Entrevista

"Nova onda" política que tomou o Brasil irá chegar ao Maranhão, diz Adriano Sarney

Em entrevista a O Estado, deputado estadual oposicionista mais votado do Maranhão falou sobre política nacional, estadual e futuro.

José Linhares Jr

Atualizada em 11/10/2022 às 12h28
O deputado estadual Adriano Sarney (PV) foi o primeiro político maranhense com mandato ao manifestar apoio a Jair Bolsonaro.
O deputado estadual Adriano Sarney (PV) foi o primeiro político maranhense com mandato ao manifestar apoio a Jair Bolsonaro.

São Luís - Nos últimos dias o deputado estadual Adriano Sarney ganhou os holofotes ao ser o primeiro político com mandato ao declarar apoio a Jair Bolsonaro (PSL). Adriano também protagonizou uma discussão nas redes sociais com Fernando Haddad, candidato do PT a Presidência. Deputado estadual oposicionista mais votado nas eleições de 2018 no Maranhão, ele conseguiu um feito: aumentou a votação obtida em 2014. Para o próprio, a votação revela que sua postura crítica em relação ao governo Flávio Dino foi aprovada pelos seus eleitores e conquistou outros milhares.

Em entrevista a O Estado, Adriano falou de suas expectativas e avaliou as eleições.

O ESTADO - Como o senhor caracteriza o atual momento do país?

Deputado Adriano Sarney - A grande maioria da população está ávida por mudanças radicais na política. O resultado pode ser visto na nova composição do Congresso Nacional. Existem novas forças surgindo rapidamente e elas são a maioria. Um grupo menor, formado por setores de esquerda, tenta manter o lulismo. Acredito que os próximos quatro anos irão abrigar uma transição que será muito saudável para a democracia. A esquerda terá que rever seus posicionamentos e a direita terá que se acomodar no poder.

O ESTADO - Percebemos que o Maranhão ficou fora dessa onda. Que razões o senhor acha que determinaram essa situação?

Deputado Adriano Sarney - Além da força da máquina estadual ser muito forte aqui, a oposição titubeou. O nosso grupo seguiu com a sua linha histórica ao lado do Lula mesmo após o Haddad declarar apoio a Flávio Dino. Os candidatos que queriam representar uma terceira via também não conseguiram encarnar esse sentimento nacional.

Acredito que a soma dessas duas circunstâncias nos levou para uma eleição morna que beneficiou apenas ao governo.

O ESTADO - No primeiro turno a ex-governadora Roseana Sarney e o deputado federal Sarney Filho afirmaram que iriam apoiar o candidato do ex-presidente Lula. Na semana passada o senhor externou o apoio a Jair Bolsonaro. Há conflito de opiniões?

Deputado Adriano Sarney - Eu apenas ajustei a rota, Haddad preferiu apoiar Dino e sua vice é do PCdoB. O meu apoio foi pessoal e depois disso dezenas de correligionários me parabenizaram e já estão trabalhando pedindo votos para o Bolsonaro. Meu apoio é espontâneo e não quero nada em troca.

Em relação a outros membros do grupo que decidiram seguir outro caminho, acredito que é normal. Eu sou um democrata e divergências não me incomodam. Veja só, o nosso grupo é formado por uma pluralidade de opiniões em relação aos candidatos a presidente. Tem gente que apoia Haddad e outros o Bolsonaro. Do lado do governador tem muita gente doida para manifestar apoio a Bolsonaro, mas sabe que se fizer isso correrá o risco de ter a carne devorada pelos leões.

Aí fica a pergunta: qual a postura mais sadia? Quem é democrata e quem é totalitário?

O ESTADO - E qual a avaliação que o senhor faz aqui no Maranhão? O que deu errado? Alguma coisa deu certo?

Deputado Adriano Sarney - Perdemos a eleição, mas continuamos como uma força política importante no Maranhão. Prestamos um serviço à democracia. Se não fosse a Roseana, o Sarney Filho, o Lobão, os nossos candidatos a deputado, o empenho de nossos correligionários, o governo não teria se empenhado tanto para mostrar serviço.

Nosso grupo garantiu, junto aos outros candidatos, a possibilidade de escolha ao eleitor. Isso por si só já é um mérito.

Pelo lado do governo, eu apenas lamento que nunca antes a máquina pública havia sido usada de forma tão descarada em busca do voto. Eles sabem o que fizeram e vão ser assombrados por seus abusos durante muito tempo.

O ESTADO - E em relação ao futuro, a população pode esperar uma reciclagem? Haverá ainda um “grupo Sarney” ou o curso da história irá desencadear uma nova situação?

Deputado Adriano Sarney - Quando Flávio Dino ganhou a sua primeira eleição para o governo declarei que não existiria mais um grupo Sarney. Quem deu a Roseana a chance de voltar foi o péssimo governo dele. O nosso grupo continua firme, mas é claro que precisamos fazer uma reciclagem, renovar, tanto as pessoas como as nossas atitudes e posicionamentos. Uns vão sair, outros vão ficar e outros certamente vão chegar.

O que importa é que nossa proposta seguirá existindo. E em relação a “grupo”, eu acredito que a história irá se encarregar de fazer os ajustes.

O ESTADO - Como deverá ser sua postura em relação ao governo Flávio Dino? O que seus eleitores podem esperar?

Deputado Adriano Sarney - Uma postura de oposição responsável como sempre fiz. Tive uma votação maior do que a última, isso significa que a população aprovou meu trabalho. Mas é claro que amadureci muito durante meu primeiro mandato.

E eu, sinceramente, quero entender melhor esse fenômeno que acontece no Brasil. Essa "nova onda política" irá chegar ao Maranhão. Em maior ou menor escala? Só o tempo irá dizer.

A verdade é que aprendi em casa a sempre estar atento ao que acontece, a nunca me fechar em uma redoma e acreditar que a expressão de minha vontade é espelho do real. Vou seguir sendo responsável e trabalhando para honrar os votos que tive.

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