A Procuradoria Regional Eleitoral de São Paulo devolveu nesta sexta-feira, 27, para a primeira instância da Justiça Eleitoral o inquérito que investiga o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) por suspeita de caixa 2 nas campanhas de 2010 e 2014. Três delatores da empreiteira afirmaram que pagaram R$ 10,3 milhões a um cunhado e a um ex-secretário do tucano que também são alvos da investigação. Alckmin nega as acusações.
Os procuradores eleitorais entenderam que a existência do atual secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Marcos Monteiro, entre os investigados "não atrai a competência da segunda instância da Justiça Eleitoral", conforme precedentes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Monteiro foi tesoureiro da campanha de Alckmin à reeleição em 2014 e depois nomeado secretário de Planejamento da gestão tucana (2015-2018). Permaneceu no primeiro escalão do governo por decisão do novo governador Márcio França (PSB).
Com a decisão da Procuradoria, o inquérito de Alckmin volta para o promotor da 1.ª zona eleitoral de São Paulo, Luiz Henrique Dal Poz, que havia recebido o processo das mãos da ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Nancy Andrighy. O envio ocorreu a pedido do subprocurador-geral da República, Luciano Mariz Maia, que entendeu ver indícios de "crime eleitoral" no caso de Alckmin e deu parecer desfavorável ao pedido da força-tarefa da Operação Lava Jato em São Paulo, que queria investigar o caso.
Dal Poz é titular da Promotoria de Repressão à Sonegação Fiscal e foi designado promotor eleitoral até 2019. Ele já foi chefe de gabinete do secretário de Justiça do governo Alckmin, Márcio Elias Rosa, quando este era procurador-geral de Justiça, chefe do Ministério Público Estadual (MPE), entre 2012 e 2016.
Delação
Em depoimentos, os colaboradores da Odebrecht Benedicto Barbosa Junior, Carlos Armando Paschoal e Arnaldo Cumplido citaram repasse de recursos a Alckmin a título de "contribuição eleitoral". As doações não contabilizadas teriam contado com a participação do cunhado do pré-candidato a presidente, Adhemar Cesar Ribeiro, também investigado no inquérito, e de Marcos Monteiro, identificado nas planilhas da empreiteira com os codinomes "Salsicha" e "M&M".
Mais
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, confirmou nesta sexta-feira, 27, que pretende recorrer da decisão da Segunda Turma de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) que tirou do juiz Sérgio Moro trechos de delações da Odebrecht sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso pela Operação Lava Jato. A confirmação foi feita em Paris, onde a magistrada tem agenda oficial sobre a cooperação com o Ministério Público francês a respeito de corrupção envolvendo os Jogos Olímpicos, a compra de submarinos e o caso Areva. Raquel Dodge está em Paris desde quarta-feira, 25. Na quinta-feira, 26, ela participou de uma conferência na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) sobre o financiamento do terrorismo, mas não falou com os jornalistas. Nesta sexta-feira, antes de reunião com a procuradora-geral francesa da Corte de Apelações, Catherine Champrenault, a chefe da PGR confirmou que pretende contestar a decisão do STF sobre os processos do sítio de Atibaia e do Instituto Lula.
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