"Somos pessoas diferentes", diz subprocurador sobre o irmão, Flávio Dino
Nicolao Dino é irmão do governador do Maranhão, Flávio Dino, que foi citado em delação de ex-funcionário da Odebrecht como beneficiado com R$ 200 mil para a campanha de 2010
O subprocurador-geral da República, Nicolao Dino, irmão do governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), comentou pela primeira vez a citação do nome do comunista em delação do ex-executivo da Odebrecht, José de Carvalho Filho, como beneficiado com R$ 200 mil para a campanha eleitoral de 2010 em troca de favorecer a empresa em projeto de lei de interesse da empreiteira.
Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, Nicolao Dino, que é candidato a substituir Rodrigo Janot em setembro deste ano, disse que ele e o irmão são diferentes e, por isso, não vê como “misturar as estações”.
“Os valores que eu defendo me acompanham desde que eu ingressei na vida pública como procurador da República. Por outro lado, nesta mesma toada, somos pessoas diferentes e com identidades diferentes. Tenho dito que nado não apenas em raias diferentes, mas em piscinas diferentes. Minha vida pública como procurador da República em nada interfere na vida dele como político e vice-versa. Não vejo como misturar essas estações”, disse.
O subprocurador-geral voltou a classificar a prática do caixa 2 como antessala da corrupção. Segundo ele, o caixa 2 favorecer o abuso de poder político e econômico.
“A corrupção e o caixa dois são zonas muito fronteiriças. O caixa dois é a antessala da corrupção. Não há como relativizar a irregularidade do caixa dois porque pode ser fruto de tráfico, de contrabando ou de dinheiro encaminhado ao exterior de forma irregular, sem ter sido submetido à Receita. O simples fato de não ter a possibilidade de auditar [o dinheiro] já é em si algo perigoso. A obscuridade abre espaço muito fértil à prática de ilicitudes”, afirmou Dino.
Por meio de nota, o subprocurador nega que tenha censurado Flávio Dino durante a entrevista concedida à Folha de São Paulo.
Leia a nota na íntegra:
A propósito da repercussão da entrevista por mim concedida ao Jornal
Folha de São Paulo, edição de 25 de abril, sob o título “Caixa dois em eleição é
antessala da corrupção”, venho a público dizer o seguinte:
Considero lamentável a manipulação feita por alguns veículos de
comunicação, acerca do conteúdo da parte final da entrevista, tentando atribuir a
mim um suposto juízo de censura a Flávio Dino, Governador do Maranhão. Não
o fiz. Conheço, como irmão, sua postura ética e seus bons valores morais. Tratei,
como Procurador da República, da questão do caixa dois de forma genérica, sem
particularizar o debate sobre esse tema.
Ao ser indagado pela jornalista da FSP se o fato de o Governador Flávio
Dino ser “alvo de suspeitas na Lava Jato” atrapalharia minha candidatura a PGR,
busquei, em minha resposta, apenas enfatizar que, sendo “pessoas diferentes”,
nossas trajetórias profissionais são independentes e não interferem entre
si. Tudo o mais que se tentou extrair de minha fala se insere no terreno
da inadmissível especulação e da maledicência.
Por expresso impedimento legal, não posso fazer qualquer juízo de valor
(muito menos prévio) sobre pessoas de minha relação familiar eventualmente
submetidas a investigações. Além disso, sempre entendi que, na condição de
Procurador, não se pode antecipar juízos de valor sobre fatos sob investigação,
atribuíveis a quem quer que seja.
Dizer que temos identidades e vidas públicas diferentes não implica
comparação de valores morais de um e de outro, nem autoriza a conclusão de
que eu estaria fazendo julgamentos sobre Flávio Dino.
Lamento profundamente, portanto, que tenha havido manipulação
e exploração negativa do conteúdo de minha fala, numa
indevida tentativa de afetar a imagem do irmão ou do Governador Flávio Dino.
Brasília, 26 de abril de 2017
NICOLAO DINO
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