Médicos de várias unidades de saúde de São Luís realizaram um protesto na manhã de ontem em frente à sede do Conselho Regional de Medicina (CRM), localizado no bairro do Renascença. A categoria denunciou que o ministro da Saúde, Ricardo Barros, está fazendo ataques sistemáticos aos profissionais e os desvalorizando. Os médicos pediram ainda a saída do ministro.
No Maranhão, a mobilização foi organizada pelo CRM, e os médicos, durante o protesto, usaram um nariz de palhaço e amarraram uma faixa preta no braço, simbolizando luto. Uma faixa pedindo a saída do ministro Ricardo Barros foi colocada na fachada do conselho.
Ainda segundo o CRM, o Sistema Único de Saúde (SUS) segue sendo sucateado, o financiamento público cada vez mais insuficiente e, para fugir à responsabilidade sobre os resultados de uma gestão equivocada, Barros está atribuindo culpa do caos aos médicos.
Biometria
No dia 13 de julho, o ministro Ricardo Barros afirmou, durante uma cerimônia no Palácio do Planalto, que o governo quer informatizar todas as Unidades Básicas de Saúde até o final de 2018. Um dos itens a ser implantados, segundo ele, é a biometria para o controle de horário dos médicos.
Nesse dia, ele teria declarado: "Vamos parar de fingir que pagamos médicos e os médicos vão parar de fingir que trabalham”. Desde então, os atritos entre a categoria e o ministro vem se intensificando e diversas entidades que representam os profissionais emitiram notas de repúdio.
De acordo com o presidente do CRM, Abdon Murad, o ministro está contribuindo para desvalorizar a categoria. “As declarações dele mostram quem realmente ele é. Ele está contribuindo para desmoralizar a nossa categoria, além de ser extremamente nocivo para a saúde pública em todo o país”, pontuou Abdon Murad.
De acordo com a Federação Nacional dos Médicos (Fenam), que participou das manifestações em todo o país, o gestor da pasta no governo de Michel Temer (PMDB) tem feito agressões recorrentes aos médicos e demais servidores da saúde.
SUS sucateado
De acordo com a Fenam, o Sistema Único de Saúde (SUS) segue sendo sucateado, o financiamento público cada vez mais insuficiente e, para fugir à responsabilidade sobre os resultados de uma gestão equivocada, Barros segue a receita de atribuir culpa do caos aos médicos.
Em São Luís, a situação não é diferente do resto do pais. As unidades de saúde da capital maranhense, em especial o Hospital Municipal Djalma Marques (Socorrão I) e o Hospital de Urgência e Emergência Doutor Clementino Moura (Socorrão II), tem sido alvo de diversas reclamações devido à falta de insumos, medicamentos e outras situações que inviabilizam a atuação dos médicos e comprometem o atendimento aos pacientes. A categoria já se reuniu com o atual secretário municipal de Saúde, Lula Fylho, que se comprometeu encontrar soluções para os problemas.
SAIBA MAIS
O Ministério da Saúde publicou no dia 12 de julho uma consulta pública de adesão de empresas e municípios para a informatização das unidades de saúde. A informatização, explicou o ministro, também servirá para a adoção de prontuários eletrônicos para os pacientes.
Ainda de acordo com o ministério, nos municípios que já implantaram a biometria nas Unidades Básicas de Saúde, o índice de médicos que pedem demissão porque não conseguem cumprir as horas previstas no contrato é de 50%.
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