Impasse

Extensão da Litorânea causa indignação a comerciantes

Comerciantes de estabelecimentos estão sendo desalojados para a execução do prolongamento da avenida

Daniel Júnior

Atualizada em 11/10/2022 às 12h28
Bares/restaurantes já foram demolidos por máquinas para obras de prolongamento da Litorânea
Bares/restaurantes já foram demolidos por máquinas para obras de prolongamento da Litorânea (Obras/De Jesus)

SÃO LUÍS - Proprietários e arrendatários de bares e restaurantes instalados no trecho de prolongamento da Avenida Litorânea, em São Luís, estão indignados, por causa da execução da segunda fase da obra de extensão da via, fruto de uma parceria entre o Governo do Maranhão e a Caixa Econômica Federal. Conforme os comerciantes, é no período de final de ano que aumenta a demanda de clientes e, consequentemente, o faturamento. Eles afirmam que a intervenção é uma obra eleitoreira.

Aproximadamente, 25 estabelecimentos comerciais foram demolidos e outros já estão na berlinda, de acordo com o grupo que atua na área. O Estado constatou demolição de estabelecimentos comerciais e placas com informação sobre a obra.

“Eu demiti funcionários porque já sei que não vou poder continuar aqui. Não esperaram nem até dezembro para que saíssemos. Neste período de final de ano é que faturamos mais. Só estamos ainda aqui até hoje porque pedi para a empresa, já que já tinha sido programada uma festa. Muitos pais de família ficaram na mão”, desabafou Ana Cláudia Figueiredo Furtado, locatária de um bar e restaurante.

“ É uma falta de responsabilidade essa obra. Deveriam ter feito um acordo com os comerciantes para formular um cronograma. Demiti pais de família que tiravam seu sustento trabalhando comigo. Já tive a informação que a obra não vai começar agora e estão fazendo isso por causa da campanha política. Quando passar as eleições, é provável que abandonem. Estamos no prejuízo”, afirmou Arilma Avelar, proprietária de um bar/restaurante na área.

No dia 19 de setembro deste ano, O Estado mostrou que mesmo com obras impedidas pelo Ministério Público Federal (MPF), por pendência no licenciamento, o Governo do Estado obrigava moradores e proprietários de bares e restaurantes na Avenida Atlântida, na praia do Olho d’Água, a se retirarem do local para que as obras fossem iniciadas para prolongamento da da Avenida Litorânea.

Apesar dos impasses jurídicos, a Agência de Mobilidade Urbana (MOB) solicitou à Companhia Energética do Maranhão (Cemar) o desligamento de energia das residências e bares que ainda não foram desocupados.

Posteriormente, o governo informou que obteve uma liminar na Justiça Federal que autorizou a continuar com a realização dos serviços. Comerciantes que atuam na área há 30 anos alegaram que o projeto apresentado não os beneficiará. A segunda fase da obra tem previsão para ser concluída em junho de 2020.

O Estado entrou em contato com a Justiça Federal para confirmar a afirmativa do Governo do Estado, porém, até o fechamento desta edição não houve resposta. O Ministério Público Federal (MPF) disse que será realizado um levantamento de informações para averiguar a liminar.

De acordo com o último projeto de reestruturação da Avenida Litorânea, as obras deveriam ter sido concluídas este ano, mas, até o momento, não chegaram nem mesmo a ser iniciadas. Entre as etapas, constava a extensão em 1,8 km da via para que chegasse à Avenida São Carlos, no bairro Olho d’Água. Para isso, moradores e comerciantes da área foram indenizados.

SAIBA MAIS

- Orçada em R$ 59 milhões, a obra extensão da Litorânea prevê a implantação do sistema de tráfego binário e transporte tipo BRT (Transporte Rápido por Ônibus), que passará a funcionar somente após o término das intervenções nas vias.

- A fase 1 seria destinada à extensão da Avenida Litorânea até o Olho d’Água (1.780m) e ampliação da Avenida Colares Moreira – Estaca 2 até a Ponte do Rio Calhau (1.040m).

- Já a fase 2 abrange a reestruturação da Avenida Litorânea existente entre o Rio Pimenta e a Ponte do Rio Calhau (2.665m); Avenida Colares Moreira – Estaca 1 (Rotatória do Calhau) até a Estaca 2 (905 metros), e a Avenida São Carlos, no Olho d’Água(850m).

- As intervenções na infraestrutura viária devem permitir a implantação do BRT e de um sistema binário, que consiste em transformar vias paralelas e próximas, de mão dupla, em vias de sentido único, com a função de contribuir no melhor uso do espaço da via e na diminuição de conflitos entre veículos, pedestres e ciclistas.

- As vias contarão com semáforos inteligentes conectados aos ônibus, que terão prioridade sob os outros veículos, resultando em um transporte mais rápido.

Frase

“ É uma falta de responsabilidade essa obra. Deveriam ter feito um acordo com os comerciantes para formular um cronograma. Demiti pais de família que tiravam seu sustento trabalhando comigo"

Arilma Avelar

Proprietária de um bar/restaurante na área

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.