Estados Unidos

Secretário dos EUA diz não ver colaboração militar com a Rússia

James Mattis participou ontem de conversas na sede da Otan, em Bruxelas; na Alemanha, secretário de Estado diz que EUA estão prontos para trabalhar com a Rússia em áreas de cooperação comum, mas alerta para is compromissos em relação à Ucrânia

Atualizada em 11/10/2022 às 12h41
James Mattis falou durante coletiva de imprensa ontem na sede da Otan em Bruxelas
James Mattis falou durante coletiva de imprensa ontem na sede da Otan em Bruxelas ( James Mattis falou durante coletiva de imprensa ontem na sede da Otan em Bruxelas)

BRUXELAS - O secretário da Defesa dos Estados Unidos, James Mattis, disse ontem não ver possibilidade de colaboração militar com a Rússia, em um golpe às esperanças russas de retomar os laços com os EUA após a eleição de Donald Trump.

Mattis participou de conversas na sede da Otan, em Bruxelas. Os comentários são talvez a indicação mais forte do governo Trump até agora de que as perspectivas para uma cooperação significativa entre militares norte-americanos e russos contra o Estado Islâmico na Síria é improvável no curto prazo.

Já o secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, se reuniu nesta quinta pela primeira vez com seu homólogo russo, Sergei Lavrov, durante a reunião do G20 na Alemanha. Ao sair da reunião, Tillerson disse que seu país está pronto para trabalhar com a Rússia se encontrar áreas de cooperação em comum, mas alertou que Moscou tem que cumprir os compromissos assumidos em relação à Ucrânia.

Durante a sua campanha eleitoral, Trump repetidas vezes sugeriu a possibilidade de uma ação conjunta contra militantes do Estado islâmico.

"Não estamos em uma posição no momento para colaborar na área militar. Mas nossos líderes políticos irão se empenhar e tentar encontrar um senso comum", disse James Mattis a repórteres após conversas na sede da Otan, em Bruxelas, mencionando também preocupações dos EUA com a interferência russa em eleições democráticas.

Perguntado se acredita na interferência da Rússia nas eleições presidenciais norte-americanas, Mattis disse: "No momento, eu só digo que há muito pouca dúvida de que ou eles interferiram ou tentaram interferir em um número de eleições nas democracias". Ele não citou explicitamente as eleições norte-americanas.

Disposição da Rússia

Os comentários de Mattis ocorrem pouco depois de o ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, expressar disposição para retomar a cooperação com o Pentágono e no mesmo dia em que o presidente russo, Vladimir Putin, disse ser do interesse dos dois países restaurar comunicações entre agências da inteligência.

"É do interesse de todos retomar diálogos entre as agências da inteligência dos Estados Unidos e outros membros da Otan", disse Putin, falando ao Serviço de Segurança Federal da Rússia".

"É absolutamente claro que nesta área de antiterrorismo todos os governos e grupos internacionais relevantes devem trabalhar juntos".

Mattis disse durante sessão a portas fechadas da Otan na quarta-feira que a aliança precisa ser realista sobre as chances de retomar uma relação cooperativa com Moscou e garantir que seus diplomatas possam "negociar em posição de força", enquanto pediu por um aumento dos gastos militares.

Os comentários geraram resposta do ministro russo Sergei Shoigu. "Tentativas de construir um diálogo com a Rússia a partir de uma posição de força serão fúteis", disse Shoigu segundo a agência de notícias Tass.

Mattis respondeu: "Não tenho necessidade alguma de responder ao comunicado russo. A Otan sempre apoiou a força militar e a proteção das democracias e as liberdades que queremos passar para nossas crianças".

Crise na Ucrânia

Na Alemanha, o secretário de Estado Rex Tillerson se limitou a fazer comentátios sobre a Ucrânia. Tillerson disse que Washington está pronto para trabalhar com Moscou, mas irá defender seus interesses em áreas em que existem diferenças. "Quando não estivermos de acordo, os Estados Unidos irão defender os interesses e os valores da América e de seus aliados".

"À medida que procuramos um novo terreno em comum, esperamos que a Rússia honre seu compromisso com os acordos de Minsk e trabalhe para amenizar a violência na Ucrânia", afirmou aos repórteres depois de se reunir com seu homólogo russo, Sergei Lavrov.

Tillerson disse ter tido um encontro produtivo com Lavrov e que os dois debateram uma série de temas que causam preocupação mútua. Ele não deu mais detalhes nem respondeu perguntas.

Suas colocações sobre a crise ucraniana vieram a público dois dias antes de uma reunião de ministros de Alemanha, França, Rússia e Ucrânia que deve ocorrer às margens da Conferência de Segurança de Munique.

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