Mau uso do dinheiro público

Passados cinco anos, VLT ainda está em desuso em galpão na capital

Veículo Leve sobre Trilhos nunca teve utilidade prática em São Luís; maquinário custou R$ 7 milhões aos cofres públicos e está se deteriorando

Robert Willian / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h36

[e-s001]“Ele será uma solução moderna e eficiente que a Prefeitura de São Luís está trazendo para resolver os problemas do transporte tudo da nossa cidade”, informava o material publicitário da Prefeitura distribuído em junho de 2012, sobre a chegada do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), em setembro daquele ano. Cinco anos depois, o VLT está longe de ser um facilitador da mobilidade na Ilha.

A chegada do VLT a São Luís, durante a gestão do então prefeito João Castelo (falecido), causou grandes polêmicas ainda nessa época, já que era um investimento de R$ 7 milhões durante o período de campanha eleitoral, quando Castelo concorria à reeleição e tinha esse projeto como promessa de campanha.

A propaganda, na época, era de que o VLT se deslocaria do centro de São Luís até o São Cristóvão, facilitando a vida de muitas pessoas que fazem esse percurso de 13 km diariamente. Dizia ainda que o primeiro trecho, de 5 km, que iria até o Bairro de Fátima, estaria pronto e funcionando ainda o fim do ano de 2012.

Guardado
O Estado
encontrou o VLT. Diferentemente do seu propósito inicial, ele está guardado, desde dezembro de 2013, em um galpão da Companhia Ferroviária do Nordeste, no Tirirical (BR-135), depois de permanecer mais de um ano exposto a intempéries e sem uso no Terminal de Integração da Praia Grande. Entre aluguel e estudo de viabilidade técnica e econômica, já consumiu mais de R$ 400 mil até janeiro deste ano.

A decisão de desmontar o VLT e guardá-lo em local seguro veio após sucessivas denúncias da imprensa, principalmente de O Estado, de que os vagões estavam se deteriorando. Foram relatadas pichações, arranhões e até a prática de atos sexuais dentro dos vagões abandonados.

A conta
Após pagar o galpão por mais de três anos, sem neste período executar nenhum projeto de reaproveitamento do VLT, a Prefeitura de São Luís adquiriu (em agosto do ano passado) na Justiça - por meio de decisão expedida pelo juiz titular da 4ª Vara da Fazenda Pública de São Luís, Cícero Dias de Sousa Filho - o direito de que a empresa Bom Sinal Indústria e Comércio arcasse com todos os custos de manutenção e conservação do citado veículo, obrigando-se, em especial, ao pagamento da locação do galpão.

A empresa cearense Bom Sinal Indústria e Comércio, responsável pela fabricação e fornecimento do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) - adquirido pela Prefeitura de São Luís em 2012-, informou a O Estado, em janeiro deste ano, que não custearia a manutenção do meio de transporte. A direção da empresa informou ainda que não havia sido notificada de nenhuma decisão judicial que a obrigasse a arcar com as despesas de veículo. E garantiu que, se fosse, recorreria do parecer.


SAIBA MAIS

- O VLT chegou a São Luís no dia 5 de setembro de 2012
- Custou aos cofres do Município R$ 7 milhões pagos à empresa cearense Bom Sinal Indústria e Comércio Ltda.
- Cada vagão custou R$ 3,5 milhões
- O VLT tem capacidade para cerca de 20 mil passageiros/hora
- Tem velocidade média de até 100 km/h
- Em São Luís, foi projetado para instalação de até 7 linhas

[e-s001]ABANDONADO
Não é apenas o VLT que está abandonado. Os trilhos colocados em um pequeno trecho da Praia Grande também foram esquecidos, já que não levam a lugar nenhum. Hoje eles estão parcialmente encobertos por matagal.

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