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SÃO LUÍS - Paredes com mofo e descascadas: ambiente insalubre para mais de 50 pacientes, que ocupam uma das alas [/fotolegenda]Um completo descaso foi registado na última sexta-feira (4), por O Estado, na Santa Casa de Misericórdia, localizada no centro de São Luís. Após denúncia feita por acompanhantes de pacientes que estão internados no hospital, O Estado conseguiu acesso a uma área restrita, onde cerca de 100 pessoas, que estão sob cuidados do hospital Socorrão, estão internadas.
Segundo Clenilton Teixeira, que está acompanhando sua mãe, diabética e internada no local, a Santa Casa liberou duas alas para que pacientes que estavam sem leitos, no Socorrão, pudessem ficar internados. “São esses dois espaços, um com 60 leitos e outro com 40. Tentei falar com uma das administradoras da Santa Casa e ela disse que esse espaço foi alugado pela Prefeitura”, conta.
O homem, autor da denúncia, levou O Estado até onde seriam os banheiros, usados tanto por pacientes quanto por acompanhantes. A situação é crítica: apenas três privadas estão disponíveis, e suas portas não fecham; há dois chuveiros disponíveis para uso, mas a porta de um dos espaços está danificada, tirando a privacidade de quem vai utilizá-lo; o espaço onde deveriam ter três pias, tem apenas a cuba. Para escovar os dentes ou lavar as mãos, doentes e acompanhantes têm de usar dois tanquinhos de uma sala ao lado do banheiro, usada normalmente pela equipe de limpeza.
[e-s001]“Isso é um completo descaso com os pacientes. Você entra doente aqui e sai mais ainda, pela sujeira do local. Nós escovamos os dentes na mesma pia que o pessoal da limpeza usa para lavar os panos que passam no chão”, denuncia Clenilton Teixeira, indignado. Uma das duas pias disponíveis ainda é utilizada para descarte de material. Diversos frascos de remédios injetados nos pacientes são jogados nela.
As alas liberadas pela Santa Casa para os pacientes do Socorrão não têm estrutura para recebê-los na situação em que estão. Os enfermos são, em sua maioria, idosos e diabéticos. Apenas uma pequena parede de concreto separa os leitos, e muitos acompanhantes tiveram que trazer cadeiras de suas casas, por não terem onde sentar. No lugar onde seria o leito de número 46, foram deixados quatro tubos grandes de oxigênio, tirando a vez de algum doente que necessita de internação.
Internação
O local também só serve como espaço para internação. Qualquer procedimento ou exame ao qual são encaminhados tem de ser realizado no Socorrão ou Hospital Universitário. Porém, apenas uma ambulância foi disponibilizada para fazer o transporte de ida e vinda desses internados, congestionando o fluxo.
Fernanda Assis, que acompanha a internação da mãe, conta que já está há dois meses no local e nada foi feito. “A minha mãe também é diabética e tem de realizar um exame, que é feito apenas no Hosipital Universitário. Estamos há dois meses esperando e nenhuma resposta é dada”, reclama. A mulher conta ainda que durante todo esse período nenhuma benfeitoria foi feita na estrutura, para ajudar pacientes e acompanhantes. “São dois meses dentro desse hospital e a situação é a mesma. Os banheiros, inclusive, estão limpos, se comparado a outras vezes que já tive que utilizá-los”, completa.
[e-s001]Ademais, os acompanhantes também denunciaram a comida. Segundo eles, a alimentação, e a comida entregue aos pacientes não aparenta ser a adequada. “Todos os dias o almoço dos doentes é carne de soja, de dar nojo!”, diz Fernanda Assis.
O Estado entrou em contato com a diretoria do hospital. Segundo o provedor, Abdon Murad, o espaço foi cedido para a Prefeitura, sem nenhum custo. Contudo, a Santa Casa não tem como arcar com os gastos da internação de cada paciente encaminhado do Socorrão para o local. “Os remédios, os médicos e todos os outros custos com a internação dessas pessoas são uma obrigação do Socorrão. Nosso serviço foi liberar aquele espaço para a internação dessas pessoas”, diz Abdon.
A Secretaria Municipal de Saúde (Semus), que responde pelos hospitais Socorrão I e II, também foi contatada. Em nota, a Semus informou que vai encaminhar uma equipe ao local para verificar a situação e tomar as providências necessárias. Não houve esclarecimento se o órgão tinha ciência da precariedade da estrutura antes de alojar os internos do Socorrão no local.
Pacientes e acompanhantes sofrem com falta de estrutura na Santa Casa
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