Lava Jato

Procurador vê articulação política contra a Lava Jato

Responsável pelos acordos de delações, representante do Ministério Público diz que não vê essa tentativa no governo Temer

Atualizada em 11/10/2022 às 12h41
"Mas não temos dúvida que há um interesse da classe política de lentamente desconstruir a operação, isso sabemos", pondera o procurador.
"Mas não temos dúvida que há um interesse da classe política de lentamente desconstruir a operação, isso sabemos", pondera o procurador. (Procurador)

BRASÍLIA - O procurador Regional da República Carlos Fernando dos Santos Lima, um dos principais negociadores das delações premiadas e leniências da Lava Jato, frisou em entrevista ao Estadão que a "corrupção está em todo sistema político brasileiro, seja partido A, partido B, seja partido C", Ele critica o que chama de "manipulação ideológica" das investigações, que seria a tentativa de apontar uma perseguição política contra um grupo ou outro.

Questionado se o governo atual manobra para frear a Lava Jato, Santos Lima diz que "nesse governo, ainda não percebemos isso claramente". Recentemente, Moreira Franco foi nomeado para a Secretaria-Geral e ganhou foro privilegiado. Apelidado de Angorá na planilha da Odebrecht, ele foi citado mais de 30 vezes na delação de Cláudio Melo Filho, ex-diretor de relações institucionais da empreiteira. Outros ministros também estariam na mira dos investigadores da Lava Jato, como Eliseu Padilha e José Serra.

"Mas não temos dúvida que há um interesse da classe política de lentamente desconstruir a operação, isso sabemos", pondera o procurador.

Sobre a nomeação do ministro Alexandre de Moraes, o procurador da Lava Jato fala sobre ele como um "jurista capaz", e destaca que ele fez uma visita à força-tarefa logo no início de sua gestão no Ministério da Justiça. "E durante o período no Ministério da Justiça não vi nenhum efetivo problema de intervenção na Lava Jato. Então tenho por ele o maior respeito", comentou Santos Lima.

O procurador acredita, contudo, que há risco prescrição e impunidade ao final das investigações. "O doutor Edison Fachin (que assumiu a relatoria da Lava Jato, no STF) é uma pessoa extremamente bem conceituada. Então não temos problema", disse. "O que acho que vai acontecer, e espero que não aconteça, é que vai haver uma sensação de frustração."

Mais

Em acordo de delação premiada, o empresário Alexandre Margotto afirmou que o empresário Eike Batista pagou propina ao corretor Lúcio Funaro e ao ex-deputado Eduardo Cunha para que o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) investisse, em 2012, R$ 750 milhões na empresa LLX Açú Operações Portuárias S.A. A empresa foi criada em março de 2007, fez parte do grupo EBX e, atualmente, é controlada pelo Grupo EIG, que adquiriu aproximadamente 53% do capital social da LLX Logística S.A e mudou o nome para Prumo Logística S.A. Margotto é apontado como braço-direito de Funaro. as informações são do Estado de S. Paulo.

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