O corte mensal de R$ 2 milhões no setor da Saúde de São Luís e a demissão de profissionais especializados e que atuam em hospitais de urgência, postos de saúde e unidades mistas, são medidas adotadas pelo prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT) que vão de encontro ao que ele prometeu na campanha eleitoral de 2016.
O programa de governo do pedetista, registrado na Justiça Eleitoral e disponível para consulta pública no site do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Maranhão, é sustentado com propostas centrais de investimentos no setor e valorização do servidor público.
O documento, de 13 páginas e subdivido em temas centrais da administração pública, aponta para a ampliação dos programas de saúde, melhoria no atendimento, descentralização de ações e aperfeiçoamento no setor.
Pouco mais de sete meses depois da eleição, contudo, o prefeito determinou os cortes mensais de R$ 2 milhões, o que segundo o Conselho Regional de Medicina do Maranhão (CRM), pode ocasionar um colapso na saúde de São Luís.
A denúncia sobre os cortes foi feita pela Associação dos Médicos dos Socorrões (Amess). A entidade apontou para a redução na capacidade de investimentos, o que dificultará, por exemplo, o pagamento a fornecedores de materiais e o repasse de salários dos funcionários; a demissão de profissionais da Saúde – o que já começou a ser efetivado em algumas unidades, a exemplo do Posto de Saúde Amar, no Vicente Fialho -; redução no quadro de médicos nas unidades hospitalares de urgência e emergência de São Luís, sobretudo nos plantões noturnos; alteração na escala de troca de plantão dos profissionais, de 24 horas para 12 horas, o que provoca a incompatibilidade de horários para profissionais que se dividem em dois empregos, para o complemento da renda mensal; além da precarização no atendimento.
Colapso – No início da semana o presidente do CRM, Abdon Murad, apontou como crítica a situação da saúde, após a decisão da administração municipal. Ele falou que os profissionais ficaram sobrecarregados por causa do aumento da demanda e falta de investimentos no setor e lembrou que os dois hospitais de urgência e emergência do município, o Djalma Marques (Socorrão I) e o Doutor Clementino Moura (Socorrão II), já não suportam mais a demanda de pacientes.
“A Prefeitura de São Luís quer economizar dinheiro às custas da saúde e isso é um verdadeiro absurdo. Isso é prejudicial para a rede municipal de saúde, para a população e para os médicos”, enfatizou.
A secretária municipal de Saúde, Helena Duailibe, por outro lado, tentou minimizar os cortes. A O Estado, ela afirmou, na última terça-feira, que a única mudança na rede municipal com a redução no orçamento, se dará em relação aos plantões das unidades mistas e de pronto atendimento. “Todos os outros serviços continuarão sendo prestados normalmente”, disse.
Raio-X da Saúde
Promessas no Programa de Governo
- Ampliação dos programas do MS
- Aperfeiçoamento na marcação de consultas
- Apoio permanente à missão do Samu
- Implantação de novas unidades preventivas
- Humanização no atendimento
- Promoção da qualidade nos serviços de saúde
Decisões após a reeleição e seus impactos
- Corte mensal de R$ 2 milhões no orçamento do setor
- Redução de plantonistas noturnos em postos de saúde
- Alteração na escala de plantões de 24h para 12h
- Redução na capacidade de atendimento nas unidades
- Demissão de servidores de postos de saúde
- Atraso nos salários dos servidores
Deputado cobra parceria do Governo com o Prefeitura
O deputado estadual Eduardo Braide (PTN) cobrou do Governo do Estado parceria com a Prefeitura de São Luís na área da Saúde. Ele apresentou requerimento solicitando urgência no repasse de recursos estaduais, já que o município cortou R$ 2 milhões do orçamento mensal da pasta a partir do dia 1° de junho.
“O governador Flávio Dino poderia gastar um pouco menos em propaganda e ajudar o prefeito de São Luís a resolver o problema da Saúde. Quem gasta milhões em publicidade, pode muito bem destinar todo mês R$ 2 milhões para que a população da capital não padeça nos Socorrões, Unidades Mistas e Postos Básicos de Saúde. Está na hora de vermos funcionar a parceria do governador Flávio Dino e o prefeito Edivaldo Holanda Júnior”, disse.
Braide também afirmou que é preciso evitar que a Saúde de São Luís entre em colapso.
“O CRM e a Associação dos Médicos dos Socorrões já alertaram que com o corte, os atendimentos nas unidades de São Luís vão ficar ainda mais precários. É exatamente isso que o Governo do Estado precisa evitar. Não é justo que pacientes, por exemplo, sejam obrigados a comprar luvas, algodão, esparadrapo, soro fisiológico e até seringas para serem atendidos”, finalizou.
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