Tudo pronto para o encontro de grupos de bumba meu boi no largo da Capela de São Pedro, no bairro Madre Deus, em São Luís, tradição que se mantém há aproximadamente 60 anos, segundo a comunidade. As celebrações começam ainda na noite do dia 28, quando grupos de bumba meu boi e uma multidão de brincantes se reúnem na capela em homenagem ao santo. Na manhã do dia 29, será realizada a procissão marítima e, à tarde, a terrestre. O esquema de segurança para o evento já está definido pela Polícia Militar e Capitania dos Portos.

Com o tema “Sob a proteção de São Pedro vivenciamos o ano Mariano. 300 anos”, desde o dia 20 deste mês a capela dedicada ao santo, no bairro Madre Deus, lota de fiéis rendendo homenagens ao padroeiro, mas é na virada da noite do dia 28 para o dia 29 (data dedicada a São Pedro) que acontece o ponto máximo do festejo. Durante a noite e toda a madrugada, dezenas de grupos de bumba meu boi saem de suas apresentações nos arraiais da cidade e seguem para frente da capela, onde pedem bênçãos e proteção ao santo.

Os primeiros grupos começam a chegar por volta das 20h do dia 28 e até o meio-dia do dia 29 cerca de 100 grupos, sobretudo do sotaque de matraca, passam pelo local, rendendo homenagens ao santo. A festa é tradicional e reúne também milhares de amantes das festas juninas no largo e entorno da capela.

Programação religiosa
Mas antes da passagem e apresentação dos grupos de bumba meu boi na Capela de São Pedro, a comunidade católica da Madre Deus cumprirá uma programação religiosa que serve como preparação para a festa durante a madrugada. As celebrações religiosas seguem durante todo o dia 29, quando acontecem as duas procissões, outra tradição do festejo.

A partir das 8h, dezenas de embarcações devem se concentrar na Rampa Campos Melo, Praia Grande, de onde seguem em procissão marítima. Partindo do Cais da Praia Grande, os pescadores seguirão em seus barcos pelo Porto do Genipapeiro, Ponta d’Areia, Barragem do Bacanga, voltando para a rampa Campos Melo, em um percurso de quase 2 horas. A procissão marítima acontece anualmente porque São Pedro é considerado o padroeiro dos pescadores.

À tarde, a partir das 17h, acontece a procissão terrestre, que sairá da capela e seguirá pelas ruas de São Pantaleão, entrada da Casa das Minas, do Passeio, Largo do Cemitério do Gavião, Avenida Ribamar Pinheiro, Avenida Rui Barbosa, Múcio Teixeira, retornando ao Largo de São Pedro. Após a chegada da procissão, será celebrada missa campal.

Segurança
A Polícia Militar (PM), em parceria com vários órgãos, garantirá a segurança de devotos e brincantes de bumba meu boi durante as homenagens a São Pedro. O Comando de Policiamento Metropolitano de Área I da Polícia Militar (CPAM-I/PM) informou que está escalado para a cobertura do período junino praticamente todo o contingente da Polícia Militar, com apoio de equipes das demais corporações da Segurança. No dia do encontro de grupos de bumba meu boi, o policiamento será reforçado no Largo de São Pedro e nas ruas próximas, na Madre Deus.

O mapeamento do plano de segurança para o período junino prioriza as áreas de entrada e saídas dos arraiais; estacionamentos; paradas de coletivos próximas aos festejos; e locais de grande fluxo de pessoas nos festejos. O trabalho policial contempla ainda ações educativas e de orientação ao público, com trabalho direcionado para os turistas.

Estão destacados para o trabalho de policiamento ostensivo durante o festejo equipes da Polícia Militar do CPAM I, II e III; cavalaria; policiamento a pé, em motocicletas e viaturas; Companhia de Polícia Militar Rodoviária Independente (CPRV Ind); Companhia de Policiamento Turístico (CPTur); Centro Tático Aéreo (CTA); Batalhão de Choque; Ronda Ostensiva Tático Móvel (Rotam) e Corpo de Bombeiros. A ação conta ainda com apoio da Polícia Civil; das secretarias municipais de Trânsito e Transportes (SMTT), de Urbanismo e Habitação (Semurh), Segurança com Cidadania (Semusc) com a Guarda Municipal, da Cultura (Secult) e de Saúde (Semus); além de equipes do Departamento Estadual de Trânsito do Maranhão (Detran); e entidades comunitárias e dirigentes de grupos folclóricos.

Segurança marítima
A Capitania dos Portos do Maranhão estará presente, no dia 29, nas procissões em homenagem a São Pedro nos municípios de São Luís, São José de Ribamar e outras localidades. Os horários variam em cada lugar, de acordo com a maré local. Para tal, atuará com efetivo de 54 militares, 4 embarcações e 5 viaturas, de forma a realizar a apoiar na realização dos eventos e realizar a fiscalização das embarcações envolvidas, nos aspectos da Lei de segurança do Tráfego Aquaviário (Lei nº 9537/1997).

Os oficiais da Capitania dos Portos fiscalizarão o embarque dos devotos em todas as embarcações que participarão do cortejo para evitar o excesso de passageiros, bem como o uso de barcos em péssimo estado de conservação ou irregulares, que ofereçam riscos aos devotos. Eles também verificarão o uso de coletes salva-vidas, a proibição de bebidas alcoólicas dentro das embarcações, além da proibição do uso de fogos de artifício.

As embarcações que por ventura apresentem irregularidades estão sujeitas as sanções previstas na referida Lei, que vão desde uma advertência verbal até a retenção/apreensão das mesmas.

SAIBA MAIS

Segundo a comunidade da Madre Deus, o festejo na Capela de São Pedro, na Madre Deus, teve início há cerca de 60 anos, entre as décadas de 1940 e 1950. O festejo teria se originado no Desterro, em 1939, indo para a Madre Deus em 1940, onde havia mais pescadores, cujo padroeiro é o santo. Na época, a capela era de taipa e coberta com palha. Apenas em 1949 foi erguida a de alvenaria, com o apoio do político e industrial Cesar Aboud, dono da Fábrica Santa Isabel, de tecelagem. Em 1945, o comunitário João Fonseca criou a comissão organizadora. Assim, a festa ganhou leilão de prendas, procissões terrestre e marítima, além da louvação de bumba-bois. Naquela época, só os bois de zabumba, como os de Mizico, Medonho e Lorentino, parabenizavam São Pedro. Depois, os de matraca passaram a participar do encontro, que atualmente reúne grupos de todos os sotaques. Em 1949, houve a inauguração do templo, com apoio da Colônia de Pescadores Z-1, da Madre Deus. A capela foi reformada por mais três vezes, duas delas pela Prefeitura de São Luís, em 1973 e 1995. A arquitetura atual data de 1997 e foi feita pelo Governo do Estado, na primeira gestão da governadora Roseana Sarney.

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