Pescado camarada

Esposa de Levi Pontes comanda distribuição de peixe em Chapadinha

Isalena Aguiar, esposa do parlamentar, é a titular da Secretaria Municipal de Assistência Social, nomeada pelo prefeito Magno Bacelar

OEstadoMA

Atualizada em 11/10/2022 às 12h39
Comunista será investigado no Conselho de Ética
Comunista será investigado no Conselho de Ética (Deputado Levi Pontes)

A distribuição de 40 toneladas de peixe pela Prefeitura de Chapadinha, durante Semana Santa, é uma ação coordenada pela Secretaria Municipal de Assistência Social da gestão Magno Bacelar (PV).

A pasta é comandada por Isalena Maria Alves de Carvalho de Aguiar, esposa do deputado estadual Levi Pontes (PCdoB), que foi flagrado nesta semana mandando áudio a um correligionário instruindo-o sobre a distribuição de cotas do pescado a vereadores aliados e a lideranças até de outros municípios, numa estratégia para fortalecer seu nome rumo à reeleição para a Assembleia Legislativa, em 2018.

“Por favor, veja a sua, dos vereadores todos nossos que tão insatisfeitos… da necessidade de uma cota pra mim bem antes que na hora que o peixe chegar em Chapadinha, para os nossos municípios tipo Santa Quitéria, São Benedito. Aí tu vê, São Benedito foi porque me pediu e eu fiquei de mandar deixar no meu carro…Ele [prefeito de Chapadinha] tem compromisso de me eleger. Não é só votar em Chapadinha”, diz o comunista no áudio vazado.

O peixe adquirido pela Prefeitura de Chapadinha por quase R$ 260 mil chegou ontem à cidade, e começou a ser separado com a supervisão do próprio prefeito, após as denúncias de que o deputado estaria usando o programa em benefício próprio.

A nomeação da esposa de Pontes na pasta que comanda a ação social da Semana Santa, no entanto, revela a proximidade entre Bacelar e o comunista e reforça as suspeitas de que a distribuição do pescado poderia estar sendo usada em benefício do parlamentar.

Ética – Levi Pontes deve começar a ser investigado pelo Conselho de Ética da Assembleia Legislativa após o feriado. Denúncia contra ele foi protocolada na Mesa Diretora, na segunda-feira, 10, pela deputada estadual Andrea Murad (PMDB).

O comando da Casa deve decidir pelo recebimento da representação e posterior encaminhamento ao colegiado, onde a presidente, deputada Francisca Primo (PT), definirá um relator

Ao se pronunciar sobre o caso, também na segunda-feira, Levi Pontes entrou em contradição várias vezes.

Inicialmente afirmou em nota que o peixe era comprado com dinheiro do próprio prefeito Magno Bacelar, sem envolvimento de recursos públicos. “O prefeito Magno Bacelar patrocina com recursos próprios, há 16 anos”, disse.

Depois apresentou nova versão em discurso na Assembleia, incluindo-se como financiador da ação. “Não existe, de maneira alguma, desvio de recurso público. Doutor Magno, prefeito de Chapadinha, e eu, há anos distribuímos, com recursos próprios, peixes, cestas básicas e atendemos aquela população carente”, declarou.

Mais tarde, em entrevista à TV Mirante, mudou novamente o discurso. “Eu tentei com que ele [Magno Bacelar] distribuísse o peixe para todo mundo, inclusive para quem faz política todo dia de frente com o vereador, de frente com o povo, que vê a dor e o sofrimento de todo mundo. Eu falei de uma maneira geral, que satisfizesse a todos, não particularmente a vereador A, B e C. Mas o vereador é aquele que está junto com a sua comunidade, que sabe quem são os pobres, que indica onde distribuir o peixe. Se foi feita licitação e foi aprovada, é porque existe recurso no orçamento para isso”, afirmou.

As duas versões do parlamentar, contudo, caíram por terra quando confrontadas com uma declaração prefeito Magno Bacelar. Ele admitiu que a Prefeitura efetivamente comprou os peixes, mas desmentiu a existência de “cotas” para políticos.

“Aqui não há cota para político. O que será distribuído é com dinheiro da Prefeitura de Chapadinha, para Chapadinha”, garantiu.

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