SÃO PAULO - O ex-ministro Antonio Palocci (fazenda/Casa Civil - governos Lula e Dilma), confessou à Justiça ter praticado crimes na Petrobras e participado de negociações de esquemas junto a Odebrecht.
A confissão do ex-ministro ocorreu durante depoimento prestado ontem ao juiz federal Sergio Moro, no bojo da Operação Lava Jato. O petista é investigado por crime de corrupção e lavagem de dinheiro.
No depoimento, Palocci também comprometeu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). As declarações do ex-ministro ganharam forte repercussão na tarde de ontem, logo após encerrado o depoimento.
Ao admitir ter praticado crime no período em que ocupou cargos de destaque no Poder Executivo, Palocci afirmou que está negociando com o Ministério Público Federal (MPF) um acordo de delação premiada com a força-tarefa da Lava Jato. Ele ponderou ainda, que independentemente da delação, contribuiria com a Justiça de forma espontânea.
Denúncia – O processo em que Palocci figura como um dos investigados, trata das investigações de propinas pagas pela Odebrecht em oito contratos com a Petrobras.
Somente nesta denúncia, formalizada pelo MPF, o montante apontado é de R$ 75 milhões. Está incluído no valor um aporte de R$ 12,5 milhões referente a um terreno para o Instituto Lula e uma cobertura vizinha à residência do ex-presidente da República em São Bernardo, no valor de R$ 504 mil.
"Houve o que ele próprio [Palocci] classificou como 'pacto de sangue', que seria um pacote de propinas que se desdobraria no pagamento de um imóvel onde seria feito um Instituto Lula, um sítio e R$ 300 milhões", disse o advogado Adriano Bretas, que defende Palocci.
Durante o depoimento, Palocci também sugeriu participação do ex-presidente no esquema de corrupção da estatal.
"No jantar ocorrido no apartamento do presidente Lula, em que participaram todas essas pessoas, o ex-ministro Palocci os convenceu e os dissuadiu no sentido de que essa operação era escandalosa e que poderia expor demais essa situação. Ficou clara toda a participação do ex-presidente ", afirmou o advogado Adriano Bretas, que defende Palocci.
O advogado de defesa de Palocci não o excluiu do esquemas investigados pelo MPF.
“Especificamente no que tange o assunto do Instituto Lula, que é o objeto dessa denúncia, ficou absolutamente claro que esse assunto foi deliberado conjuntamente por um colegiado de pessoas composto por Paulo Okamotto, José Carlos Bumlai, Roberto Teixeira, o próprio Antonio Palocci, que não nega o seu mea culpa, não se exime da sua responsabilidade", disse Bretas.
Segundo denúncia do MPF, o ex-presidente da República recebeu o terreno e o imóvel como vantagem indevida da Odebrecht.
Neste processo, Palocci responde pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele já foi condenado em outra ação da Lava Jato e está preso na Superintendência da Polícia Federal (PF) na capital paranaense.
A denúncia - Lula foi denunciado neste caso em 15 dezembro de 2016, e o juiz Sérgio Moro aceitou a denúncia quatro dias depois. Segundo o MPF, a Construtora Norberto Odebrecht pagou R$ 12.422.000 pelo terreno onde seria construída a nova sede do Instituto Lula. Esta obra não foi executada.
A denúncia afirma também que Lula recebeu, como vantagem indevida, a cobertura vizinha à residência onde vive. De acordo com o MPF, foram usados R$ 504 mil para a compra do imóvel.
Ainda conforme a força-tarefa, este segundo apartamento foi adquirido no nome de Glaucos da Costamarques, que teria atuado como testa de ferro de Lula. Os procuradores afirmam que, na tentativa de dissimular a real propriedade do apartamento, Marisa Letícia chegou a assinar contrato fictício de locação com Glaucos da Costamarques.
Lula foi condenado no processo sobre o triplex no Guarujá, em São Paulo, a 9 anos e seis meses por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Além disso, ele também foi denunciado pela Lava Jato no processo que envolve um sítio em Atibaia, no interior paulista.
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