Eleição

Eleitores dizem ter recebido incentivos para votar para presidente no Egito

Segundo agência de notícias, há relatos de troca de votos por dinheiro, cestas básicas e serviços. Presidente Abdel Fatah al-Sissi busca legitimar eventual vitória com alto comparecimento às urnas

Atualizada em 11/10/2022 às 12h32

CAIRO - Eleitores egípcios disseram ter recebido pagamentos, comida e outros incentivos para irem às urnas, e as autoridades se empenharam ontem em atingir o alto comparecimento que o presidente Abdel Fatah al-Sissi busca para legitimar sua vitória praticamente garantida.

No terceiro e último dia de votação presidencial, o comparecimento foi visto como o fator crucial em uma eleição na qual qualquer competição foi eliminada graças à prisão ou à intimidação dos concorrentes mais sérios do ex-comandante militar. As autoridades adiaram em uma hora o fechamento dos postos de votação ontem.

Sissi disse que queria que mais postulantes concorressem, mas só enfrentou um, desdenhado por ser visto como um candidato de fachada. A comissão eleitoral, por sua vez, afirma que a votação foi livre e justa.

Sissi, que comandou a derrubada militar de Mohamed Mursi, presidente islâmico eleito democraticamente em 2013, prometeu estabilidade, segurança e a reativação da economia depois dos tumultos que se seguiram à revolta popular de 2011.

Entre seus principais aliados estão os Estados Unidos e as poderosas monarquias da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos.

Dinheiro, cestas básicas e serviços

Nos dois primeiros dias de votação o comparecimento foi estimado bem abaixo dos 47% do eleitorado que escolheu Sissi pela primeira vez em 2014. Nesta quarta-feira as autoridades pareciam desesperadas para aumentar esta porcentagem.

Eleitores entrevistados pela Reuters nos dois primeiros dias do pleito disseram que lhes ofereceram dinheiro, cestas básicas e serviços para que fossem votar, ou ao menos marcar o dedo com tinta para parecer que o fizeram.

"Nunca votei antes, e também não pretendia desta vez", disse uma moradora de Ward, bairro da classe trabalhadora do Cairo. "Só fui e molhei o dedo na tinta e recebi as 50 libras [US$ 3]", contou, recusando-se a informar o nome por medo de represálias das autoridades.

Outras mulheres disseram que lhes prometeram sacos de alimento como arroz e óleo vegetal em troca de votos, mas não quem exatamente lhes deu dinheiro ou alimentos.

Os administradores de uma instituição financeira do governo deram metade do dia de folga aos seus funcionários na segunda-feira e lhes ordenaram ir votar, disse um empregado à agência de notícias.

Diante de pedidos de comentário, o porta-voz da Presidência encaminhou a Reuters à Comissão Eleitoral Nacional e aos porta-vozes das campanhas presidenciais.

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