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Caso ocorrido em bar tem repercussão e divide opiniões em SL

Proprietário alegou que jovens, estavam sentados à mesa praticando atos, que infligem a política interna; amigos afirmam que estavam apenas abraçados

Daniel Júnior / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h28
Amigo dos rapazes publicou desabafo em redes sociais sobre o fato
Amigo dos rapazes publicou desabafo em redes sociais sobre o fato (homofobia)

“Comportamento inadequado” teria sido o estopim do desentendimento, na última semana, entre um casal homoafetivo e o administrador de um bar, situado no bairro Vinhais, em São Luís. O proprietário do estabelecimento comercial alegou ontem a O Estado que os dois jovens estavam sentados à mesa praticando atos que infligem a política interna do bar. Por outro lado, um amigo do casal afirma que os jovens estavam apenas abraçados.

“Deixo claro que não tenho preconceito com ninguém. Cada um faz o que quer da vida, mas em ambientes propícios. Não é permitido aqui no bar que casais fiquem se agarrando, se beijando sem parar. O estabelecimento é familiar. Já funciona há quase 40 anos. E em nenhum momento eu os expulsei. Só pedi que parassem e que ficassem sentados normalmente na cadeira. Isso poderia ser com qualquer tipo de casais”, esclareceu Leonildo Peixoto Martins, de 67 anos, proprietário do bar.

Sobre a situação, um dos envolvidos, o publicitário Maurício Albino, explicou sua versão. “O caso de fato aconteceu, foi extremamente constrangedor e agressivo da parte do proprietário do bar. Eu estava acompanhado e o dono do bar se irritou de forma desmedida e grosseira porque eu estava apenas de mãos dadas e encostado no ombro do meu companheiro. Ele declarou em voz alta e gesticulando que ‘não admitia aquele comportamento, que isso era para ser feito em outro lugar’. Julgo ser um atentado ao dano moral e homofobia. Me retirei, juntamente com todas as pessoas que me acompanhavam, de imediato do estabelecimento. Por conta da situação e eu me posicionei nas minhas redes sociais, que foi amplamente compartilhado. Estou indo atrás dos meus direitos, de forma legal, e a partir de agora vou me posicionar na Justiça, mediante orientação do advogado que está tratando do caso”, frisou, a O Estado.

O caso tomou proporção e foi interpretado como preconceito, após um amigo do casal publicar a versão deles sobre o episódio, em uma postagem nas redes sociais, com a seguinte mensagem: “vim só avisar aqui que ontem a noite fomos no bar e nos expulsaram de lá porque um amigo meu estava abraçado com o boy dele. Enquanto isso vários casais héteros nos beijos. Enfim, já sabem, mais um lugar onde não somos bem-vindos”, diz a publicação, que foi postada na madrugada do dia 2 de novembro.

A publicação teve vários comentários e centenas de compartilhamentos. “Creio que tem que denunciar. Os espaços estão para ser ocupados por todos e ninguém deve se calar. Estamos por aqui, sempre apoiando!”, comentou uma seguidora. “Esse é meu medo, de não poder sequer segurar a mão da pessoa que amo. Triste, mas eu já sabia que isso aconteceria, não imaginei que seria tão rápido. Se tivesse sido cmg, teria registrado um B.O”, disparou outra.

“Se processarem o bar, eu digo na frente de qualquer policial ou juiz que eles não foram expulsos do bar e nem chamei atenção, pelo fato de formarem um casal homoafetivo. Poderia ser com hétero também. Tenho provas e testemunhas do que aconteceu. O estabelecimento tinha bastante gente”, finalizou Martins.
A Secretaria de Estado dos Direitos Humanos e Participação Popular informou, em nota, que dispõe de Ouvidoria de Direitos Humanos, Igualdade racial e Juventude para receber denúncias quanto à violação de direitos. Informou, ainda, que quaisquer atos de discriminação, em decorrência da orientação sexual em estabelecimentos comerciais, devem ser punidos conforme a Lei 8.444/06.

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