Coreia do Norte já começou a desmantelar seu centro nuclear
Fotos tiradas no início do mês mostram que o desmantelamento do centro está ''muito avançado'', segundo análise de especialistas; governo norte-coreano disse que encerrará Punggye-ri publicamente em um ato previsto entre o dia 23 e 25 de maio
PEQUIM - Cumprindo a promessa feita por Kim Jong-un após o encontro com o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, a Coreia do Norte começou a desmontar o único complexo de testes nucleares de Punggye-ri, aponta uma comparação de imagens de satélite feitas por especialistas do 38North, site composto por ex-diplomatas americanos, nos dias 20 de abril e 7 de maio.
Embora tenha sido usada em seis testes nucleares, Kim declarou não precisar mais de Punggye-ri, uma área montanhosa localizada no Nordeste do país. Em 15 dias, edifícios e construções secundárias foram demolidas no complexo; trilhos que ligavam túneis subterrâneos a depósitos de resíduos das escavações também desapareceram. Outros túneis, no entanto, devem continuar funcionando até o fim do mês. Movimentações de veículos, militares e civis não foram registradas.
O fechamento oficial de Punggye-ri deve acontecer entre 23 e 25 de maio, algumas semanas antes do encontro de Kim Jong-un e Donald Trump em Cingapura, no dia 12 de junho, anunciou o Ministério das Relações Exteriores da Coreia do Norte. Jornalistas internacionais foram convidados para acompanhar a cerimônia.
"O desmantelamento da base nuclear será feita numa sequência de demolição de todos os túneis por explosão; bloqueando completamente as entradas. Instalações de observação, institutos de pesquisa e estruturas de unidades de guarda em solo também serão removidas", detalha o comunicado divulgado na Agência Central de Notícias da Coreia.
Especula-se que a base não tenha sido utilizada desde de setembro do ano passado após o mais poderoso teste nuclear já registrado. Kim afirma que o programa nuclear da Coreia do Norte "está completo." Cientistas chineses, no entanto, indicaram que o local teria sido danificado por intensas explosões após o último teste.
Enquanto isso, o governo americano afirma que negociações com o país serão feitas somente após a desativação "completa, verificável e irreversível" de seu programa nuclear.
A agência sul-coreana Yonhap informou que nesta quarta-feira,16, os países da Península Coreana darão continuidade ao processo de descongelamento bilateral, em um encontro na fronteira, desenvolvendo pontos do acordo de abril como a paralização de atos hostis, a abertura de um escritório conjunto na cidade de Kaesong, no Norte, o estabelecimento de um canal econômico e os últimos ajustes para a reunião de famílias separadas pela Guerra da Coreia.
Fim de testes nucleares
Também ontem, 15, o governo norte-coreano afirmou querer "participar nos esforços" internacionais para conseguir a proibição total dos testes nucleares, informou seu embaixador na Conferência de Desarmamento da ONU em Genebra, Han Tae Song.
" A República Popular Democrática da Coreia do Norte (RPDC) participará nos esforços (...) internacionais para proibir totalmente os testes nucleares", declarou o embaixador.
Atualmente, a RPDC não é signatária do Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares (CTBT), negociado em Genebra entre 1994 e 1996. O tratado, que já foi assinado por 183 países, só entrará em vigor quando for assinado e ratificado pelos outros oito países que detêm tecnologia nuclear: a RPDC, a China, o Egito, a Índia, o Irã, Israel, Paquistão e Estados Unidos.
Em seu discurso, Han Tae Song, que não mencionou o CTBT, também enfatizou o desejo de seu país "de desenvolver as relações intercoreanas, neutralizar as tensões militares agudas e afastar o perigo da guerra na península coreana".
No último fim de semana, a Coreia do Norte prometeu desmantelar no final de maio seu local de testes nucleares, antes da cúpula com os Estados Unidos. O presidente americano Donald Trump, que deve encontrar o líder norte-coreano Kim Jong Un em 12 de junho, em Cingapura, saudou a decisão de Pyongyang de acabar com o sítio de Punggye-ri durante uma cerimônia prevista para entre 23 e 25 de maio.
Maos
Coreia do Norte suspende
conversa com Seul
A Coreia do Norte, por meio da agência oficial KCNA, disse que irá suspender as conversações de alto nível com a Coreia do Sul que haviam sido programadas para hoje, 16, citando como motivos exercícios militares conjuntos de Seul com os EUA.
De acordo com a agência sul-coreana Yonhap, Pyongyang afirma que os exercícios são um treino de invasão do Norte e uma provocação em meio à melhora de relações entre as duas Coreias.
A nota também questiona se a cúpula do próximo mês entre o líder norte-coreano Kim Jong-un e o presidente dos EUA, Donald Trump, pode ser realizada como planejado.
"Este exercício dirigido a nós, que está sendo realizado em toda a Coreia do Sul e nos alvejando, é um desafio flagrante à Declaração de Panmunjom e uma provocação militar intencional que vai contra o desenvolvimento político positivo na Península Coreana", diz o texto da KCNA.
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