Operação Pegadores

Esquema de Curado durou até 2017, mesmo após Lula assumir a SES

Em informações adicionais enviadas à Justiça, a PF demonstra que o desvio de dinheiro público da Saúde não cessou com a chegada de Carlos Lula a pasta

Carla Lima/Subeditora de Política

Atualizada em 11/10/2022 às 12h34
Mesmo afastada sob suspeita, Curado continuou apoiada por Flávio Dino
Mesmo afastada sob suspeita, Curado continuou apoiada por Flávio Dino (Rosângela Curado)

As investigações da Polícia Federal, que desmontou esquema de corrupção na Secretaria Estadual de Saúde, mostram as influências da ex-subsecretária do governo Flávio Dino (PCdoB), Rosângela Curado (PDT), que mesmo após ser exonerado do cargo de confiança conseguiu manter a articulação para desviar dinheiro da Saúde até, pelo menos, março deste ano.

A Operação Pegadores, que já prendeu 14 das 17 pessoas com mandado de prisão temporária decretada pela Justiça Federal, mostrou que um esquema de desvio de dinheiro público do Fundo Nacional de Saúde com pagamentos irregulares a servidores da SES e também a funcionários fantasmas no governo comunista.

O montante chega a R$ 18 milhões, segundo informou a Polícia Federal.

Um esquema que teve início em 2015 com o comando da então subsecretária de Saúde, Rosângela Curado. Com ela, que comandava o sistema de rede da SES, foi possível criar por meio das entidades que administravam unidades hospitalares no Maranhão, uma folha extra para pagamentos de “apadrinhados” políticos. Essa folha complementar chegou a custar por mês R$ 400 mil.

Eram “ordenados” pagos a servidores da SES por meio das entidades.

Rosângela Curado ficou no comando da subsecretaria até agosto de 2015 quando foi exonerada por Flávio Dino. A partir de então, o comando foi dado para o atual secretário de Saúde, Carlos Lula, que em setembro de 2015 tomou conhecimento da existência da tal folha complementar a ser paga a funcionários da SES.

Continuação

A ideia que o governo de Flávio Dino tenta passar após a operação é a de que o esquema que desviava os recursos da Saúde terminou com a saída de Curado da SES. Mas pelo relatório da PF é demonstrado que o esquema da pedetista foi rastreado pela polícia até março de 2017.

Na decisão judicial é demonstrado que, inicialmente, o relatório da PF apontava que o esquema tinha chegado ao fim com a chegada de Lula a SES, no entanto, em informações adicionadas posteriormente mostram exatamente o contrário.

Em 2016, por exemplo, Rosângela Curado recebeu em sua conta bancária depósito em dinheiro feito pelo Instituto Desenvolvimento e Apoio à Cidadania (Idac) R$ 35 mil. Outro depósito de R$ 30 mil foi feito por Valterleno Silva Reis, um dos membros do IDAC.

Já em 2017, os pagamentos feitos a Curado ocorreram por meio de um empresa de sua propriedade a EMCONSUMA- Empreendimentos e Consultoria Sul do MA Ltda. A transferência foi na ordem de R$ 79 mil.

Segundo a PF, a influência política de Rosângela Curado permitiu que ela mantivesse o esquema de desvio de dinheiro na SES.

“Podemos assegurar, indubitavelmente, que Rosângela Curado utilizando de seu capital político, passou a indicar as empresas que deveriam ser subcontratadas pelo IDAC, bem como a se locupletar diretamente de tais contratos, a título de consultorias, que foram pagas a empresas de sua propriedade”, diz trecho do relatório da PF.

Correlata

Governo não quis barrar sangria do dinheiro da Saúde, diz PF

Como o esquema continuou e, segundo a PF demonstrou nos diálogos interceptados com autorização da Justiça, o secretário Carlos Lula já sabia desde 2015, fica claro que o governo não se esforçou para barrar a sangria nos cofres públicos.

É isso que diz mais adiante o relatório da Polícia Federal quando faz referência a Operação Sermão aos Peixes que mesmo sendo deflagrada não barrou os atos de corrupção comandados por Rosângela Curado.

A PF chega a fazer um alerta afirmando que se o governo não se empenhar para barrar a corrupção, novos desvios ainda seriam feitos.

“Por conseguinte, as novas informações que são juntadas agora aos autos ... demonstram que se não houver uma forte e definitiva intervenção do aparato estatal, as condutas delitivas praticadas por Rosângela Curado, que se iniciaram ainda no ano de 2015, se repetiram no ano de 2016 e continuaram a ocorrer no ano de 2017, culminarão a cada dia em novos atos de desvio dos recursos públicos destinados ao sistema de saúde do Estado do Maranhão”, alerta a PF em seu relatório.

A superintendente da PF no Maranhão, Cassandra Alves, informou durante a coletiva que falou sobre a Operação Pegadores que Carlos Lula sabia dos esquemas e não se esforçou para eliminar.

“Especialmente o secretário de Saúde. Ele especialmente tinha conhecimento disso e infelizmente não soube tratar da melhor forma, não soube bloquear isso e as fraudes continuaram”, disse a superintendente da PF ao ser questionada sobre quem do governo do estado tinha conhecimento do esquema fraudulento.

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