontifica a desenvolver nenhum serviço para conter o deslizamento e solucionar o problema, que já deixou a estudante Denise Duarte diversas vezes com grandes prejuízos devido à enxurrada que desce da barreira - que é base para um caixa d’água desativada da Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema).

“A sensação é de muito medo, porque a gente, morador da rua, sabe que o deslizamento é algo que pode acontecer a qualquer momento, e que só piora com a chuva”, destacou a estudante. Para ela, órgãos municipais e estaduais deveriam direcionar maior atenção para o problema, que pode, inclusive, ocasionar em situações mais graves. “A caixa d’água só dificulta a nossa situação e contribui para o deslizamento, e a Defesa Civil só distribui plástico [que serve para impermeabilização da água]”, completou.

A Rua São Raimundo, na Vila Lobão, é outro ponto onde várias residências estão acometidas pelo mesmo risco de deslizamento. No verão passado, de intensos volumes de chuvas, moradores do local tiveram grandes prejuízos, que os obrigou a desembolsar o que não para se preparar para as chuvas desse ano, como foi o caso da aposentada Maria José Rodrigues Santos.

“A gente tem muito medo de morar em área de risco, mas não tem outro lugar para morar que não seja esse. Eu e outros vizinhos já tivemos grandes prejuízos. Tanto que eu tive que fazer uma obra no quintal para tentar resolver diminuir o problema que o último deslizamento causou”, contou.

Outras áreas de risco
Em reportagem veiculada por O Estado no dia 5 de dezembro do ano passado, mais de 60 áreas da capital se encontravam em situação de risco. Durante a mesma reportagem, foram verificados pelo menos 120 imóveis, na Rua Thomaz de Aquino, no bairro Sá Viana, em situação de risco. As casas foram construídas na encosta de um morro que apresenta área com pouca vegetação e grande possibilidade de erosão.

O Estado indagou a Prefeitura de São Luís sobre o atual número de imóveis e áreas de risco na capital, além de saber que medidas a Defesa Civil tem adotado para ajudar na população lograda em tais áreas, mas até o fechamento desta edição não obteve retorno. A Caema também foi contatada para esclarecer sobre a possibilidade de a caixa d’água contribuir para o deslizamento na encosta, mas frisou ter visitado a área, com o apoio de técnicos da Defesa Civil, e após averiguação constatou que a erosão acontece fora da área que abriga o reservatório. Desta forma, o problema é na área externa. A
Defesa Civil já notificou ocupações irregulares nas encostas.

SAIBA MAIS

Nesta época, a principal causadora de deslizamentos é a chuva. De acordo com levantamento realizado pelo Núcleo Geoambiental da Universidade Estadual do Maranhão (Uema) no ano passado, São Luís é a quinta capital do país com maior registro pluviométrico.
Conforme a pesquisa, a capital maranhense registra, em média, 2.199,9 milímetros de chuva por ano, sendo superada no volume de chuvas anuais apenas pelas cidades de Belém, no Pará (com 3.084 milímetros), Macapá, no Amapá (com 2,549,7 milímetros), Manaus, no Amazonas (com 2.301,2 milímetros) e Recife, em Pernambuco (com 2,263mm).

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