Estação João Pessoa: apogeu, ostracismo e restauro histórico
Conhecida popularmente como prédio da Rffsa, em referência à estação da rede ferroviária que funcionou no local por décadas, estrutura passa por reforma; cenário importante da história da cidade será atrativo no Centro
[e-s001]Conhecida como Rffsa - em referência à Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima criada em 1957 e dissolvida em dezembro de 1999 -, a Estação João Pessoa, cujo complexo passa por ampla restauração que deverá ser concluída até o fim deste ano, será uma simbiose entre o antigo e o moderno. O projeto de recuperação da estrutura - localizada na Avenida Beira-Mar - é liderado pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e deverá transformar um cenário importante da história da cidade em um dos principais atrativos do Centro, apesar do atraso na execução da obra.
Para entender o projeto que engloba a recuperação do prédio, é necessário antes ter ciência de como surgiu a Estação João Pessoa. As obras para o erguimento dos pavimentos (originalmente apenas dois) começaram no dia 14 de fevereiro de 1925 e foram chanceladas por Decreto (nº 14.589), de 25 de maio de 1920. O engenheiro responsável pela obra foi Teixeira Brandão que, à época, era diretor da Estrada de Ferro São Luís-Teresina, cuja sede administrativa funcionaria, décadas mais tarde, na Estação João Pessoa.
[e-s001]Inaugurada com pompas em 15 de novembro de 1929 (40 anos após a Proclamação da República), inicialmente a Estação João Pessoa recebeu o nome de Urbano Santos. Um ano depois, o local foi rebatizado em homenagem ao político paraibano, que seria assassinado em 1930.
Em meados da década de 1950, o prédio principal da Estação João Pessoa ganhou mais um andar completo e, em sua fachada central, foi instalado um relógio. A partir daquela data, o prédio principal teria a sua estrutura constituída por três pavimentos e um mirante, além do anexo (onde funcionava o armazém da estação).
Apesar dos esforços para a sua construção, foi somente em 1957 que a Estação João Pessoa ganhou importância econômica, quando o local passou a sediar a Rede Ferroviária Federal S/A. Criada pela Lei nº 3.115, de 16 de março de 1957, o objetivo principal era “promover e gerir os interesses da União no setor de transportes ferroviários”.
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De acordo com os historiadores, a Estrada de Ferro São Luís-Teresina permaneceu tendo como sede a Estação João Pessoa até meados da década de 1980, quando foi transferida para o bairro do Tirirical, nas proximidades do antigo Departamento Municipal de Estradas e Rodagem (Dmer). Mesmo após a mudança, a Estação João Pessoa permaneceu funcionando como ponto central de embarque e desembarque de passageiros oriundos do interior do estado. Em 1986, a estação passou a ser protegida oficialmente por “estar inserida no conjunto histórico, arquitetônico e paisagístico” do centro urbano de São Luís, através do Decreto Estadual nº 10.089, de 6 de março de 1986.
[e-s001]Classificação
O Inventário do Patrimônio Ferroviário do Maranhão define a Estação João Pessoa como “uma estação de grande porte de estilo eclético, fazendo parte de seu conjunto arquitetônico um prédio principal, com pelo menos três pavimentos, além de um anexo”. De acordo com o documento, “no seu pavimento térreo estão: depósitos, agências, cozinha, hall, bar; na sobreloja estão: escritório, refeitório, hall do elevador, sala de rádio, telégrafo, departamento de transporte, sala comercial e wc [banheiro]”.
O elevador, por exemplo, do antigo prédio da Rffsa foi o primeiro instalado em todo o Maranhão, com portas em grade em estilo clássico. Por causa da ação de vândalos, durante o fechamento do prédio da Rffsa para reforma, o elevador foi destruído, representando uma grave perda para a memória da história maranhense.
Últimos dias
Em meados da década de 1990, a Estação João Pessoa passou a abrigar prédios oriundos da administração pública, como delegacias e superintendências pertencentes à Secretaria de Segurança Pública do Maranhão (SSP).
[e-s001]Vandalismo
A partir do fim de 2014, período em que havia a autorização do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para a realização da obra de revitalização da antiga Estação João Pessoa e com a saída das unidades de operação da Polícia Civil do prédio, como, por exemplo, o Plantão Central, o prédio da Rffsa passou a ser alvo de vandalismo. O Estado denunciou, em reportagens anteriores, o uso do imóvel para o consumo de drogas e moradia por desabrigados.
HISTÓRICO DA ESTAÇÃO JOÃO PESSOA
1929
Inauguração da Estação João Pessoa
1950
Ampliação do último andar da Estação João Pessoa
1957
Incorporação da Estrada de Ferro São Luís-Teresina à Rede de Ferrovias Federais S.A.
1980
Transferência da sede da Rede Ferroviária Federal S.A. para o Bairro do Tirirical, próximo ao Departamento Municipal de Estradas e Rodagem
1986
Estação passa a ser protegida oficialmente por “estar inserida no conjunto histórico, arquitetônico e paisagístico”
Década de 1990
Estação João Pessoa passou a abrigar prédios oriundos da administração pública
A partir de 2014
Estação passou a ser alvo de vandalismo
Fonte: Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan/MA)
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