Tormento

Psicólogo acompanhará docentes vítimas de violência nas escolas

Sindeducação contratou profissional para acompanhar docentes traumatizados, com síndrome do pânico e a saúde mental abalada; há casos de educadores que cogitam abandonar carreira por causa do alto índice de violência nas escolas

Daniel Júnior / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h29

Apreensivos pelos constantes casos de violência nas escolas municipais de São Luís, como assaltos, tráfico de drogas, brigas entre alunos, ameaças e até mesmo sequestro, professores estão traumatizados, com síndrome do pânico e a saúde mental ameaçada. Diante da situação, o Sindicato dos Profissionais do Magistério do Ensino Público Municipal da capital maranhense (Sindeducação) contratou um psicólogo, a fim de oferecer tratamento para esses profissionais, que, segundo a presidente da entidade, Elisabeth Castelo Branco, vivem com medo e atribulados.

Os educadores estão com dificuldades para exercer suas atividades, e muitos deles cogitam abandonar a carreira. “Tivemos registros, aqui no sindicato, de diversos professores assaltados no ambiente de trabalho e na porta da escola. Um caso que chamou atenção foi o de uma professora, que foi raptada”, disse ela, que complementou: “Além disso, os educadores sofrem com a falta de condição de trabalho e a insegurança que reina nas unidades de ensino. A escola não oferece dignidade, nem aos professores e nem aos alunos, que querem estudar. Isso está gerando um desgaste físico e emocional, prejudicando o aprendizado e a ministração das aulas. Contratamos um psicólogo para oferecer tratamento aos profissionais, que estão assustados e com dificuldades de exercer a sua profissão”, explicou Elisabeth Castelo Branco.

“Já não aguentamos mais tanto descaso nas escolas municipais. Vivemos com medo, porque os vândalos fazem o que querem e atrapalham até quem quer estudar, ser alguém na vida. É muito difícil. Quando vejo que está demais, eu não discuto. Prefiro ir à direção e falar o que está acontecendo. Já vi um caso de um aluno que queria bater em um professor. Muito triste”, frisou uma professora, que preferiu não se identificar.

Ranking
O Batalhão Escolar, órgão vinculado ao Comando de Segurança Comunitária (CSC), da Polícia Militar do Maranhão (PMMA), é responsável por manter a segurança nas escolas de São Luís e também da Região Metropolitana. Em reportagem de O Estado, publicada no dia 4 de agosto, responsáveis pela execução dos serviços do Batalhão Escolar divulgaram que o uso de drogas nas salas de aula lidera o ranking das ocorrências mais registradas nas unidades de ensino. Apenas no primeiro semestre deste ano, 22 casos foram contabilizados. Briga de alunos foi a segunda ocorrência, com 18, e ameaças em terceiro lugar, com 17 casos.

“Os professores se sentem impotentes. Ficam de mãos atadas. Além dos problemas de infraestrutura, como falta de iluminação, ventilação, déficit de materiais nas escolas, eles têm que trabalhar com medo de serem vítimas, o próximo alvo da violência que atinge as escolas da Rede Municipal de São Luís. Tem que ter mais segurança, para os educadores e estudantes que querem de fato estudar”, apontou Elisabeth Castelo Branco.

Sem aulas
O Sindeducação informou também que, em razão de obras, diversas escolas da capital maranhense estão sem aulas. Algumas, inclusive, nem iniciaram o ano letivo. “Aproximadamente 12 escolas estão com as aulas suspensas, por causa de obras. Ninguém sabe quando serão concluídas. Os estudantes são os mais afetados. A Unidade de Ensino Básica Professor Mata Roma, na Cidade Operária, está numa situação precária. Não tem infraestrutura boa. A Darcy Ribeiro, na Avenida Africanos, está com a quadra destruída”, ressaltou.

SAIBA MAIS

Ranking das ocorrências mais registradas nas escolas da Grande São Luís no primeiro semestre deste ano:
1. Uso de Drogas – 22 ocorrências
2. Briga de Alunos – 18 casos
3. Ameaça – 17 ocorrências
4. Furto interno – 14 casos
5. Indisciplina (conflitos) – 14 ocorrências
6. Pertubação de sossego – 6 casos
7. Tráfico de Drogas – 5 ocorrências

Fonte: Batalhão Escolar, da PMMA

FIQUE SABENDO

Conforme dados do Batalhão Escolar, nos seis primeiros meses de 2018 seis estudantes foram encaminhados ao Conselho Tutelar, dois conduzidos à delegacia, quatro levados à Delegacia do Adolescente Infrator (DAI) e 52 palestras realizadas pelo órgão nas escolas. O Batalhão Escolar atende a escolas públicas, comunitárias e particulares, quando solicitam. O chamado pode ser por meio do telefone 3268.6061 ou pelo e-mail rondaescolarpmma@gmail.com.

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