ESTIAGEM

Seca castiga o Reservatório Batatã e afeta população de SL

Reserva pluviométrica não atinge nível positivo desde 2009; situação é resultado de quinquênio (2012 a 2016) com chuvas abaixo da média; população sofre com falta de abastecimento de água, que piora com a estiagem

MONALISA BENAVENUTO / O ESTADO

Atualizada em 11/10/2022 às 12h29
Batatã não tem condições de uso regular, com apenas 4,20 metros  de água
Batatã não tem condições de uso regular, com apenas 4,20 metros de água (Batata)

O período de chuvas findou, e a seca já começou a atingir o Maranhão, assim como outros estados nordestinos. Fenômenos naturais e características regionais são responsáveis pela estiagem durante o segundo semestre do ano. Período agrava o desabastecimento hídrico em diversos bairros de São Luís.

Os especialistas denominam a área onde a estiagem é intensa como Polígono da Seca, o que inclui parte do Nordeste. No Maranhão, a área abrange princialmente a região nordeste e sudeste.

De acordo com Márcio Eloi, meteorologista do Laboratório de Meteorologia da Universidade Estadual do Maranhão-Uema (Labmet), um dos fatores que provocam a seca do Nordeste é a pouca força que algumas massas de ar úmido possuem, favorecendo o predomínio de massas de ar quente, resultando em secas na região central do Brasil, incluindo parte do Maranhão.

“Além disso, nesse período do ano, há ausência de sistemas típicos causadores de chuva no estado, a exemplo da zona de convergência intertropical, reduzindo a incidência de chuvas”, explicou o meteorologista.

Entre os reflexos desses fenômenos, o desabastecimento hídrico é uma das principais dificuldades enfrentadas pela população. Devido aos baixos níveis de água armazenada para distribuição, o registro de falta d’água torna-se frequente em diversos bairros da capital, principalmente na região central.

Sem água
Morador da Madre de Deus, o vigilante Toiel de Jesus Santos, constantemente sofre com o desabastecimento. Nessas ocasiões, precisa buscar água em um hospital nas proximidades, para suprir necessidades higiênicas. "É uma dificuldade total. Toda vez é isso, falta na cidade toda, mas aqui no bairro é pior. É o primeiro lugar a faltar. O jeito é pegar no hospital, aí a gente leva no carro de mão, na cabeça, como dá. E para beber, é o jeito comprar água mineral", contou Santos.

De acordo com a Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema), o nível de água atual do Reservatório do Batatã é de 4,20 metros. As condições satisfatórias para o uso regular do reservatório seriam de 8 metros. Esse baixo volume de água se configura como um estado inoperante, situação que vem perdurando desde 2013, devido ao regime irregular e insuficiente de chuvas em São Luís.

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O meteorologista Márcio Eloi explicou que a situação é resultado de um período de pouca precipitação em anos anteriores. “Vivenciamos, desde 2012 até 2016, um quinquênio seco, com chuvas abaixo da climatologia em grande parte do estado. Dessa forma, a compensação hídrica com as chuvas verificadas na estação chuvosa do biênio 2017, 2018, não foram suficientes para que o reservatório atingisse o nível ideal”, esclareceu.

Por causa disso, o abastecimento em regiões como o Centro e adjacências tem necessitado de maiores contribuições, tanto da bateria de poços instalados dentro da Reserva Estadual do Bacanga, quanto do Sistema Italuís, que, com a nova adutora, aumentou em 30% o volume de água ofertada e encurtou o tempo sem água em áreas de rodízio.
Com o aumento da vazão, a Caema intensificou o monitoramento e reparos de vazamentos, tanto em redes tronco, quanto em redes finas. Essa medida melhora a chegada de água em pontos mais distantes dos reservatórios.

Além disso, a companhia ressaltou que realiza operações para combater fraudes ou furto de água, visando garantir a normalidade mínima no abastecimento.

SAIBA MAIS

O Reservatório Batatã foi construído em 1964 pelo Departamento Nacional de Obras e Saneamento (DNOS). Tem comprimento de 485 metros e altura máxima de 17 metros, o que possibilita o acúmulo de água de 4.600.000 m³. O reservatório tem capacidade para retirar até 283 litros/segundo no período chuvoso, e em média 52,5 litros/segundo na estiagem. Atualmente, a reserva disponível atinge 4,2 metros, o que representa cerca de 30% de sua capacidade total. De acordo com a Caema, a última vez em que o Reservatório Batatã atingiu o maior nível de água ocorreu em 2009, quando houve extravasamento.

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