Copa do Mundo

A cidade e os torcedores se enfeitam para esperar o hexa

O Estado traçou alguns exemplos de interferência do principal torneio de futebol do mundo na rotina da cidade e constatou que a união comunitária é exaltada no período; São Luís está colorida em verde-amarelo para o Mundial

Thiago Bastos / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h30

[e-s001]Motivadas pelo sonho do hexa, famílias costumam usar a Copa do Mundo para se reunir, em prol do título verde-amarelo. São vias inteiras enfeitadas com as cores verde e amarela e torcedores cheios de esperança por se verem representados nos 23 atletas que começarão a disputa pelo título Mundial em 2018.

Para se ter uma ideia da referência que a Copa tem na vida dos ludovicenses, shopping centers da cidade, por exemplo, já divulgaram horários alternativos para a abertura de lojas. Tudo para adaptar a necessidade de lucros com as exigências dos consumidores, que querem comprar o “manto amarelo” antes da partida. Em alguns centros comerciais, telões serão instalados para quem quiser acompanhar a estreia brasileira neste domingo, 17.

Famílias inteiras se reúnem nos dias de jogos, seja para aquele tradicional churrasco, ou mesmo para aquela feijoada. Mesmo os que menos acompanham futebol durante o Mundial se rendem aos almanaques (para saber tudo sobre as seleções participantes do torneio) e ao clima nacionalista criado a partir da participação brasileira.

É comum ver, neste período, crianças e adultos com o mesmo uniforme verde-amarelo. O exemplo disso é a família de Rachel Cutrim. Ela – que em outras datas costuma ignorar partidas de futebol – durante o Mundial abre uma exceção. Ela e as filhas e sobrinhas decidiram, por essa razão, sair em plena tarde de folga pela cidade em busca de uma camisa da Seleção Brasileira. “Costumo torcer durante o torneio. É inevitável não se comover diante deste clima, que é totalmente especial”, afirmou.

[e-s001]Ela não está sozinha na torcida. Uma de suas sobrinhas, Marcela Castro (de apenas 14 anos de idade), além de estar preparada para acompanhar o Brasil, também impressiona pelo conhecimento futebolístico. “Pelo que vejo, o Brasil do Tite tem boas chances no torneio. É uma equipe que passa a confiança necessária para o torcedor”, afirmou.

Rachel, filhas e sobrinhas já marcaram no calendário a data dos jogos. “A maior parte dos jogos será durante a semana. Neste dia, nos reuniremos para ver as partidas e, se for pela manhã, vamos fazer nossos compromissos à tarde e vice-versa”, frisou Rachel Cutrim.

Ruas “vestidas” de Brasil
Se algumas semanas atrás era praticamente impossível ver qualquer rua de São Luís com as cores da Bandeira Nacional, horas antes da estreia brasileira o clima de Copa do Mundo definitivamente ganhou os bairros. A maior parte das vias encontradas preferiu as fitas coloridas. No entanto, houve locais em que a pintura no asfalto também foi preponderante.

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Na segunda travessa da Rua Nova, na Camboa, vizinhos se reuniram, arrecadaram dinheiro para comprar materiais (como papel TNT e fita adesiva, além de tinta) e enfeitar as ruas. Algumas pessoas ainda estão reticentes com o escrete brasileiro. “Eu não sei se vamos superar aquele sete a um”, disse dona Raimunda Assunção, de 72 anos, uma das mais animadas do grupo, que prepara a via para esperar a Copa há, pelo menos, cinco mundiais.

Mesmo com o aparente “trauma”, dona Raimunda espera que os comandados de Tite atendam às expectativas. “Eu gosto dele [Tite], gosto de ver o time jogar e por isso mesmo chamo os vizinhos para a gente fazer nossa festa aqui”, disse.
A mais nova do grupo da Camboa é Isabelle, de apenas 12 anos de idade. Ela se lembra de ter chorado na derrota brasileira contra os alemães, há quatro anos, e acha que não vai passar por isso este ano. “Eu não quero chorar de novo, não”, disse.

Bandeira pintada no chão
A comunidade mais fiel ao Brasil que O Estado encontrou está na Coreia de Baixo, bairro tradicional da cidade. Por lá, na Rua Xavier Marques, os moradores decidiram “inovar”. Cada pessoa deu um valor, a partir das mais diferentes fontes (seja do salário, da aposentadoria, da poupança), para comprar fitas coloridas e tinta e decorar a via. Alguns vizinhos se viraram como vendedores ambulantes. “Fiz até mesmo umas vendas no Centro, para juntar dinheiro para comprar as coisas”, disse José Sabino Pinto, morador da localidade.

O autônomo Pietro Silva, de 32 anos (sendo todos eles vividos na comunidade da Coreia de Baixo), disse que se recorda do clima de festa na rua onde mora em mundiais anteriores. Ele foi responsável direto pela pintura da bandeira do Brasil no asfalto, em frente à casa onde mora. “A gente, muitas vezes, não se lembra de outras coisas deste período da vida, mas se lembra da comemoração daquele gol, todo mundo gritando, se abraçando, aquela festa! O que a gente espera, como torcedor, é que todo este esforço para demonstrar nosso amor pela seleção seja revertido em campo com gols”, disse.

[e-s001]Um “mar” verde-amarelo
A Rua Euclides da Cunha, no Lira, também chamou a atenção pela beleza dos enfeites predominantemente verde-amarelos em tons de azul e branco (cores da bandeira nacional). A decoração começou a ser montada há, pelo menos, duas semanas (ao contrário de outros locais, que começaram a receber a decoração esta semana). Por lá, os moradores obedeceram a determinadas regras de segurança, como uma altura mínima para a colocação dos enfeites (evitando assim danos causados por veículos maiores) e distância da rede elétrica (sendo esta medida tomada a partir de orientação de órgãos de segurança e fiscalização).

Mudança de expediente
Na próxima sexta-feira, 22, a segunda partida do Brasil no Mundial contra a Costa Rica, às 9h, deverá provocar mudanças drásticas na rotina da cidade, especialmente nas repartições públicas federais, estaduais e municipais. De acordo com estes órgãos, como a partida será no turno da manhã, a tendência é que o expediente nestes locais somente seja iniciado no período da tarde, a partir das 13h. Outros locais poderão decretar ponto facultativo e suspender o expediente durante todo o dia.

“Vendedores de varal”
A cada Mundial, a figura dos populares “vendedores de varal” - conhecidos assim por causa da disposição dos produtos em uma corda fixada em rotatórias da cidade – aparece com mais regularidade a partir de pessoas que procuram, no bom sentido, se aproveitar da Copa do Mundo para faturar uma grana extra. “Seu Marrom” - conhecido assim popularmente – esbanja seus produtos em uma das rotatórias da cidade. Com uma simpatia invejável, o vendedor atende cada cliente oferecendo o que há de melhor para o mercado “torcedor”, como ele mesmo define seu negócio. “A gente também precisa aproveitar nessa hora para mexer com a paixão do torcedor e ganhar um extra”, disse.

Ele conta que nos dias alheios à Copa sobrevive apenas de bicos. E que aproveitou esse momento para faturar e levar mais dinheiro para a família. “Tem muita gente que precisa de mim e não seria correto não aproveitar este momento”, frisou. Entre os produtos vendidos por ele, estão camisas, chapéus e até mesmo cornetas.

Outro vendedor de produtos da Copa do Mundo é visto na rotatória da Avenida dos Portugueses, em São Luís. Nos bairros, vários armarinhos e pequenos comércios também estão colocando como carro-chefe a venda destes produtos. Nestes estabelecimentos – ao contrário dos “vendedores de varal” -, há várias vantagens, entre elas a variedade nas formas de pagamento (à vista ou parcelado).

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