Capitu

Operação PF prende Joesley Batista e o vice-governador de MG

Operação Capitu investigou o pagamento de propina a partidos e também políticos no período de agosto de 2014 a fevereiro de 2015

Atualizada em 11/10/2022 às 12h28
Joesley Batista é acusado de tentar atrapalhar investigação da PF
Joesley Batista é acusado de tentar atrapalhar investigação da PF (Joesley Batista)

Brasília

A Receita Federal informou nesta sexta-feira, 9, que a Operação Capitu, deflagrada pela manhã em conjunto com a Polícia Federal, tem por objetivo combater uma suposta fraude envolvendo doações irregulares por parte de empresa de processamento de proteína animal para diversos políticos e partidos.
De acordo com a Receita, duas grandes redes varejistas do Estado de Minas Gerais, por meio de seus controladores e diretores, participaram diretamente do esquema.
Suspeita-se que esta rede, devido ao grande movimento de dinheiro em espécie, utilizou-se deste fluxo para dar ar de licitude a valores doados a partidos e políticos, no período de agosto de 2014 a fevereiro de 2015”, diz a nota divulgada pela Receita.
Entre os alvos dessa operação estão o empresário Joesley Batista e o vice-governador de Minas Gerais, Antônio Andrade.
A Receita esclareceu que, pelo esquema, o dinheiro era repassado pelas redes varejistas aos partidos e políticos por meio da simulação de recebimento de duplicatas pela grande empresa de processamento de proteína animal e pela transferência financeira a seis escritórios de advocacia por serviços, supostamente não realizados, acobertados por contratos simulados e notas fiscais dos escritórios.
As investigações chegaram ainda a um esquema de pagamento de vantagens indevidas a altos dirigentes do Ministério da Agricultura por parte da grande empresa do ramo alimentício, com a produção de legislação e atos normativos que beneficiavam a empresa.

Defesa
O advogado de Joesley Batista, André Callegari, disse que causa estranheza a decretação de prisão temporária de um colaborador da justiça decretada justamente pelo TRF-1 onde a liberdade do empresário acaba de ser confirmada num recurso do Ministério Público.
“Joesley segue colaborando com a justiça em inúmeros inquéritos policiais onde os delegados têm reconhecido isso nos termos de depoimento. A defesa tem certeza que a liberdade será restabelecida e irá tomar todas as medidas para apurar o que houve nesse pedido de prisão que não era necessário”, disse o advogado.
Apesar das prisões na Operação Capitu, os acordos de colaboração premiada de Joesley Batista e Ricardo Saud, do Grupo J&F, ainda têm validade jurídica. O processo de rescisão dos acordos, iniciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), está em andamento, com provas e depoimentos em produção, e só será concluído quando o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) se pronunciar em julgamento.

Polícia diz que empresário mentiu e ocultou fatos

A Polícia Federal afirmou que as investigações da Operação Capitu deixaram claro que o empresário Joesley Batista, do Grupo J&F, "mentiu e ocultou fatos" na delação premiada que firmou no âmbito da Operação Lava Jato. O objetivo de Joesley era "tirar" a PF "da linha de investigação correta", afirmaram os delegados responsáveis pelo caso.
A Capitu, desdobramento da Lava Jato, investiga pagamento de propina a representantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), pelo setor de fornecedores de proteína animal, conforme a PF, em 2014 e 2015. Entre os presos está o vice-governador de Minas Gerais, Antônio Andrade, que foi ministro da pasta no governo Dilma Rousseff (PT).
O delegado regional da Polícia Federal em Minas Gerais, Rodrigo Morais, disse que a colaboração tinha a tendência de direcionar a investigação da Polícia Federal. “E tirar a Polícia Federal da linha de investigação correta, levando ao interesse desses colaboradores, colocando em risco a própria credibilidade da PF, responsável pela investigação, do Ministério Público e da própria Justiça”, disse o delegado Mario Veloso, responsável pela investigação.
“Isso (a investigação) prejudica a legitimidade dessa colaboração, embora muitas das provas apresentadas e declarações dos colaboradores sejam válidas independente dessa colaboração ser invalidada futuramente ou não”, afirmou Veloso.

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