Pegadores

Dossiê revela novos fatos do esquema de desvio de verba na Saúde do MA

Entre o que está relatado no documento, há o fato de Mariano de Castro manter amante na rede estadual e na Samu de Coroatá sem trabalhar

Atualizada em 11/10/2022 às 12h34
Mariano de Castro é apontado como principal operador do esquema que desvio R$ 18 milhões da SES
Mariano de Castro é apontado como principal operador do esquema que desvio R$ 18 milhões da SES (Mariano da Pegadores)

A Polícia Federal (PF) já analisa um “dossiê” encontrado na casa do presidente do Instituto de Desenvolvimento de Ação e Cidadania (Idac), Antônio Aragão, apreendido na Operação Pegadores que revela como funcionava o esquema de desvio de dinheiro público dentro da Secretaria Estadual de Saúde (SES).
Pelo relatório da PF, o dossiê de Aragão mostra que Mariano de Castro Silva, que exercia cargo de assessor especial da SES, e também de diretor do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) em Coroatá, eram que comandava o desvio de dinheiro da Saúde do Maranhão ao viabilizar a contratação de empresas de fachadas.
Além disso, Mariano recebia simultaneamente por plantões na SES e também na Prefeitura de Coroatá.
Outro fato que chamou atenção da PF no dossiê de Aragão é o fato de Maria Emília, apontada como amante de Mariano de Castro, ser técnica da rede da SES e também possuir o cargo de coordenadora no Samu de Coroatá. Por este último emprego, Maria Emília, ainda de acordo com o dossiê, não comparecia para exercer o cargo.
Também consta no documento o fato de que as negociações estavam sendo realizadas na antessala do gabinete na SES. “Todas as negociações são realizada na ante sala (sic) do gabinete, encaminhadas à jamilly (sic) que conduz a propina para repartição”, diz o relatório da PF.
Diante das revelações que constam no documento apreendido na casa de Antônio Aragão, a Polícia Federal afirma que o esquema de desvio de dinheiro da Saúde do Maranhão tem fatos que são ainda mais “estarrecedores”.
“O dossiê ainda está sendo analisado, mas as primeiras informações apontam que o esquema é ainda mais estarrecedor do que já se encontra retratado na IPL nº 1162/16”, diz trecho do relatório da PF.
A Operação Pegadores foi deflagrada no início de novembro e prendeu 18 pessoas acusadas de participação em esquema de desvio de dinheiro da Saúde que já somava R$ 18 milhões.
Entre os presos estavam a ex-secretário adjunto de Saúde do governo de Flávio Dino, Rosângela Curado (PDT), Luiz Júnior – que era assessor na SES – Mariano de Castro – também tinha cargo na SES – e o próprio Antônio Aragão, que já havia sido preso na Operação Sermão aos Peixes.
Segundo a PF, os desvios eram feitos por meio de 424 funcionários fantasmas que recebiam um ordenado extra sem trabalhar de fato nas unidades de saúde do estado. O pagamento era feito por meio de uma folha complementar que somava mais de R$ 400 milhões.
Outro meio de desvio da verba pública era na contratação de empresa de fachada. Neste aspecto, Rosângela Curado foi apontada como uma das principais beneficiárias mesmo não exercendo mais o cargo de subsecretária de Saúde.

Dois ex-assessores da SES permanecem presos

Mariano de Castro continua preso após ter sua prisão preventiva decretada pela Justiça Federal. O ex-assessor da SES é apontado como operador do desvio de dinheiro da Saúde no Maranhão e também por lavagem de dinheiro por meio de uma empresa de gás.
Além de Mariano, também segue na prisão Luiz Júnior, apontado como braço direito de Rosângela Curado na SES.
Segundo relatório da decisão do juiz Márcio Araújo dada no fim de novembro, a PF recebeu documentos oriundos do cumprimento do mandado de busca e apreensão nas residências de Mariano de Castro. Segundo a polícia, os documentos mostram que Castro operava o esquema de desvio de dinheiro na SES conseguia lavar o dinheiro usando a empresa MT Gás Ltda, que era sua e do seu cunhado, Thiago Azevedo, também preso na Operação Pegadores.
De acordo com a PF, Mariano de Castro desviava dinheiro da SES por meio de contratos com as empresas ISCM e Quality, que seriam de fachadas para justificar o dinheiro pago pela secretaria.
Para que os valores chegassem a Mariano de Castro de forma legal, o acusado lavava o dinheiro em sua empresa de venda de gás de cozinha.
Cheques- Foram encontrados também junto aos documentos apreendidos de Mariano de Castro 30 cheques da empresa Brasilhosp de propriedade de Luiz Júnior. Cada cheque da empresa do ex-assessor da SES tinha o valor de R$ 10,5 mil, totalizando R$ 315 mil em cheques que estavam de posse de Mariano de Castro.
Ainda pelos documentos apreendidos de Castro, o esquema previa o recebimento de créditos cambiais que chegam a ordem de R$ 1,4 milhão, o que demonstra que o desvio continua mesmo após as operações da PF.

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