Violência

Estudantes relatam rotinas de medo e terror no caminho da escola

Eles têm de conviver com o medo de serem assaltados na entrada ou saída da escola, no Bequimão; a falta de segurança levou os estudantes a realizarem protesto

Atualizada em 11/10/2022 às 12h52

Diariamente, os estudantes do Centro de Ensino Professora Maria Helena Duarte, no Bequimão, convivem com o medo de assaltos quando chegam ou saem da escola. O temor já é tanto que ontem eles resolveram fazer uma manifestação pedindo segurança na região. Quem mora na área também reclama da convivência com os crimes.

Entre os estudantes que participaram do ato público, eram poucos aqueles que não haviam sido assaltados ou sofrido uma tentativa de assalto na entrada ou saída da escola, pelo menos uma vez na vida. Já para aqueles que já foram vítimas dos criminosos, não resta outra opção a não ser conviver diariamen­te com as lembranças dos momentos de terror vividos e rezar para não cair novamente nas mãos de assaltantes.

Matheus Reis dos Santos cursa o 2º ano e contou que há aproximadamente um mês, quando estava a caminho da escola, juntamente com outros dois amigos, por volta de 13h, sofreu uma tentativa de assalto. Criminosos, em um Corsa classic, abordaram o grupo e exigi­ram a bolsa e os celulares.
Matheus e outro amigo conseguiram correr para dentro da escola e escapar do assalto. Mas o outro amigo não teve a mesma sorte e foi alvo dos bandidos: teve a bolsa e o celular roubado e os assaltantes deixaram nele o trauma e o sentimento de impotência.

Nesse dia, Mateus Levi, que cursa o 1º ano, foi o alvo dos criminosos e contou que não teve tempo de esboçar nenhuma reação ao ser abordado pelos criminosos. “Eles chegaram rápido, pediram para nin­guém correr e passar a bolsa”, relatou o estudante.

Sirian Ribeiro, estudante do 2º ano, também foi vítima dos criminosos na região. Ela disse que estava indo para a escola quando foi abordada com por um casal em uma motocicleta. A mulher na garupa empunhava uma arma de fogo e exigiu da garota o celular. A estudante, não tendo outra opção e temendo pela vida, entregou o aparelho. “Aqui não passa viatura da polícia. Os estudantes chegam ao colégio são assaltados. Quando saem também são assaltados”, contou.

Gleiciane Mesquita, do 1º ano, relatou que nunca havia sido assaltada no caminho da escola. Mas conhece qual é o sentimento de conviver diariamente com a falta de segurança na escola. “Será que é tão difícil arrumar segurança para os estudantes? O governo não está mudando em nada. Onde vamos chegar com essa situação? Não podemos ficar tranquilos, porque a qualquer momento um assaltante pode entrar pelo portão”, desabafou a estudante.

Protesto
Em meio aos relatos, os estudantes bloquearam a Avenida Contorno, no Conjunto Rio Anil (Bequimão) como forma de protesto pela falta de segurança na região. Ônibus, carros e motocicletas ficaram impedidos de passar pela via e os motoristas tiveram de encontrar outros caminhos para chegar ao destino.

“É melhor perder uma aula na vida, do que perder a vida em uma aula”. “Quantos alunos vão precisar morrer para abrir os olhos e ver que estamos lutando por coisas indispensáveis em uma escola?”. As mensagens estavam escritas em cartazes e refletiam o sentimento dos estudantes, que reivindicavam mais segurança na região durante um protesto realizado na tarde de ontem.

Os moradores da região também têm de conviver diariamente com a falta de segurança. “Há 30 anos eu moro aqui e nunca se chegou a uma situação como essa. Hoje ninguém pode mais ficar na porta da sua casa que é assaltado”, relatou um dos moradores que, com medo, preferiu apenas se identificar como Francisco.

A Polícia Militar (PM) foi chamada para o local e acompanhou a manifestação dos estudantes. Até o fechamento desta página, o protesto dos estudantes ainda continuava. O Estado procurou a corporação para saber como está o policiamento na área, mas não obteve resposta.

UM CRIME - morte na escola

No dia 22 de novembro, um homem foi executado com, aproximadamente, oito tiros, dentro da quadra do Centro de Ensino Professora Maria Helena Duarte. Ele foi identificado como Miller dos Santos, de 30 anos. Segundo testemunhas, dois homens em uma motocicleta se aproximaram da vítima e efetuaram os disparos. As causas ainda estão sendo investigadas.

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