Na orla

Caravelas provocam risco a banhistas nas praias de São Luís

Número de acidentes com caravelas e águas-vivas em setembro deste ano ainda é menor do que o registrado no mesmo período no ano passado

Por Robert Willian / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h36

SÃO LUÍS - Uma ida à praia pode facilmente se tornar um problema neste período, porque neste mês o aparecimento de caravelas oferece sérios risco aos banhistas. No início de setembro do ano passado, cerca de nove ocorrências do tipo foram registradas, dobrando os índices de 2015.

Diferente das águas-vivas, as caravelas são animais sem mobilidade própria. Elas são transportadas pelas correntes marinhas, mas, por causa dos ventos fortes do período, acabam parando na areia, onde as crianças costumam brincar.

Conceição Ribeiro, aposentada que estava ontem na praia com a família, se preocupa com o risco. “É muito perigoso esse tipo de animal, principalmente para aqueles que não conhecem as caravelas. Estou com meus netos e me preocupo que eles confundam com outra coisa e possam se queimar”, relatou.

Jackson Ribeiro Pereira, do Batalhão de Bombeiros Marítimos do Maranhão (BBMar), comentou os casos deste ano. “Este ano, o índice está menor que nos anos anteriores. O maior número de casos, até agora, ocorreu durante o feriado. É sempre importante que os que forem queimados procurem o posto de guarda-vidas na praia ou lavem a queimadura com a própria água do mar ou vinagre. Isso pode ajudar”, ressaltou.

Cuidados

Mas é na água que acontece a maioria dos contatos entre banhistas, caravelas e águas-vivas. As águas-vivas e caravelas possuem estruturas semelhantes, com a parte de cima do corpo gelatinosa, no caso da água-viva, ou como uma bolha flutuante, no caso da caravela. O ideal é que os pais orientem seus filhos a respeito da presença destes animais na água do mar e que, ao avistá-los, afaste-se ou deixe o mar. “As crianças são atraídas por causa do formato desses animais, que provocam a curiosidade delas, e acabam se queimando ao tocá-los”, informou o capitão Thiago Sousa.

Os animais não atacam os banhistas, apenas disparam seu mecanismo de defesa quando em contato com a pele humana ou com outros animais. Esse mecanismo está nos tentáculos, que concentram células urticantes, causando queimaduras graves na pele das pessoas. “Por isso, os banhistas devem ficar atentos e nunca tentar tocar nesses animais”, frisou o oficial do BBMar.

Os efeitos das queimaduras causadas pelo contato com caravelas podem causar lesões de 1º, 2º e 3º graus, além de parada respiratória, queda de pressão, calafrios e dores articulares. “Em caso de acidente, o banhista deve colocar vinagre na área atingida, pois o vinagre neutraliza a toxina liberada pelo animal. Essa é uma recomendação do Ministério da Saúde”, indicou o capitão Thiago Sousa. Após os incidentes, também é importante buscar atendimento médico e informar ao oficial do BBMar que estiver na praia para que ele preste os primeiros atendimentos.

SAIBA MAIS

Caravelas e águas-vivas na orla

Caravelas - Têm o corpo gelatinoso, de cor roxo-azulada, com uma parte semelhante a uma bexiga, visível acima da linha da água. Os tentáculos podem ter até 30 metros e são muito urticantes. Nos casos mais graves, provocam câimbras, náuseas, vômitos, desmaios, convulsões, arritmias cardíacas e problemas respiratórios. Em caso de contato, remova os tentáculos com luvas, pinças ou lâminas; não esfregue o ferimento; aplique compressas de água do mar gelada ou bolsas de gelo; utilize compressas de vinagre; não lave com água doce, nem use álcool ou urina; procure auxílio médico.

Águas-vivas - São gelatinosas, com aspecto de guarda-chuva ou prato. Possuem tentáculos urticantes. Nadam na água, geralmente em grupo. A maioria é pequena e inofensiva. Podem causar desde dermatites discretas até lesões intensamente dolorosas e necrose da pele. Em geral, causam os mesmos problemas provocados por caravelas e o procedimento, em caso de lesão, é aplicar bolsas de gelo, vinagre e procurar auxílio médico. Assim como no caso da "queimadura" por caravela, a água doce pode agravar os sintomas.

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