Sem saneamento

Poluição dos rios é lembrada no Dia Mundial da Água

Maioria dos rios que cortam a Ilha já se transformaram em valas de esgoto, outros estão quase desaparecidos sob o lixo; faltam consciência ambiental da população e políticas ambientais

Atualizada em 11/10/2022 às 12h40
Um dos trechos poluídos do  Rio Anil.
Um dos trechos poluídos do Rio Anil. (Rio Anil)

SÃO LUÍS - De um pequeno viaduto sobre um curso d’água na Avenida Casemiro Júnior, no Anil, é possível ver a torre do prédio onde funcionou a Companhia de Fiação e Tecidos do Rio Anil, instalada estrategicamente às margens do rio que dá nome ao bairro e cujo leito límpido e farto servia para o transporte dos operários em uma época em que o transporte coletivo em São Luís ainda dava seus primeiros passos. Mas deste passado de rio límpido restam apenas histórias e lembranças. O rio do presente é o do curso d’água sob o viaduto, que hoje se assemelha mais a uma vala de esgoto a céu aberto. Hoje, Dia Mundial da Água, O Estado chama atenção para a poluição dos rios da Ilha de São Luís.

Hoje, em diversos pontos do rio pelo bairro, o que se vê são valas de esgoto a céu aberto. O Anil perece por causa da falta de consciência ambiental da população e de políticas públicas ambientais que garantam a sua preservação. O esgoto lançado sem tratamento e o lixo descartado em seu leito são as principais causas da poluição. “Quem é mais jovem nem sabe que aqui é um rio. Tem gente que pensa que é só uma vala mesmo. A gente que é mais velho é que conta que essa área aqui era banhada pelo rio quase toda”, conta José de Ribamar Frazão, morador da Rua da Companhia, onde outro viaduto passa sobre o que já foi o curso do Rio Anil e hoje é uma vala de esgoto a céu aberto.

Uso da água
Mas nem sempre foi assim. As águas serviam para o uso doméstico. Do banho ao preparo dos alimentos e até para beber, o rio tinha uma importância vital para quem vivia na área, sobretudo as famílias mais pobres, que dependiam dos roçados feitos às suas margens. Nos fins do século XIX, o rio foi vital para garantir o desenvolvimento urbano e industrial do Anil, pois a antiga Companhia de Fiação e Tecidos do Rio Anil foi instalada às suas margens.

Esta fábrica construiu além dos edifícios fabris, muitas casas para seus funcionários e operários, além de uma ponte sobre o riacho que passava ao lado dela. Muitos dos operários seguiam de canoa pelo Rio Anil até a fábrica, pois àquela época o transporte aquaviário ainda muito utilizado.

Importância histórica
O Rio Anil é um dos mais importantes da capital. É no estuário formado em conjunto com o Rio Bacanga que fica a Baía de São Marcos. Hoje, com mais de 350 mil habitantes, segundo dados do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 2010, a Bacia do Anil passa por processos de alterações de suas paisagens naturais há mais de 200 anos, pois foi o palco preferencial das ocupações humanas na Ilha desde o início do século XIX.

Desde os últimos 40 anos, possui a menor quantidade de áreas verdes dentre as bacias de São Luís, além de passar por intensos processos erosivos em suas margens e pontos mais elevados, resultados da ausência de cobertura vegetal, colaborando com o assoreamento do canal do rio, bem como de seus afluentes.

Rio Paciência
Se o Rio Anil se destaca por ter sido em suas margens que a cidade nasceu, o Paciência tem importância por ser a maior bacia hidrográfica da Ilha. Ela drena áreas entre três dos quatro municípios da região metropolitana – São Luís, São José de Ribamar e Paço do Lumiar. O processo de degradação ambiental na bacia do Rio Paciência começou com sua ocupação, em meados dos anos 1980, seguindo-se a construção de grandes conjuntos habitacionais e numerosas invasões. Hoje o rio é um depósito de esgoto e lixo dos bairros da sua área de influência.

Em um viaduto sobre o rio na MA-201 (Estrada de Ribamar), próximo ao bairro Maiobinha, é possível ver o assoreamento de suas margens. Na outra margem, o terreno na área do rio está cercado para a execução de obras as quais não se sabe se serão pública ou privada. Nos bairros Pirapora e Jardim São Cristóvão II, o que ainda restou do rio não difere muito da atual situação do Anil. “É uma vala de esgoto e não um rio o que a gente tem aqui”, afirma Marilene Gouveia, moradora da Rua do IBDF, no Jardim São Cristóvão II, onde passa o que antes era o leito do rio.

SAIBAMAIS

Rede hidrográfica

A Ilha de São Luís apresenta um potencial hidrográfico muito grande, bem como um grande desafio para o planejamento e gestão dos recursos naturais. As principais bacias hidrográficas da Ilha são: Anil, Bacanga, Tibiri, Paciência, Cachorros, Estiva, Guarapiranga, Inhaúma, Itaqui, Geniparana, Santo Antônio e as microbacias da região litorânea. Sendo que os rios Anil, com 12,63 quilômetros de extensão, e Bacanga, com 233,84 quilômetros, drenam para a Baía São Marcos, tendo em seus estuários áreas cobertas de mangues. Ao todo, a Ilha de São Luís têm 12 mil hectares de manguezais.

Principais bacias hidrográficas da Ilha de São Luís

Bacia Hidrográfica Comprimento (km) Área (km²)
Anil 12,63 40,94
Bacanga 233,84 105,9
Tibiri 16,04 140,04
Paciência 27,48 153,12
Inhaúma 5,45 27,52
Santo Antonio 3,75 100,46
Estiva 25,88 41,65
Jeniparana 7,09 81,18
Cachorros 15,03 65,00
Guarapiranga 10,71 16,48
Itaqui 4,56 40,94

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