DESCASO

Saneamento Básico ainda é problema grave no Maranhão

Pesquisa mostra que o Maranhão é o estado do nordeste com o índice mais alto de moradores em áreas de risco com esgotamento sanitário inadequado

oestadoma.com, com informações do Estadão

Atualizada em 11/10/2022 às 12h30
Os dados foram divulgados pelo IBGE
Os dados foram divulgados pelo IBGE (Perigo em áreas de risco)

SÃO LUÍS - Uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), divulgada nesta quinta-feira (28), mostrou que o Maranhão é o estado do nordeste com o índice mais alto de moradores que vivem em áreas de risco com esgotamento sanitário inadequado, cerca de 69,9%, ou seja, sem acesso à rede geral de esgoto ou fossa séptica, que são consideradas formas de esgotamento adequadas. Outro número preocupante é o de moradores em áreas de risco sem destinação de lixo adequada, cerca de 26,1%, o índice mais alto entre todos os estados do país.

Pelo menos 8,2 milhões de brasileiros vivem em áreas de risco de desastres naturais. Os municípios com o maior número de pessoas em risco de deslizamento, inundação e enxurrada são as capitais Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro.

A publicação "População em áreas de risco no Brasil" foi feita a partir do cruzamento de dados do Cemaden sobre 872 municípios com histórico de desastres naturais com as informações demográficas do IBGE do censo de 2010. O objetivo é prevenir ou mitigar tragédias naturais identificando e conhecendo em detalhes as regiões de maior risco e suas vulnerabilidades.

"Uma chuva forte pode ter desdobramentos diferentes, por exemplo, se ocorrer numa região em que há muitos idosos ou pessoas com deficiência de locomoção, que podem precisar de mais atenção no momento de um resgate", explicou a pesquisadora Marianne Assis, do Cemaden, responsável pelo monitoramento de mais de 40 mil áreas de risco. "Se a área em questão tem (ou não) esgotamento sanitário é fundamental para saber como responderá a uma chuva forte."

São nada menos que 183 variáveis sobre o morador, como faixa etária, sexo, nível de renda, grau de educação, entre muitas outras; além de outras 135 variáveis sobre o domicílio, tais como esgotamento sanitário, água encanada, coleta de lixo etc. "A falta de saneamento, por exemplo, pode provocar inundações e deslizamentos e também pode ser crucial no pós-desastre, se as pessoas estarão expostas a águas servidas e não tratadas", explicou Dennis Rodrigues, pesquisador do Cemaden. "Com essas informações, as ações da defesa civil podem ser otimizadas", disse Marianne Assis.

Salvador foi a cidade que apresentou o maior contingente absoluto de pessoas residindo em áreas de risco de deslizamento, inundações e enxurradas: 1,2 milhão de pessoas, o que representa 45,5% da população total da capital da Bahia. Em segundo lugar, surge a cidade de São Paulo, com 674 mil pessoas em área de risco (ou 6% da população). O Rio de Janeiro surge em terceiro lugar (444 mil pessoas ou 7% da população).

A Região Sudeste, que teve 308 municípios analisados, apresentou o maior contingente populacional residindo em áreas de risco; um total de 4,2 milhões de moradores, praticamente a metade do número de pessoas em risco em todo o País. O fato de capitais e áreas mais ricas do País estarem listadas como regiões de maior risco de desastres naturais não é contraditório, como explicam especialistas.

"Isso tem a ver, em primeiro lugar, com o próprio padrão de ocupação do País, pela costa", sustenta Cláudio Stenner, da Coordenação de Recursos Naturais e Estudos Ambientais do IBGE. "Salvador, por exemplo, é a cidade mais antiga do Brasil." Em São Paulo e Minas, por exemplo, há muitas construções em encostas (mais sujeitas a deslizamentos) e vales (onde é maior o risco de enchentes).

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