Espionagem comunista

Sindicância poupa comando da Polícia Militar no caso de espionagem

CO Coronel Heron Santos foi responsabilizado em relatório junto a outros três oficiais da corporação; Heron já disputou uma eleição para deputado pelo PCdoB

Gilberto Léda da editoria de Política

Atualizada em 11/10/2022 às 12h30
Coronel Heron foi responsabilizado em sindicância
Coronel Heron foi responsabilizado em sindicância (Coronel Heron)

SÃO LUÍS - A sindicância instaurada pela Polícia Militar do Maranhão para apurar o escândalo de espionagem da oposição maranhense nas eleições deste ano apontou quatro responsáveis pelo crime. Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, a apuração poupou, no entanto, o comando da corporação.

O trabalho investigativo interno da PMMA diz que os quatro policiais envolvidos foram questionados e deverão apresentar sua defesa para que eventuais medidas sejam tomadas.

Candidato a deputado estadual em 2014, o coronel Heron Santos foi responsabilizado por ordenar, em abril, que comandantes informassem “as lideranças que fazem oposição (...), que podem causar embaraços no pleito eleitoral”. Ele era referenciado internamente como o "Coordenador das Eleições 2018".

De acordo com a publicação, Heron havia sido convidado informalmente pelo comandante-geral da PM do Maranhão, Jorge Luongo, a realizar um planejamento da chamada Operação Eleições 2018. O subcomandante-geral, Pedro Ribeiro, orientou outro coronel, Zózimo Neto, a dar o apoio necessário a Heron na tarefa.

Ainda segundo o apurado pela própria polícia, por iniciativa própria, sem submetê-la a aprovação de seus superiores, segundo a sindicância, Heron instruiu Zózimo a ampliar a orientação para unidades do interior.

Zózimo repassou a ordem ao tenente-coronel Emerson Farias Costa, que, na ausência do superior, assinou o ofício, extrapolando sua competência, “haja vista que não havia qualquer tipo de delegação de seu chefe imediato”, assinalou o investigador.

Segundo a apuração, o coronel Heron passou a cobrar Costa, a major Ana Paula Fróes Barros e um soldado sobre os resultados do monitoramento.

Em resposta, a major repassou o pedido de informações e, para isso, convocou reunião com PMs e determinou a elaboração de um e-mail para as unidades do interior.

Foram responsabilizados o coronel Heron, o tenente-coronel Costa, a major Ana Paula - por “ter faltado com a verdade” na reunião com PMs em que exigiu celeridade na cobrança das informações do interior - e o major Antônio Carlos Araújo Castro, “por ter utilizado sem autorização a assinatura do coronel Markus Lima”

Pelo menos dois oficiais da Polícia Militar ouvidos durante a sindicância que apurou a ordem para espionagem de opositores do governo Flávio Dino (PCdoB) nas eleições deste ano afirmaram que a determinação nunca havia sido dada em pleitos anteriores.

Novidade – Um trecho do Boletim Reservado nº 30, de 22 de junho de 2018, obtido pela reportagem de O Estado, contém um relato sobre os depoimentos dos tenentes-coronéis Cláudio Roberto de Faria Freitas e Raimundo Andrade de Aguiar e do coronel Carlos Eduardo Abreu Gomes.

Os três foram instados a esclarecer se a prática de fichar adversários do governo era uma novidade da gestão comunista ou se já era utilizada em administrações anteriores.

Segundo o documento, “nenhum deles confirmou que nos planejamentos de eleições anteriores era feita a solicitação contida no item 2 da planilha”.

O “item 2 da planilha” é justamente aquele em que se pedia aos comandantes de unidades policiais do interior do Maranhão a identificação e fichamento das “lideranças que fazem oposição ao Governo local ou ao Governo do Estado que podem causar embaraços no pleito eleitoral”.


Deputados criticam resultado de apuração interna da PM

Os deputados oposicionistas Adriano Sarney (PV) e Andrea Murad (PRP) comentaram, ontem, o resultado da apuração da Polícia Militar do Maranhão (PMMA) para o escândalo de espionagem envolvendo a corporação.

Eles criticaram a conclusão da sindicância, que responsabilizou oficiais da PMMA, mas poupou o comando da instituição.

“Essa versão é a mais conveniente para o governo, mas todos sabem que não aconteceu dessa forma. Sabemos que o Coronel Heron é pau mandado do Rubens Pereira, pai do deputado Rubens Jr, do PCdoB, e sabemos também que tudo isso foi a mando de Flávio Dino e do comando da PMMA”, disse a parlamentar do PRP.

Para Adriano, a sindicância acabou confirmando que a prática de “fichar” adversários foi uma novidade implantada pelos comunistas.

“A sindicância comprovou que esta prática é inédita no Maranhão e que a ordem veio de fora do comando, mas foi prontamente executada. Isto demonstra a perseguição e a desorganização vigente no governo comunista”, destacou.

Andrea Murad anunciou que formalizou um pedido para ter acesso ao inteiro teor da conclusão da sindicância e que seguirá cobrando posicionamento do Ministério Público do Maranhão e da Procuradoria Regional Eleitoral no Maranhão.

“Percebo que estão jogando toda a culpa nos policiais que apenas cumpriram ordens e por isso deverão sofrer as consequências, por via de regra, serão responsabilizados pelo regime disciplinar, no âmbito administrativo, por improbidade, por abuso eleitoral e até criminalmente. E vou continuar cobrando do Ministério Publico Estadual, da Procuradoria da República e do Ministério Público Eleitoral que investiguem o caso”, completou.

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