Michel Temer

Michel Temer protocola queixa-crime contra Joesley Batista

Presidente se disse atacado pelo “bandido notório”, dono da empresa JBS, em entrevista à revista Época, publicada no último final de semana

Atualizada em 11/10/2022 às 12h38
Joesley Batista chamou Temer de chefe de quadrilha, que retrucou com um "bandido notório"
Joesley Batista chamou Temer de chefe de quadrilha, que retrucou com um "bandido notório" (Michel Temer)

BRASÍLIA - A defesa do presidente Michel Temer protocolou ontem uma queixa-crime por calúnia, difamação e injúria contra o dono do grupo JBS e delator da Lava Jato, Joesley Batista. A ação, que será analisada pelo juiz Marcus Vinícius Reis Bastos, da 12ª Vara Federal de Justiça do Distrito Federal, foi apresentada após o empresário acusar Temer, em entrevista à revista Época deste fim de semana, de ser o chefe da "maior e mais perigosa organização criminosa do Brasil".

No domingo, 18, Temer já havia reagido à entrevista e anunciado que iria à Justiça contra o que chamou de "mentiras". Temer ainda chamou Joesley de "bandido notório".

O empresário ainda afirma, na entrevista à Época, que o presidente não fazia "cerimônia" ao pedir dinheiro para o PMDB. Ele descreve uma relação de intimidade com o presidente.

Segundo a defesa de Temer, a entrevista foi "desrespeitosa e leviana", além de ofensiva à pessoa do presidente. Para os advogados, as declarações de Joesley levam a sociedade a questionar a honradez de Temer.

"Na verdade, todos sabem o real objetivo do querelado [Joesley] em mentir e acusar o querelante [Temer], atual presidente da República: obter perdão dos inúmeros crimes que cometeu, por meio de um generoso acordo de delação premiada que o mantenha livre de qualquer acusação, vivendo fora do país com um substancial (e suspeito) patrimônio.", diz trecho da petição.

Quadrilha

Joesley Batista, um dos donos da JBS, disse em entrevista à revista Época que Michel Temer é o "chefe" da "maior e mais perigosa organização criminosa desse país", estabelecida na Câmara dos Deputados. O empresário afirma que, junto com outros políticos do PMDB, como Eduardo Cunha, Henrique Eduardo Alves e Geddel Vieira Lima, Temer montou um esquema para receber propina em troca de apoio no Congresso e em órgãos do governo.

"O Temer é o chefe da Orcrim da Câmara", diz Joesley. "Quem não está preso está hoje no Planalto. Essa turma é muita perigosa. Não pode brigar com eles. Nunca tive coragem de brigar com eles. Por outro lado, se você baixar a guarda, eles não têm limites."

O executivo destacou que o núcleo político comandado por Michel Temer foi o grupo "de mais difícil convívio" que ele já teve na vida. "Daquele sujeito que nunca tive coragem de romper, mas também morria de medo de me abraçar com ele."

Joesley ressalta que Geddel seria o principal interlocutor entre o empresário e Temer. "De 15 em 15 dias era uma agonia terrível. Sempre querendo saber se estava tudo certo, se ia ter delação, se eu estava cuidando dos dois. O presidente estava preocupado. Quem estava incumbido de manter Eduardo [Cunha] e Lúcio [Funaro, apontado como operador do ex-presidente da Câmara] calmos era eu."

Mais

O portal da revista Época publicou online apenas alguns trechos da entrevista, que também fala, entre outras coisas, sobre a forma como o PSDB de Aécio Neves entrou em leilões para comprar partidos nas eleições de 2014.

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