Tensão

Irã fica em acordo nuclear se benefícios forem mantidos

Presidente Hassan Rouhani condiciona permanecer em acordo depois que os EUA se retiraram do tratado; ministros se reunirão em Viena para rediscutir pacto amanhã

Atualizada em 11/10/2022 às 12h30
Presidente do Irã, Hassan Rouhani, ao lado de Sebastian Kurz, chanceler da Áustria, em Viena
Presidente do Irã, Hassan Rouhani, ao lado de Sebastian Kurz, chanceler da Áustria, em Viena (Hassan Rohani)

VIENA - O presidente do Irã, Hassan Rouhani, afirmou ontem que o país só permanecerá no acordo nuclear de 2015 se os benefícios ao governo iraniano forem garantidos pelos outros signatários, depois que os Estados Unidos se retiraram do tratado. Segundo Rouhani, a saída de Washington do acordo nuclear foi "ilegal".

Líder supremo do Irã pede punição para quem paralisar negócios. "Nem os Estados Unidos, nem nenhum outro país se beneficiaria dessa decisão de sair do acordo", disse Rouhani durante a coletiva de imprensa, que foi transmitida ao vivo na televisão estatal iraniana.

Ministros das Relações Exteriores da China, França, Alemanha, Reino Unido e Rússia se reunirão amanhã, 6, com autoridades iranianas em Viena para discutir como manter o acordo nuclear, depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deixou o pacto em maio. A chefe de política externa da União Europeia, Federica Mogherini, confirmou a reunião na quarta-feira em um comunicado após a agência de notícias estatal iraniana Irna anunciar a reunião um dia antes.

O ministro chinês das Relações Exteriores e conselheiro de Estado, Wang Yi, confirmou que participará da reunião em Viena e seu colega russo, Sergei Lavrov, também confirmou sua presença.

O governo iraniano solicitou a reunião, segundo diplomatas europeus, para discutir o pacto nuclear internacional e a decisão dos EUA em retoma as sanções contra a república islâmica, após o término dos prazos para negociações. As sanções entrarão em vigor em agosto, mas algumas empresas europeias que investem no Irã e têm grandes operações nos Estados Unidos anunciaram que vão encerrar seus acordos comerciais com Teerã.

A Comissão Europeia está propondo que os governos da UE façam transferências diretas de dinheiro para o banco central iraniano, para evitar penalidades dos EUA.

A União Europeia, uma vez que o maior importador de petróleo do Irã está determinada a salvar o acordo nuclear, desde que o Irã esteja em conformidade com o acordo de 2015 para evitar a desenvolver uma arma atômica.

Tensão diplomática

Considerada por Teerã de "capital importância" para a cooperação entre Irã e Europa depois que os Estados Unidos abandonaram o acordo, a visita do presidente ao continente europeu foi ofuscada pela recente detenção de um diplomata da embaixada do Irã em Viena, suspeito de estar envolvido em um projeto de atentado frustrado.

Algumas horas antes de receber Rouhani, Viena convocou com urgência o embaixador do Irã no país e anunciou que a Áustria retiraria o status de diplomata do funcionário em questão.

"Esperamos esclarecimentos completos sobre esse assunto", afirmou ontem o chanceler Sebastian Kurz, em entrevista coletiva com o presidente iraniano, acrescentando que este lhe "havia assegurado" apoiar a investigação.

Em suas declarações à imprensa, o presidente iraniano e seu colega austríaco, Alexander Van der Bellen, não abordaram o tema. Os dois chefes de Estado insistiram em sua vontade de fazer durar o acordo nuclear obtido com dificuldade em 2015, em Viena.

O diplomata é suspeito de ter estado em contado com um casal de belgas de origem iraniana detido em Bruxelas em posse de 500 gramas de explosivos. A dupla pretendia usar esse material para atacar uma reunião do grupo opositor Conselho Nacional de Resistência do Irã em Villepinte, ao norte de Paris.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.