Veículos antigos

“Carro do Povo”: curiosidades de quem é fã do Fusca

Em São Luís, conhecida por ser um dos locais com maior concentração de carros novos circulando por ruas e avenidas, ainda há espaço para o modelo

Thiago Bastos / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h32
Primeira versão  do Fusca  saindo  da fábrica
Primeira versão do Fusca saindo da fábrica (fusca)

Chamado de “Carro do Povo” pelos mais íntimos e por seus idealizadores, ou de “Carocha” pelos portugueses, “Volta” pelos sul-africanos e “Joaninha” pelos brasileiros, o bom e velho Fusca ainda arrebata fãs. Em São Luís, conhecida por ser uma das cidades com maior concentração de carros novos circulando por ruas e avenidas no país, ainda há espaço para o charme e, por que não, certo conforto do modelo que foi pensado para conter a massa popular europeia no período de guerra.

O Fusca - cujo início da linha de produção completou 70 anos em 2016 - foi considerado líder de mercado no Brasil por quase 25 anos. Antes da chegada do Gol, era o modelo com maior tempo seguido na liderança popular. De acordo com pesquisadores do modelo, de 1931 até 2003 foram produzidos aproximadamente, em todo o mundo, 21.529.464 unidades do fusca.

Segundo o site www.fuscaclube.com.br, o último Fusca produzido no mundo saiu da fábrica no México. Além de ser conhecido por brasileiros, portugueses, sul-africanos e mexicanos, o Fusca também ganhou seguidores em países como Estados Unidos (lá é conhecido como Beetle), República Tcheca (recebendo o nome de Brouki) e na Indonésia (com o nome de Kodok). Em outros países, como Bolívia, Cabo Verde, Guatemala e Honduras, também há registros de circulação do Fusca.

História
Pesquisadores apontam que o veículo foi lançado de forma oficial em 1935, pelo projetista Ferdinand Porsche. O nascimento da versão tem relação direta com o período nazista, já que, por intermédio do líder do governo alemão, Adolf Hitler, o projetista baseou suas ideias em um projeto de veículo que conciliasse conforto e acessibilidade financeira. Nessa época, a população alemã vivia um grave período de recessão, em decorrência do período de conflito bélico. O projeto, inclusive, foi apresentado por Porsche a Hitler em data, até então, imprecisa.

Assim que as primeiras versões saíram das fábricas alemãs, sede da empresa produtora do modelo, o Fusca custava em média 990 marcos (aproximadamente R$ 2 mil). No começo, os primeiros protótipos eram equipados com motor refrigerado a ar, sistema elétrico e câmbio de quatro marchas (já que, até então, somente se fabricava veículos com caixa inferior a três marchas).

LEIA TAMBÉM:

Amor pelo Fusca não tem idade e é passado de geração a geração


As versões iniciais do Fusca também trouxeram outras inovações, em especial estéticas, como o quebra-vento (nos vidros dianteiros). A refrigeração a ar e o barulho do motor característico do Fusca surgiram quando a água do radiador das primeiras versões na Alemanha congelava. Daí a necessidade de um sistema (refrigeração a ar) que evitasse o problema.

De acordo com cálculos da empresa fabricante, em 1946 10 mil unidades do Fusca estavam em circulação. Dois anos depois, o número subiu para 25 mil. Destes, aproximadamente 4 mil foram exportados para mercados, em especial, o norte-americano, cujo mercado para o automotivo foi consolidado em 1949.

No Brasil
O veículo nasceu, no Brasil, em 1938. No entanto, a produção maciça e em larga escala somente ocorreu entre os anos de 1959 e 1986. Um dos polos mais fortes de produção do Fusca foi a cidade de São Bernardo do Campo, interior de São Paulo, onde foi montada uma linha de produção da marca alemã. O Estado conversou com Francisco Pedrosa de Oliveira, de 78 anos, que trabalhou por mais de 26 anos em uma das linhas de produção do Fusca. Ele conta, com orgulho, como foram os primeiros anos de fabricação. “Ali a gente sabia que estava montando um carro especial, pela dirigibilidade, mecânica bem-feita e, principalmente, pelo visual que caiu no gosto do povo, inclusive o meu”, disse.

Por causa do sucesso das vendas, o montador se aposentou na fábrica. Ele disse que, durante a vida, teve vários Fuscas. “Sempre foi o meu carro. Levava meus filhos para a escola e para passear todas as vezes”, disse. Questionado se ainda tem Fusca, ele foi sincero. “Hoje não tenho mais. Os últimos começaram a dar dor de cabeça”, disse.

A volta
A partir de iniciativa do poder público, o modelo voltou no Brasil em 1993, por iniciativa do então presidente da República, Itamar Franco. Nesta segunda versão, o Fusca saía normalmente de fábrica apenas com versões de motores 1.6 a etanol. Daí até hoje várias versões desta época e que estão na mão de amantes e colecionadores serem chamadas de “Fuscas Itamar”.

Até o fim da produção, que ocorreu até 1996 (com a linha série Ouro), o Fusca ainda arrebatava fãs. A última versão apresentava faróis de neblina e lanternas traseiras fumê. No total, foram produzidas - no último respiro do Fusca no segmento industrial - 46 mil unidades.

Fuscas

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.