MADRI - O governo da Espanha aprovou na sexta-feira,24, um decreto que assegura que os restos mortais do ditador Francisco Franco serão retirados do polêmico mausoléu instalado em uma montanha perto de Madri, onde também estão corpos de vítimas da Guerra Civil Espanhola.

O governo irá consultar os descendentes do ditador, que terão um prazo de 15 dias para decidir onde eles devem ser enterrados e, caso não obtenha resposta, irá escolher o local.

A medida precisa ser aprovada pelo Parlamento, onde o primeiro-ministro Pedro Sánchez só tem um quarto das cadeiras, mas é improvável que seja rejeitada.

"Apenas os restos mortais de pessoas que morreram em resultado da Guerra Civil Espanhola ficarão no Vale dos Caídos", disse em uma coletiva de imprensa a vice-chefe de governo, Carmen Calvo.

"Um ditador não poder ter uma tumba de Estado em uma democracia consolidada como a espanhola. É incompatível", declarou Calvo.

Ela disse ter certeza que o Parlamento vai ratificar o decreto, provavelmente no próximo mês. E que o processo legislativo para tornar o monumento "um local de celebração, lembrança e homenagem às vítimas da guerra" deve ser concluído até o final do ano.

Calvo ainda disse que o governo está acelerando o processo, porque quer "acabar com uma circunstância que não pode continuar aberta".

Cerca de 34 mil corpos, de pessoas dos dois lados da Guerra Civil, estão enterrados no complexo chamado de "Vale dos Caídos", que inclui o mausoléu e uma basílica de estilo neoclássico.

O decreto, que outorga ao governo o direito de exumar os restos mortais de Franco, tem o objetivo de diminuir com as tentativas dos descendentes e partidários do ditador para impedir sua retirada.

Francisco Martínez Bordiú, um neto de Franco, disse em entrevista à TV Antena 3 que os planos de exumação do governo são "bárbaros" e que os familiares estudarão as opções legais para impedi-lo.

Monumento polêmico

O "Vale dos Caídos" é um enorme monumento público construído a pedido de Franco para homenagear os mortos da guerra civil, em que derrotou o governo democrático espanhol.

Durante seu governo, do final da guerra civil, em 1939, à sua morte, em 1975, dezenas de milhares de pessoas foram mortas ou aprisionadas em meio a uma campanha para acabar com opositores.

A construção é assinalada por uma cruz de 152 metros de altura e instalada na encosta de uma montanha a 50 km de Madri. Críticos dizem que trata-se de uma construção polêmica por ser o único monumento a um líder fascista ainda existente na Europa. Também é um local de peregrinação de neonazistas.

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