Memória

O templo do reggae em São Luís

Museu do Reggae do Maranhão será aberto hoje, às 18h, na Rua da Estrela, Praia Grande; espaço será dedicado à história do gênero que conquistou o Maranhão e que deu a São Luís o título de “Jamaica Brasileira”

Atualizada em 11/10/2022 às 12h33
Museu do Reggae será inaugurado hoje
Museu do Reggae será inaugurado hoje

SÃO LUÍS- São Luís ganha hoje uma nova casa de cultura e o destaque é um gênero musical que é a cara do Maranhão. O Museu do Reggae do Maranhão, na Rua da Estrela, na Praia Grande, abrirá as portas às 18h e o objetivo é materializar as memórias do ritmo jamaicano que conquistou o Estado. O espaço, o primeiro temático fora da Jamaica, é um sonho antigo dos adeptos do ritmo e foi viabilizado por meio da Secretaria de Estado da Cultura e Turismo.

A solenidade de inauguração será bem descontraída, com show que reunirá a história viva do movimento. Cantores locais, uma radiola e DJs históricos se apresentarão no palco da Praça do Reggae, ao lado do museu. Confirmou presença a radiola FM Natty Naifson, com os DJs Neturbo, Ademar Danilo, Maestro Jaílder, Carlinhos Tijolada e Roberthanko, entre outros. Haverá também shows de Célia Sampaio, Oberdan Oliveira (Nonato e Seu Conjunto), Tadeu de Obatalá (Banda Guetos), Mano Borges & Celso Reis e Garcia (banda Reprise).

Após o descerramento da placa de inauguração, o público terá acesso aos cinco ambientes da casa. Um deles é a Sala dos Imortais, destinada a destacados nomes do reggae maranhense que já morreram. Outros quatro ambientes homenagearão tradicionais clubes de reggae da capital: Pop Som, Toque de Amor, União do BF e Espaço Aberto.

O museu reúne relíquias, a exemplo de uma guitarra da banda maranhense Tribo de Jah, instrumento que acompanhou o grupo por mais de 20 países e fez parte da história dos integrantes, além de ter sido usada nas primeiras gravações e em shows nacionais e internacionais do grupo. Quem for ao museu conhecerá a história da radiola “Voz de Ouro Canarinho”, de Edmilson Tomé da Costa, conhecido como Serralheiro, um dos pioneiros do reggae no Maranhão, e disseminador do gênero musical nos anos 1970.

O público terá contato com discos raros, vídeos e fotos históricas, moda reggae ao longo do tempo, além de depoimentos gravados por personagens da cena reggae, bem como livros, artigos, teses e dissertações, que também compõem o acervo imaterial e digitalizado. O museu permitirá que os frequentadores sejam transportados para uma festa em um clube de reggae em um de seus ambientes, além de despertar a paixão pelo ritmo que denomina São Luís como a “Jamaica Brasileira”, já que a cidade é considerada o maior pólo de cultura reggae fora da Jamaica.

Segundo Ademar Danilo, diretor do museu, o espaço é uma vitoria do reggae contra os preconceitos e discriminações presenciados ao longo dos anos e um reconhecimento do poder publico. “Durante mais de 30 anos, o poder público reprimiu o reggae e agiu de maneira racista. Hoje, ele reconhece o que o reggae de fato é, ou seja, um elemento cultural importante. O reggae traduz a maneira de ser do maranhense, principalmente no que se refere à maneira de dançar. A relação do Maranhão com o reggae é muito particular, por isso o museu tem um forte impacto cultural e turístico e legitima São Luis como a capital brasileira do reggae”, disse.

Espaço conta um pouco da história do reggae no Maranhão
Espaço conta um pouco da história do reggae no Maranhão

História

Remonta à década de 1970. As explicações para a chegada do ritmo no Maranhão são muitas, mas talvez a tese mais conhecida seja a de que marinheiros que desembarcavam no porto de São Luís e de Cururupu deixavam discos trazidos da Jamaica nas zonas de prostituição, com os quais pagavam pelos serviços. Em pouco tempo, o gênero já havia se difundido pela periferia e passou a conquistar adeptos em outras áreas. O que se ouvia era o reggae roots, ou seja, o reggae tradicional jamaicano.

A identificação foi tão grande que, em pouco tempo, tornou-se a principal opção de lazer, por meio das famosas radiolas: um equipamento que é, ao mesmo tempo, rádio e vitrola. No Maranhão, com a disseminação do reggae, foram acopladas caixas de som ao equipamento, com o intuito de aumentar sua potência para que o som pudesse ser ouvido em todos os cantos da cidade. Esses equipamentos ganharam notoriedade e isto originou disputas entre radiolas.

Diz-se que o gênero expressa angústia, sofrimento e a alegria do povo.

Na Jamaica, a música também tem um conteúdo espiritual muito forte do rastafarianismo. Foi um ritmo criado nas periferias jamaicanas por uma juventude que encontrou na música um caminho de saída da marginalidade.

Museu do Reggae terá cinco ambientes
Museu do Reggae terá cinco ambientes

Serviço

O quê

Inauguração do Museu do Reggae do Maranhão

Quando

Hoje, às 18h

Onde

Rua da Estrela (Praia Grande)

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