ESTIAGEM

Estiagem aumenta incidência de queimadas no Maranhão

Maranhão chega ao segundo lugar no ranking de estados com maior número de queimadas; número de focos de queimadas aumenta durante o segundo semestre devido ao período de estiagem, e a capital segue a tendência

MONALISA BENAVENUTO / O ESTADO

Atualizada em 11/10/2022 às 12h29

O Maranhão registrou 9.785 focos de queimadas apenas no primeiro trimestre de 2018. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o estado ocupa o segundo lugar no ranking de queimadas do país. Para explicar um pouco mais os perigos referentes às queimadas, O Estado ouviu o capitão Lisboa, do Corpo de Bombeiros Militar do Maranhão (CBMMA).

Segundo o Inpe, o Maranhão fica atrás apenas do estado do Mato Grosso, que registrou mais de 7.300 focos de queimadas no primeiro trimestre. Nas regiões sul e sudoeste do estado, as queimadas ameaçam também reservas indígenas e áreas de proteção ambiental. Por isso, a vigilância e prevenção são fundamentais para evitar a ocorrência.

De acordo com o instituto, os municípios de Mirador e Balsas estão incluídos entre os 10 do Brasil com o maior número de queimadas. Em Mirador, onde existe um parque estadual com mais de 437 mil hectares, foram registradas 409 ocorrências neste ano. Já na cidade de Balsas, que concentra as maiores plantações de soja, milho e algodão do estado, são 383 focos de queimadas.

Entre os estados com maior quantitativo de focos de queimadas na região nordestina, o Maranhão ocupou o primeiro lugar, com 9.785 no segundo trimestre de 2018. Foi o que apontaram dados do Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartográficos (Imesc).

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De acordo com o capitão Lisboa, do CBMMA, o número de focos de queimadas aumenta durante o segundo semestre do ano devido ao período de estiagem, e a capital segue a tendência. “Na região metropolitana, alguns fatores contribuem para a propagação do fogo e maior incidência de focos de incêndio. Entre eles podemos destacar a baixa umidade relativa do ar, as altas temperaturas e os ventos fortes”, ressaltou.

Ocorrências na Ilha
Em São Luís, o Corpo de Bombeiros chegou a atender 750 ocorrências em 2017, sendo cerca de 95% concentradas no segundo semestre do ano. Estatísticas que reforçam medidas especiais para o período, como explicou Lisboa.

“Nós ajustamos e reforçamos equipes nas nossas unidades contra incêndio, que ficam à disposição desse tipo de ocorrência durante o segundo semestre do ano. Além disso, o Corpo de Bombeiros adquiriu recentemente três Auto-Bombas Tanques (ABT), caminhões contra incêndio, cada um com capacidade de 5.000 litros para reforçar o serviço de combate a incêndio,
sobretudo em áreas de vegetação da região metropolitana”, esclareceu o capitão.

Além dessas medidas, o Corpo de Bombeiros vem realizando campanhas para orientar e conscientizar a população a respeito dos riscos de incêndios durante o segundo semestre e como evitar esse tipo de ocorrência.

Entre as recomendações principais, o capitão do CBMMA destacou que costumes como jogar pontas de cigarros, principalmente em ambientes onde há vegetação seca, abandono de fogueiras sem certificação de que o fogo foi apagado, e realização de queimadas de lixo, que é uma causa muito recorrente nos atendimentos, devem ser extintos. “As pessoas não dão a devida atenção para essas ações, fazem a queima do material para reduzir o volume de lixo e, com os ventos fortes e a vegetação seca, o fogo acaba se propagando”, ressaltou.

As consequências das queimadas variam desde acidentes de trânsito, em casos de incêndios em vias movimentadas da cidade, a prejuízos irreversíveis ao meio ambiente e à saúde da população, principalmente para idosos e crianças. Portanto, é essencial que se tenha atenção durante o período de seca.

SAIBA MAIS

Para fazer denúncia sobre incêndio florestal ou queimadas sem autorização do órgão ambiental, entre em contato com a Ouvidoria da Sema pelo número (98) 3194-8900 – ramal 8911. Em caso de emergência, contate o Corpo de Bombeiros pelo 193.

[e-s001]Com clima seco a atenção é redobrada à saúde infantil

Crianças e idosos são os mais afetados neste período; problemas respiratórios, dermatológicos e quadros de desidratação são os mais comuns

O período sem chuvas, de junho a novembro, afeta diretamente a saúde da população maranhense, principalmente as crianças. Doenças respiratórias, problemas de pele e mal-estar são as principais reivindicações dos pequenos após o fim do período chuvoso. Para orientar pais e familiares, a médica pediatra do Hapvida Saúde Alinne Barros tratou sobre o assunto.

Apesar das chuvas que ainda atingem o Maranhão, o mês de agosto é tido como um período de intensa seca para a região nordestina. Nesta época do ano, hospitais, prontos socorros e unidades de atendimento costumam registrar um fluxo maior de crianças com queixas relacionadas a problemas respiratórios, dermatológicos e quadros de desidratação.

A pediatra Alinne Barros esclareceu algumas dúvidas e orientações importantes para evitar problemas de saúde durante o período de estiagem. Calor e baixa umidade do ar são fatores climáticos comuns nesta época do ano. Tudo isso associado a queimadas frequentes - que também ocorrem por influência das altas temperaturas e do tempo mais seco - causam diversos problemas à saúde, em especial, os problemas respiratórios.

“A maioria das doenças respiratórias do período é provocada por vírus. Eles afetam crianças e idosos com mais intensidade. Rinites alérgicas, laringites, faringites, bronquites e asmas são as doenças mais comuns. É quando mais se tem bronquiolites, uma inflamação nos brônquios, um problema pulmonar”, esclareceu a pediatra.

Ainda de acordo com a especialista, fatores relacionados às queimadas podem agravar o estado de saúde da população, principalmente dos pequenos, que possuem maiores fragilidades e menor defesa no organismo.
“Folículos das queimadas, além de tóxicos, funcionam como alergênicos e ativam doenças respiratórias. Crianças são mais afetadas porque estão com a imunidade em fortalecimento; já em idosos, o sistema de defesa é debilitado pelo envelhecimento natural dos órgãos”, destacou Alinne Barros.

A especialista orienta que pais e familiares fiquem atentos aos sintomas, pois, quanto mais cedo forem diagnosticados, mais rápida é a recuperação. “Quando os sinais forem dor de cabeça, tosse, rouquidão, cansaço, deve-se fazer um tratamento sintomático para evitar o agravamento das doenças. Já quando os sintomas febre alta e dificuldade para respirar, por exemplo, não se deve deixar de buscar ajuda médica urgente, pois esses são sinais de doenças mais graves, como pneumonia, por exemplo”, ressaltou a pediatra.

Cuidados com a pele também devem ser intensificados neste período. O maior órgão do corpo humano pode ser facilmente prejudicado pelas altas temperaturas e baixa umidade do ar. Por isso, a médica esclareceu que a ingestão de líquidos é imprescindível. “Em tempos mais secos, a pele também costuma sofrer. O ideal é consumir ainda mais líquidos, como água e suco natural, para hidratar o corpo”, reforçou.

Além disso, a atenção deve ser redobrada em relação à exposição solar em horários inapropriados. De acordo com Alinne Barros, o ideal é se expor somente até 9h e após as 16h. “Com as temperaturas mais elevadas, há riscos de insolação, que é o superaquecimento interno do corpo. Além disso, a radiação solar ultravioleta pode favorecer, a longo prazo, doenças como o câncer de pele, por exemplo”, explicou.

Outro ponto que deve ser lembrado é a higiene. Em tempos mais quentes, também é maior a quantidade de bactérias que se proliferam. “Reforce a higiene com a limpeza dos vegetais e cuidado com os locais que você frequenta. Se houver água suja corrente, como a de esgotos estourados, evite contato”, finalizou a pediatra.

SAIBA MAIS

Hidratação: é muito importante que o consumo de água esteja em dia durante os períodos mais secos. Além de água mineral, água de coco, sucos naturais e frutas podem ajudar na hidratação do organismo.
Umidificação do ambiente: os vaporizadores e até as bacias com água são muito úteis em casa, especialmente na hora de dormir. Porém, é necessário o cuidado com a limpeza do vaporizador, para que o mesmo não acumule microrganismos que tragam prejuízo à saúde.
Soro fisiológico: para evitar o ressecamento dos olhos e das narinas, recomenda-se o uso de soro fisiológico. Nos olhos, a administração do soro é mais efetiva do que a de colírios, que se usados em excesso, podem ir contra a umidificação. Para o nariz, é importante que seja feita a limpeza com o soro de 4 a 6 vezes por dia, eliminando assim a atuação de bactérias.
Higiene: além de manter às mãos lavadas constantemente, a casa também deve ser limpa com maior frequência nos períodos de estiagem. Quanto mais seco o clima, mais ácaros e fungos aparecem.

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