Sucateado

Ambulâncias sem macas ficam inoperantes no Samu de São Luís

As macas ficam retidas nas unidades de saúde e os veículos não podem fazer o atendimento de outros pacientes sem elas; parte da frota está sucateada

Leandro Santos / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h37

[e-s001]Ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de São Luís são impedidas de prestar assistência aos pacientes porque estão ficando sem macas. Esse é apenas um dos reflexos da precariedade do sistema de saúde da capital maranhense. Além disso, muitas ambulância estão circulando com a vida útil acima do limite permitido, que é de cinco anos, oferecendo riscos, principalmente, para as pessoas que estão sendo socorridas.

As denúncias foram feitas pelo Sindicato dos Condutores de Ambulância do Estado do Maranhão (Sindconam). De acordo com a entidade, a situação das ambulâncias inoperantes pela falta de macas é um problema antigo, que se intensificou nos últimos anos na cidade.

Retenção
De acordo com Lindomar Gomes da Silva, vice-presidente do sindicato, as macas das ambulâncias do Samu ficam retidas nas unidades de saúde, servindo como leitos provisórios para os pacientes que chegam a esses locais transportados pelos veículos. Segundo ele, a situação se intensificou nos últimos anos por causa do aumento da demanda, que não foi acompanhado pelo crescimento da quantidade de leitos nas unidades de saúde, como deveria acontecer.

[e-s001]No último levantamento feito pelo sindicato, há cerca de dois meses, cerca de 70 macas do Samu estavam servindo como leitos para paciente no Hospital Municipal Djalma Marques (Socorrão I), localizado no centro da cidade. No Hospital de Urgência e Emergência Doutor Clementino Moura (Socorrão II), no bairro Santa Efigênia, a situação não é diferente, e cerca de 40 macas do Samu estão retidas nessa unidade.

A frota é toda sucateada e isso compromete o atendimento. Além disso, há uma sobrecarga das outras equipes de trabalho, limitando-o e influenciando no tempo-resposta das ocorrências. O que fica evidenciado é a falta de vontade política em resolver essa situação” Lindomar Gomes da Silva, vice-presidente do Sindconam

Sem as macas, as ambulâncias não podem se deslocar para atendimento de ocorrências. Para tentar contornar o problema, os condutores das ambulâncias fazem peregrinações nas unidades de saúde para verificar se as macas já estão desocupadas, para poderem levá-las e fazer o atendimento. Se isso não ocorrer, os veículos ficam parados.

“É uma situação crônica. Para comprovar, basta visitar os Socorrões e ver que não há leitos disponíveis. No sistema privado, a maca é devolvida imediatamente, mas no sistema público isso não acontece”, disse Lindomar Gomes.
A retenção das macas é apenas um dos problemas por que passa a frota operante do Samu da cidade, mas não o principal. Muitos desses veículos estão circulando atualmente com o tempo de uso acima do permitido, oferecendo riscos para os pacientes.

Tempo útil
De acordo com o Ministério da Saúde (MS), o tempo de uso das ambulâncias do Samu não pode passar de cinco anos. Contudo, há em operação veículos com sete e até 10 anos de utilização, sem que haja previsão para troca.

Por causa da situação, constantemente os veículos apresentam problemas mecânicos e são encaminhados para a manutenção. Na manhã de ontem, O Estado foi até a oficina que realiza o conserto desses veículos, situada no bairro São Cristóvão, e constatou que no local havia diversas ambulâncias paradas para fazer serviços corretivos como troca de peças, óleo, reparos no sistema de ar condicionado, entre outros. “As ambulâncias não param, pois rodam 24 horas por dia. Não compensa fazer a manutenção desses veículos”, disse Lindomar Gomes.

Hoje, a capital maranhense dispõe de 15 ambulâncias do Samu. Na manhã de ontem, apenas nove (sendo sete unidades básicas e duas avançadas) estavam em atividade, pois o restante estava inoperante por problemas mecânicos ou falta de macas.

[e-s001]Como consequência, o atendimento à população fica comprometido. As vítimas de acidentes de trânsito, por exemplo, as que mais demandam o auxílio do Samu, têm de esperar mais tempo até a chegada da ambulância para o socorro.
“A frota é toda sucateada e isso compromete o atendimento. Além disso, há uma sobrecarga das outras equipes de trabalho, limitando o trabalho e influenciando no tempo-resposta das ocorrências. O que fica evidenciado é a falta de vontade política em resolver essa situação”, desabafou o vice-presidente do Sindconam.

A Prefeitura de São Luís foi procurada por O Estado para se posicionar a respeito das denúncias e, em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (Semus) informou que todas as ambulâncias do Samu têm maca, que ao longo do atendimento são retidas e, posteriormente resgatadas à medida que o paciente recebe alta, e que o Samu possui uma equipe exclusiva para fazer o resgate de maca. Em relação à frota do Samu, a Semus informou que a renovação de ambulâncias é de responsabilidade do Ministério da Saúde, mas ressaltou que já providenciou 10 novas ambulância, que já estão em processo licitatório. A Semus comunicou ainda que a manutenção da frota existente é feita regularmente, e que não há riscos à população usuária do serviço ou aos trabalhadores do Samu.

SAIBA MAIS

O objetivo do Samu 192, que funciona 24 horas, é socorrer rapidamente pacientes com necessidade de serem levados a unidades que prestam serviços de urgência ou emergência, como hospitais e Unidades de Pronto Atendimento (UPA), para atendimentos clínicos, cirúrgicos, obstétricos, entre outros, evitando sofrimento, sequelas ou mesmo a morte.
O acionamento do Samu se dá pela ligação gratuita à Central de Regulação de Urgências, pelo número 192. A partir do atendimento, as equipes formadas por médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e condutores socorristas são destacados para prestar o atendimento, que pode ocorrer tanto em residências quanto em locais de trabalho e vias públicas. Também está entre as prerrogativas do Samu 192 o atendimento telefônico de pessoas para orientações pontuais de saúde.
Atualmente, o Samu atende 76,9% da população brasileira, atuando em 3.052 municípios. Em todo o país, o Ministério da Saúde já habilitou 3.108 unidades móveis, sendo 2.525 Unidades de Suporte Básico e 583 de Suporte Avançado. Além disso, o Brasil conta com 226 motolâncias, 13 equipes de embarcação e 7 aeromédicas. Os recursos repassados pelo ministério para custeio do serviço tiveram aumento significativo entre 2011 e 2015, passando de R$ 432,5 milhões para
R$ 1,01 bilhão.

NÚMEROS
15
é a quantidade ambulâncias do Samu disponíveis para atender São Luís
5 anos é a vida útil de uma ambulância

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